Asura's Wrath, ou "Awesome: the Game".

Bem, esse fim de semana eu comecei ( e terminei) a jogar uma das coisas mais absurdas a serem lançadas em toda a história dos videogames: ASURA'S WRATH. Embora no meu ver seja errado chamar Asura's Wrath de jogo. O mais correto seria chamar de "anime interativo". Tanto em estilo, narrativa, visual... até nos DLCs, que estão mais para OVAs do que "extras".

Asura's Wrath (ou "I'm really f****** angry: the game) conta a história de Asura, um semideus muito, mas muito furioso. Parte dos oito generais celestes, o jogo abre com uma batalha totalmente épica contra os Gohma - entidades monstruosas geradas a partir da própria Terra Gaia. Após a vitória contra o "líder" dos Gohma, Vlitla, Asura é traído por seus companheiros, acusado de assassinar o imperador, e demonizado por seus "crimes". Sua esposa é assassinada, sua filha sequestrada, e Asura mandado para o Naraka. Após 12 mil anos, Asura volta em busca de vingança. Isso resumindo muito o começo do jogo.

O chefe do TUTORIAL.

Isso pode parecer um "excuse plot", mas a verdade é que o roteiro de Asura's Wrath é um dos pontos fortes do título. Não a toa: a trama foi pensada antes do gameplay, e estruturada em 18 capítulos de cerca de 20 minutos cada - como episódios de um anime. Até as telas de load são feitas para parecerem eyecatches, e o jogo alterna sem problemas entre cutscenes e gameplay. Ou talvez seja melhor dizer que não há "cutscenes" e "gameplay", sendo tudo uma coisa só.


Tramas a parte, o cenário de Asura's Wrath é fascinante. Mesclando elementos de Ficção Científica com a mitologia budista - e acertando muito da mesma. Desde o visual dos "semideuses" (na verdade ciborgues alimentados pela energia do "mantra") até os nomes, a camada "superficial" está lá, com algumas esquisitices. Porém os conceitos são muito mais aprofundados do que parece a primeira vista. Claramente fizeram a pesquisa antes de qualquer coisa. Em termos de ESTILO, o resultado é um cenário comparável com o RPG Exalted, da White Wolf.

Essa é uma comparação que eu tenho que fazer. A corrupção dos generais celestes/ as sete divindades é comparável com a queda dos solares. Asura está no maior limit break de raiva ever. Os Gohma (e o chefe do DLC, Chakravartin) são basicamente primordiais. Isso é Exalted: o jogo.

E o primeiro chefe de verdade.

Ainda mais com o senso de escala absurda de TUDO em Asura's Wrath. Todos os personagens importantes são extremamente velhos. Tudo é imenso, ao menos quatro chefes são de tamanhos planetários para cima, a escala dos eventos é grandiosa, até os números são ridículos. Outra coisa que dá para dizer sem medo é que isso é o mais perto que temos de um jogo de Gurren Lagann. Ou Bayonetta com doses insanas de Testosterona (ou como colocado pelo tvtropes.org, preposterona).

Asura's Wrath é um jogo curto - as 18 fases normais dele, mais a 19ª para o final "verdadeiro" pré DLC não levam mais do que umas 6 horas, se você for lento. Não tem muito potencial de replay, mas essas seis horas são tão absurdas que mesmo sem nada de novo valem a pena refazer. Porém não é algo que vá agradar todo mundo: a jogabilidade abusa de quick time events para quase tudo, de matar os chefes à avançar a história, tudo é feito via QTE. Porém são os QTEs mais bem feitos que já vi: nenhum botão "aleatório", nenhum comando sem sentido. Tudo diretamente relacionado com o que acontece na tela. Nesse sentido, Asura's Wrath é como Dragon's Lair: um filme interativo, caso notável em dois dos DLCs, que abandonam a belíssima engine do jogo em favor de animação tradicional.

Mas palavras não o bastante para descrever Asura's Wrath. Um vídeo se faz necessário, digo eu...