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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

6 combatentes (históricos!) feitos de pura "badassery"

Em vista do ressurgimento inexplicável do "meme vivo" que é Chuck Norris, e da aproximação do remake de Robocop dirigido pelo Padilha, eis uma lista de pura "badassery", que botariam Norris, Robocop, Capitão Nascimento (sim, eu ainda lembro dele) e seja lá quem mais quiserem erguer para correr. Seis caras que violam todas as leis do rídiculo, e que deixam nós, homens comuns, com vergonha. É claro que há uma boa dose de exagero por parte dos "registros oficiais" em todos eles - mas o equivalente real pré distorções não é tão longe assim.


6. Lu Bu (China, Século II)


Conhecido pela alcunha de "General Voador", e sujeito de um famoso poema do período Han da história chinesa, "Entre os homens, Lu Bu. Entre os Cavalos, Lebre Vermelha", Lu Bu tacou o terror entre os inimigos do primeiro ministro, Dong Zhuo. Sua reputação era tamanha, que a mera menção de seu nome era o suficiente para fazer com que os guerreiros mais valorosos tremessem de medo.

Lu Bu começou sua carreira servindo Ding Yuan, seu pai adotivo, a quem traiu em troca de um cavalo, mil barras de ouro, duzias de pérolas e um cinto de jade, e a posição de general das tropas de Dong Zhuo. Um homem de temperamento explosivo, Dong Zhuo tinha o hábito de arremessar ALABARDAS contra Lu Bu como forma de "descarregar a tensão". A serviço de Dong, Lu Bu defendeu "sozinho" o portão de Hu Lao contra os exército dos quatro maiores generais do fim da dinastia Han, e, enfurecido matou Dong Zhuo, "sob ordens imperiais".
Como ele aparece na série de jogos Dynasty Warriors

Como o regime imperial era muito pacifico, Lu Bu partiu em busca de "novos desafios", o que na língua de Lu Bu significava "conquistar a China". Ele tinha um plano engenhoso : ajudou Liu Bei, na época a "força menor", a retomar a provincia de Xu. Mantendo sua tradição de trair a todo mundo a quem serviu, Lu Bu enxotou Liu Bei pra fora de Xu, e se declarou o regente. Teve uma morte patética, implorando por misericórdia e estrangulado por seus próprios soldados poucos meses depois, quando Liu Bei retomou Xu, com a ajuda do futuro primeiro ministro, Cao Cao.

Tamanha  fodolência de Lu Bu, que hoje ele figura como "o cara que sempre te dá uma surra" na série de jogos Dynasty Warriors.


5. Simo Häyhä (Finlândia, Guerra do Inverno).

Simo Häyhä, mais conhecido pelo epiteto "A Morte Branca" era um patriota; frente a ameaça soviética na guerra do inverno, Häyhä, que já havia sido dispensado do serviço militar, fez o que qualquer um faria : pos se a caçar o exército soviético por conta própria, tendo apenas suporte logístico do exército finlandês. Armado com um rifle Mosin-Nagant, Häyhä acumulou o maior registro de mortos por um franco atirador : 505 mortes confirmadas, em apenas de 100 dias. E isso só contando as feitas com o rifle! Häyhä tem ainda mais duzentas mortes confirmadas com "armas de apoio".

Vestido completamente de branco, com a boca cheia de neve, e usando um rifle sem mira, a morte branca era completamente invisível meio as paisagens nevadas do inverno finlandês. Com Häyhä derrubando seus soldados a torto e a direito, os soviéticos tentaram de tudo para se livrar da Morte Branca : Organizaram esquadrões de contra atiradores (Häyhä matou todos), equipes de busca (que sumiam no meio do mato), e ataques de artilharia (que erraram o alvo, mas vamos fingir que Häyhä matou os obuses). O terror da morte branca acabaria apenas quando um soldado russo atirando a esmo acertou Häyhä na boca, "arrancado metade de sua cabeça".

Ele morreu certo? Não tem como sobreviver a isso, não é? Mas a vida é uma caixinha de supresas : Embora tivesse perdido boa parte da mandibula, Häyhä estava vivo, e despertou 10 dias depois. A guerra do inverno acabou com a retirada soviética na tarde do mesmo dia. Coincidência? Häyhä passou o resto da vida caçando alces, até falecer de causas naturais em 2002.


4. Walter Cowan (Inglaterra, I e II Guerra Mundial)


Sir Walter Henry Cowan, "o combatente mais velho da segunda guerra mundial". Cowan entrou no serviço militar em 1886, a bordo da HMS Alexandra, no mar mediterrâneo. Com uma brilhante carreira naval, Cowen  serviu na 1ª guerra mundial como Capitão, no comando da HMS New Zealand, e entre as guerras como almirante na HMS Hood. Mas não é o serviço naval de Cowan que nos interessa.

Em 1941, Cowan, aos 70 anos, se ofereceu para treinar os commandos na escócia, e posteriormente no norte da áfrica. Durante a batalha de Bir Hakeim, após perder todos os commandos sob sua égide, o velho oficial investiu sozinho contra um tanque italiano, armado apenas com um revólver. Não se sabe como, mas o resultado desta operação insana foi a captura de Cowan pelos fascistas.

Cowan faleceu aos 84 anos, de causas naturais, em 54. Em sua homenagem, a marinha da Estônia batizou em 2007 um de seus barcos caça-minas de "Almirante Cowan". Resta saber se o Caça minas vai continuar lutando mesmo com a idade avançada como o seu "Xará".


3. Honda "Heihachiro" Tadakatsu (Japão, Período Sengoku).

Um dos "quatro reis celestes de Tokugawa", Honda Tadakatsu é um daqueles casos de "Badass" incarnado; um dos vassalos mais leais de Tokugawa Ieyasu, Tadakatsu, "O general que superou a morte em pessoa", era um general e um guerreiro tão talentoso, que era visto mais como uma relíquia dos Tokugawa do que um simples general. Com uma das carreiras militares mais longas do período Sengoku, Tadakatsu serviu desde Okehazama (1560) até Sekigahara (1600), estando na linha de frente em 55 batalhas, sem jamais receber um ferimento. Durante uma das inumeras "retiradas estratégicas" de Ieyasu, Tadakatsu ficou conhecido como o "Zhang Fei" japonês por bloquear a passagem do exército inimigo com um numero extremamente inferior de tropas.

A reputação de Tadakatsu lhe garantiu elogios dos principais Daimyos do período, incluindo do notório "rei-demônio" Oda Nobunaga, que lhe definiu como "Um Samurai dentre os Samurai", Uesugi Kenshin, que o via como "o luxo de Tokugawa Ieyasu", e até de Toyotomi Hideyoshi, que viria a se tornar o maior inimigo de seu senhor. Em uma de suas anotações, Hideyoshi afirmou que os melhores Samurai eram "Honda Tadakatsu no leste e Tachibana Muneshige no oeste".

Como se não bastasse a reputação de Tadakatsu, a lança que empunhou em boa parte de sua carreira é hoje um dos tesouros nacionais do Japão. Tonbogiri, dita ser tão afiada que seria capaz de cortar uma libélula ao meio, se esta meramente se atravesse a pousar sobre sua lâmina. Tadakatsu sempre tentou projetar uma certa imagem no campo de batalha, com seu famoso elmo com chifres de cervo, sua fiel Tombogiri, e seu cavalo, Mikuniguro. Tadakatsu faleceu de causas desconhecidas, aos 62 anos, em 1610. Assim como Lu Bu virou um fonte de surras na série Dynasty Warriors, Tadakatsu também teve sua imponência homenageada em games: a série Sengoku Basara fez dele um robô gigante armado com uma furadeira.


2. Dian Wei (China, fim do período Han/início do período dos três reinos).

Conhecido como "O Demônio Dian Wei", ou como E Lai (em homenagem à um semi-deus chinês), o guarda costas do Senhor da guerra, primeiro ministro e "herói do caos" Cao Cao era um homem muito violento. Não há muito registro da sua infância, mas o que se sabe é que, em algum ponto de sua juventude, a lenda de Dian Wei começa quando Wei decide matar um homem que está causando problemas para seus companheiros. Invandindo a casa do homem, Dian Wei mata toda a familia dele, e foge da cidade, sem que ninguém tenha coragem de segui-lo.

Um homem de força "sobre-humana", Dian Wei junta-se às forças de Cao Cao em 189, carregando em uma mão um imenso estandarte, que homens comuns não levantavam com as duas. Durante a batalha de Puyang, Dian Wei decidiu que escudos não eram bons o bastante para ele, e, trajando duas camadas de armadura, investiu contra o inimigo portando alabardas, lanças e azagaias. Ignorando as flechas inimigas (que obviamente, eram fracas demais pra ele), Dian Wei matou 12 cavaleiros com 12 azagaias, e foi promovido a guarda costas pessoal de Cao Cao.

Dian Wei também figura na série Dynasty Warriors
Mas Dian Wei ainda não havia mostrado ao mundo o que podia fazer. Durante a batalha de Wancheng, Dian Wei, de acordo com o Romance dos três reinos, retornando de "assuntos de higiene" (leia : banheiro) , vê os soldados inimigos vindo, pega doze soldados, e vai defender o portão, enquanto Cao Cao dá no pé. Treze soldados, defender o portão, contra o exército inimigo... deve acabar rápido.

Com uma alabarda "gigantesca", Dian Wei derrubava os soldados inimigos as dezenas, mas isso não era rápido o bastante para ele. Vendo que a alabarda era lenta demais, Dian Wei pegou dois soldados mortos no chão e pos se a bater nos inimigos com eles, já que OBVIAMENTE, cadáveres são armas melhores... Ferido por todo o corpo e sangrando intensamente, morreu vociferando obscenidades e tentando bater nos inimigos com seus dois caras mortos. Ah, e isso tudo enquanto o forte de Wancheng estava EM CHAMAS!


1. AUDIE MURPHY (SEGUNDA GUERRA MUNDIAL, EUA)

Ele não parece fodão...
Audie Murphy faz todos esses acima parecerem criancinhas. O soldado mais condecorado da históra dos EUA, Murphy foi rejeitado para o serviço cinco vezes - uma situação que divide com um personagem de HQs, o Capitão América. A primeira por ser menor de idade, Murphy se alistou no ano seguinte com documentos falsos, e foi rejeitado pelo fuzileiros navais e pelos paratroopers por ser "muito baixo", e pela marinha por ser "magro demais". No exército, seu oficial de treinamento tentou fazer dele cozinheiro, pois ele era "pequeno demais" para um soldado, mas Murphy era teimoso, e em 1943, estava a caminho de Casablanca, onde não viu  ação, e depois para Sicilia, onde contraiu malária, o que lhe deixou fora de serviço por boa parte da guerra.

A história de Murphy começa a ser "foda" na França. Após ver a morte do melhor amigo, Murphy toma um ninho de metralhadora alemão sozinho, e usa a metralhadora para destruir várias outras instalações defensivas alemãs, recebendo uma cruz de serviço distinto (a segunda maior honra do exército americano) e uma promoção especial para sargento. Durante as 7 semanas em que serviu na frança, o pelotão de Murphy viu 4.500 baixas.  É, parece que ele é o Capitão América, só sem soro de supersoldado...

Sério ele parece meio... palerma..
Durante a batalha de Holtzwihr, Murphy superaria todos os limites do rídiculo. No comando de uma unidade "aleijada", com apenas 19 soldados em uma formação que exigia 128, e sob um frio de -10º, Murphy foi emboscado por uma brigada alemã. Ordenando que suas tropas se retirassem, Murphy subiu em nos restos de um tanque EM CHAMAS, pegou a metralhadora do tanque, e começou a meter bala nos alemães, matando duzias de alemães, enquanto tentava chamar um ataque de artilharia. Mesmo com pesados ferimentos, a batalha solitária de Murphy só acabou uma hora depois, quando o cabo do telefone para a artilharia foi cortado pelo fogo inimigo. Pouco após sair de cima do tanque, este prontamente EXPLODIU, ao que parece, decidindo que estava sim em um filme de ação.

A essa altura, vocês devem estar certos de que Murphy morreu aí. Mas não, ele foi mandado de volta pra casa, onde, sofrendo de Stress pós traumático, se viciou em anti depressivos e calmantes. Com o sucesso que veio junto com a reputação, como o soldado mais condecorado da história (33 medalhas, oito a mais do que o exército americano realmente tem. Murphy recebeu TODAS as medalhas do exército, sendo que cinco delas repetidas vezes.), Murphy virou ator, atuando em westerns e filmes de guerra, e publicou uma auto biografia, intitulada "To hell and back", sob seu tour de serviço na França. Quando foi chamado para fazer o papel de si mesmo no cinema, Murphy aceitou com a condição de que seriam feitos certos cortes, pois "não queria parecer mentiroso".

O mais perto que as HQs tem de
Audie Murphy.
Murphy morreu em 1971, quando seu avião particular bateu contra Brush Mountain, na Virginia. Baixinho, aparentemente imortal e dotado de coragem mais do que suficiente para a segunda guerra mundial inteira, não me surpreenderia se Murphy tivesse sobrevivido à colisão - Esqueçam as comparação com Steve Rogers: sinceramente, esse cara é o Wolverine! A única coisa que faz a comparação entre os dois não ser perfeita é que... Murphy era texano, e não canadense. Só isso. (Ok, Murphy não tinha garras de adamantium e faro de animal, mas deveria ter tido).

terça-feira, 17 de julho de 2012

Temo que Man of Steel destrua a essência do Super Homem

Bem, mais um poster de Man of Steel foi divulgado na San Diego Comic-Con (que eu to cobrindo com atraso), e minhas impressões ruins sobre a roupa do Super homem no filme de Zack Snyder não foram alteradas. Focando apenas no peito do Homem-de-Aço, esse poster me deixou uma sensação... não sei, opressiva, com todo o detalhe de "escamas" da roupa, e seus tons escuros. A impressão inicial definitivamente não é "esse é o peito de um herói". Não ajuda que a roupa parece mais "azul quase preto com bordô" do que azul e vermelho.

Se o poster e as imagens que já foram divulgadas do filme forem um indicador do "tom" de Man of Steel, lamento que isso indique que o filme será - ao menos como adaptação - um completo fracasso. Tudo parece estar voltado para um filme sombrio e talvez até cínico, indicando que o projeto está seguindo na direção que a Warner quer: mais parecido com a trilogia do Batman dirigida pelo Christopher Nolan.



E não me levem a mal: os filmes do Nolan são excelentes, mas isso é porque o Cavaleiro das Trevas se empresta bem para esse tom mais "pesado", coisa que o Super Homem definitivamente não faz. Batman é um exemplo cabal de anti-herói, enquanto o Super Homem é para ser o ícone, o paragono, o ideal: não é um personagem que tem lugar em seu mito para ser "moralmente ambíguo" ou "sombrio", e tentar forçar essas coisas nele é descartar a essência do herói.

Talvez eu esteja entre a minoria que gosta do Super Homem como um ideal, e que não deseja uma tentativa de torna-lo "badass" ou "polêmico". No começo desta semana, o site Av club publicou um artigo de Todd Van Der Weff em defesa do "escoteiro" da DC. No meu ver, o que Man of Steel deveria fazer é ressaltar o papel do Super Homem como um ideal, algo a ser almejado. Sim, ele é "certinho demais" e "perfeito demais". Mas isso é porque como mito, seu papel é sempre nos lembrar de que nós podemos e devemos ser mais. Torna-lo "sombrio" e "ambíguo" acaba totalmente com sua natureza.

Man of Steel pode até ser um filme bom - e não duvido que o seja - mas se o material até agora demonstrado for um indicativo, não será um bom filme do Super Homem. O que eu espero é algo como o Capitão América: O Primeiro Vingador - que estabeleceu o personagem de Steve Rogers brilhantemente em uma fala: "eu não quero matar ninguém, só não gosto de valentões, não importa de que lado". Um lembrete de fazer a coisa certa, e não o que apenas parece certo. De certa maneira, se O Batman é o herói que Gotham - e talvez o mundo, com todas as suas falhas, absurdos e podres - merece, o Super Homem é o herói que o mundo precisa. Alguém melhor, alguém ideal. E que Snyder não destrua isso, por favor.

domingo, 15 de julho de 2012

Crítica: Duna (1984)

Como todo mundo já deve ter notado, o fato de um livro ser bom não infere automaticamente que as adaptações também o serão, e a ficção científica tem o maior registro de "adaptações cagadas" dentre todos os gêneros literários. (Eu, Robô? Starship Troopers? Dagon? A Sound of Thunder? Alguém?). Enquanto escrevo, Roland Emmerich - o rei do filme catástrofe - está preparando a certamente desastrosa adaptação aos cinemas da trilogia Fundação, e correm as filmagens do polêmico Ender's Game (que francamente espero que não seja mutilado pela adaptação). 

 Mas não estou aqui para falar do "geral", e sim de um caso muito lamentável: a adaptação pífia de Duna pelo produtor italiano Dino deLaurentis e o diretor cult David Lynch Alan Smithee, em 1984. E este não é um dos casos em que a falha está na falta de fidelidade: Se qualquer coisa, Duna tenta ao máximo ser fiel ao épico de Frank Herbert. O problema é justamente este: tentar comprimir um livro grande e muito complicado em um único filme - e sem introduzir o velho "como você sabe" para explicar elementos de cenário que no livro são dados na narração ou no glossário.


Em si, Duna não é um filme ruim: só é confuso e longo demais no caso das versões estendidas, e comprimido demais no corte original. Também é de maneira alguma um filme bom. Talvez a definição correta seja dolorosamente falho. A versão mais "completa" do filme se arrasta por duas horas e 54 minutos - o grande problema? As primeiras duas horas mal conseguem cobrir o primeiro terço do livro, forçando todo o resto a ser "espremido" em apenas uma hora de filme. E devido a complexidade do universo de Duna, o filme é constantemente interrompido por narrações para tentar explicar certas coisas, sem muito sucesso. 

Se qualquer coisa, Duna é a prova de que excesso de fidelidade é um problema tão grande quanto excesso de liberdades criativas - não apenas está preso a narrativa do livro de uma maneira até opressiva, mas em um sinal de falta de capacidade para adaptações, David Lynch Smithee parece atado a própria forma do livro. Cenas inteiras parecem copiadas linha a linha do livro, e a narração constante não é apenas maçante, mas também totalmente desnecessária. A abertura do filme gasta dez minutos para estabelecer o que é dito em apenas dois minutos do primeiro diálogo da trama. Junte isso a narrações do que está acontecendo, pensamentos óbvios dos personagens, flashbacks desnecessários, e o que se tem não é linguagem própria de cinema. Uma das poucas cenas em que foi tomada liberdade de adicionar coisas "fora do livro" é estranha demais para palavras. Digamos apenas que envolve um gato amarrado num rato, e fiquemos por isso.

O que é isso? Um navegador de terceiro estágio. O que é
um navegador de terceiro estágio? LEIA O LIVRO (e descubra
que não existem "estágios")
O universo de Duna é intricado, complexo e muito bem definido nos livros - enquanto isso, o filme não dá explicações de quase nada, e quando as dá, são incompletas, e oferecidas na sempre tediosa narração. Não há nenhuma explicação no filme do que é "normal" ou o que não é para o cenário, do que são Mentats ou Bene Gesserit, qual é a dos navegadores, ou a importância da especiaria ou sua ligação com os vermes, fora uma narração que existe apenas nas versões estendidas, e no caso da especiaria, uma conversa no começo do filme. 

E como um amigo meu colocou de maneira muito eloquente, Duna é a prova de que um elenco de atores bons não infere em um filme bom. Nomes como Patrick Stewart, Max von Sydow e Linda Hunt não fazem nada para salvar o desastre moroso que é a obra de David Lynch Alan Smithee, e a atuação oscilante de Kyle Maclachlan (no papel principal) junto com a canastrice constante de todos os Harkonnen - especialmente do músico Sting como Feyd Rautha - retira qualquer benefício ganho com o resto do elenco. Para não mencionar casos como Freddie Jones "murmurando" metade das suas falas, ou a decepção maior que é Patrick Stewart berrando constantemente.
Outras, é tudo azul e cinza.

As vezes é tudo marrom.
Nem visualmente Duna se justifica, com "defeitos especiais" - os escudos são o melhor exemplo, em uma cena até sobrepostos a parte errada do enquadramento - projeções de fundo mal feitas, cenários "pintados" e mais de uma vez usando de pinturas no lugar de algum enquadramento real. Uma pena, pois os conceitos por trás dos cenários e dos figurinos são bons, sobras de uma tentativa frustrada de levar Duna as telas, com arte do genial H.R. Giger, mas o resultado... Particularmente gritante são todas as cenas envolvendo os vermes da areia: quando é apenas o verme em cena, fica até bem, mas quando envolve qualquer outra coisa, o resultado é horrendo. A falta de contraste não faz nada para melhorar a situação, e mais de uma cena envolve caras vestidos de preto e marrom num fundo marrom atirando em caras vestidos de preto e marrom num fundo marrom - e reaproveitando as mesmas poucas cenas. 

Em suma: Duna consegue ser pior do que a Minissérie do Sci-Fi Channel, produzida em 2001.  E é simplesmente algo vergonhoso ser superado pelo atual SyFy. Com base em um clássico do gênero, um diretor de renome, e vários atores bons, Duna tinha tudo para ser um sucesso, mas resultou em um construto megalomaníaco, tedioso e incompreensível - tudo o que não poderia ser. 




quinta-feira, 12 de julho de 2012

Preconceito: Nerds e Misoginia

Não deve ser novidade para a maioria de vocês a infeliz abundância de comentários e atitudes preconceituosas, excludentes e intolerantes dentro do meio nerd. Desde o desdém exagerado pelos fãs de certas obras literárias, séries, jogos ou filmes, até formas mais "mainstream" de preconceito, como coletivo os nerds são notórios pelo preconceito. E de forma até contraditória, vendo que esse é um grupo que é frequentemente discriminado.

Mas nenhuma forma de preconceito é mais palpável entre os nerds do que a "boa" e velha misoginia. E depois se perguntam o porque de tão poucas "garotas nerds". Desde coisas pequenas como o desdém aberto a qualquer "gamer chick" e a ideia de que uma mulher não pode ser nerd se for minimamente sociável, até o abuso do conceito de estupro, o linguajar nerd acaba transbordando de ódio pelo sexo feminino.

Expressões como "Tits or GTFO", "Go make me a Sandwich" e "Back to the Kitchen" não são "piadas inocentes", assim como a abundância de personagens femininas que se resumem a "peitos e bundas ambulantes" ou "um macho com tetas" não é de forma alguma inclusiva. Estupro e outras formas de violência sexual são tratadas com banalidade. E na hora dos insultos? Quando o interlocutor é homem, o mais comum é se atacar a capacidade intelectual, ou a masculinidade (em si já um problema). Mas quando se trata de uma mulher? O ataque padrão é acusar de ser "uma vadia".

Para que não achem que estou inventando coisas, tenho abaixo três casos importantes - apenas alguns dentre tantos milhares diariamente. Devido ao meu "sumiço", nenhum desses casos é exatamente recente, mas são todos emblemáticos - e não tão extremos quanto possam parecer.


Primeiro, um caso que a maioria já deve estar bem familiarizado: A não tão súbita demissão de Noah Antwiler/ TheSpoonyOne do Channel Awesome/ThatGuyWithTheGlassses. Embora o caso em si tenha apenas sido deflagrado pelo notório sexismo do Spoony, com a piada de extremo mal gosto acima, dirigida a uma colega de trabalho, Hope Chapman, o que me levanta este caso neste sentido é a reação da fanbase do reviewer. 

Spoony foi demitido/se demitiu após um verdadeiro piti no Twitter, como resposta a um artigo da também integrante do Channel Awesome, Obscurus Lupa (Allison Pregler). A reação do Spoony em si já foi péssima: xingando a tudo e a todos, e acusando Pregler de ser uma "vadia". Mas a fanbase dele foi pior: segundo alguns fãs no forum SpaceBattles, isso foi parte de um plano maléfico dela junto a ex-namorada do Spoony, Scarlet, e a diretora de RH do CA, Holly, para se livrar dele "porque é isso que vadias fazem quando os homens estão longe". Desnecessário notar: As três receberam ameaças de estupro, e Holly foi acusada de "prestar favores sexuais" ao fundador do CA, Doug Walker, porque "essa é única coisa para a qual vocês prestam". Mas os caras que falaram essas coisas juram de pés juntos que não são sexistas!

E embora Spoony tenha o seu site próprio, que não foi afetado em nada pela demissão, e garanta que a "vagabunda" não tenha nada a ver com a demissão dele, fãs do colherento continuam a atacar Pregler. Me surpreende que Chapman não tenha sido bombardeada com insultos e ameaças de estupro. 


O segundo caso - e no meu ver mais gritante - foi o da blogueira Anita Sarkeesian, do site Feminist Frequency:  depois de iniciar um kickstarter para a produção de uma série de documentários da série Tropes vs Women, analisando certos clichês e figuras narrativas comuns, desta vez em videogames, Sarkeesian se viu alvo de um bombardeio constante.

Ameaças de estupro via e-mail, via telefone, até via correio - páginas vandalizadas, comentários ofensivos diariamente, e tudo isso não como resposta ao que ela disse, mas porque ela iria falar sobre sexismo dentro da indústria de games. Não foram poucos os comentários, posts e vídeos - alguns bem longos - afirmando categoricamente que ela não tinha nada a falar porque "games não eram lugar pra mulheres" e que ela não passava de uma "sapata vagabunda".

A mensagem desses ataques é bem clara: mulheres, fiquem caladas, aceitem que para a indústria vocês são só pedaços de carne, e se quiserem se expressar, que o façam num cosplay borderline erótico. Nada de opiniões ou querer respeito!

Felizmente, esse caso específico não ficou perdido apenas em meio a comunidade nerd, e foi coberto pesadamente por colunistas e blogueiros de vários setores da mídia. Além disso, o ataque constante foi "positivamente não produtivo": além de Sarkeesian não se acovardar perante a investida machista contra ela, mas o ataque atraiu publicidade e apoio ao projeto, e o que seria uma série pequena por apenas U$ 5,000, agora arrecadou mais de U$ 150 mil.


O caso final é este cara: o britânico James "Grim" Desborough, um autor de livros de RPG que recentemente publicou um artigo intitulado "Em defesa do estupro". Embora não seja algo tão ruim quanto o título faz parecer, ainda é uma defesa feroz da ideia de que "mais jogos precisam envolver estupro" e que "estupro é um elemento de trama fantástico" que precisa "deixar de ser visto como algo ruim".

Ninguém ficou muito impressionado com o artigo de Desborough, e a usuária do fórum da RPG.Net, MalaDicta tentou organizar uma petição para que as editoras deixassem de publicar o material do inglês. E foi ai que a bomba de fato explodiu.

A maior parte dos usuários da RPG.net estavam de acordo com boicotar Desborough, e concordavam que boa parte do material do dito-cujo era absurdo - entre eles, um jogo de cartas em que o objetivo é cometer mais estupros, e um suplemento de D&D com centenas de magias e itens mágicos voltados para facilitar, adivinhem só... estupros!

Porém, para alguns, e para uma horda de fãs do "macabro", quem reclamou precisava "crescer espinha" e "estupro não era nada demais". O resultado deve estar bem claro por essa hora: MalaDicta foi alvo de ameaças de estupro via e-mail, no telefone do trabalho, na casa dos pais, e até pelos correios, e após uma amiga dela ter sido quase violentada, decidiu retirar a petição, para que os ataques parassem - e não pararam.

A pior parte é que Desborough saiu dessa história até o momento querendo fazer o papel de vítima, alegando não ser nada misógino - só vítima de um bando de "vagabundas sem espinha" que não entendem como estupro é legal e precisamos de mais rpgs sobre isso!

A questão é que isso não é legal, de maneira alguma. E da mesma maneira, não é algo que se trate, como alguns dos fanboys do Spoony, do Desborough, e alguns dos agressores da Anita Sarkeesian sugeriram, algo que "se leve na brincadeira". Ainda mais quando são pessoas que ao mesmo tempo que dizem que "não há misoginia na web" e "os homens sim é que são discriminados", ameaçam estuprar repetidas vezes uma blogueira por dizer o que ela pensa.

Se alguém quiser dividir suas histórias sobre misoginia, ou quiser fazer aquilo que já espero: me atacar, sinta se a vontade.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Crítica: JCVD

Existem certos atores dos quais é inviável esperar um trabalho de qualidade. Encabeçando essa categoria certamente estão os astros do cinema de ação dos anos 80, como Steven Seagal, Dolph Lundgren, e o eterno Jean Claude Van Damme. Imaginem então um drama estrelado por este último. Não parece algo com muitas chances de ser bom, ou sequer "assistível", mas JCVD (Bélgica, 2008) demonstra como Van Damme só precisa do roteiro certo e distanciamento da pancadaria para revelar-se um grande ator - ou talvez o filme seja tão bom por ele não estar atuando.

Em JCVD, Van Damme vive uma versão ficcional, mas nem tanto, de si mesmo. Um ator acabado, que não consegue papéis decentes, afundado em dívidas e perdido no meio do processo de custódia da filha, e que retorna a sua cidade natal de Bruxelas para "por sua vida em ordem". A situação parece estar no fundo do poço, e só piora quando Van Damme se vê no centro de um assalto a um posto do correio enquanto tenta fazer uma pequena transferência para pagar o seu advogado.

Em um filme normal do "músculo de Bruxelas", a situação seria resolvida na base de socos e pontapés, e Van Damme sairia do assalto um herói. Não aqui, onde sob a direção do franco-tunisiano Mabrouk El Mechri a situação se torna uma maneira perfeita de expor a diferença entre o Van Damme "astro" dos anos 80, e a figura patética que o verdadeiro ator se tornou. O que ocorre é ele pateticamente tentando resolver a situação, enquanto atua como negociador para os criminosos - e é visto pela polícia como sendo o líder dos assaltantes. Mas nada demonstra mais o quanto o "astro" e o "ator" são diferentes quanto a cotovelada patética, dada no lugar da elaborada sequência de chutes planejada na cabeça de Van Damme, quando a oportunidade de "ser o herói" finalmente surge.

O roteiro de El Mechri e Frédéríc Bénudis deu espaço para que o antigo astro de ação barata fizesse uma atuação comovente - e dolorosa - sobre sua própria decadência, e sobre como Hollywood e o culto ao sucesso destroem vidas. Em um toque audaz que só se vê no cinema europeu, o filme se interrompe no auge da ação para um monólogo  de sete minutos que viola completamente qualquer ilusão de realidade da situação. Um monólogo direto do protagonista para o espectador, em que Van Damme expõe todos os seus fracassos e dificuldades profissionais e pessoais, dos múltiplos casamentos até a luta contra as drogas, com um grau imenso de sinceridade.

JCVD foi indicado a Palma de Ouro - algo que nunca se esperava de um filme do Van Damme - e talvez seja o único filme legitimamente bom na carreira do "Grande Dragão Branco". Não é difícil de achar nas locadoras. Isso deveria ter sido um retorno comovente para o ex-super star, mas infelizmente Jean Claude já retornou aos filmes de ação baratos. Uma lástima.



sexta-feira, 1 de junho de 2012

Crítica: Branca de Neve e o Caçador


Tem filmes que seriam melhores com outro título e com algumas pequenas alterações no roteiro. Obras que se propõe como adaptações ou releituras, mas que tomam tantas "liberdades criativas" que se tornam merecedoras de um nome completamente novo, e este é definitivamente o caso de "Branca de Neve e o Caçador". Embora seja um filme de fantasia sólido, e não "violente" o material de origem como certos outros filmes fizeram, é fato que o resultado é muitíssimo diferente do conto de fadas dos irmãos Grimm ou do clássico da Disney. Não precisamente em trama - que se manteve essencialmente a mesma - mas em tom. Coisa similar ocorreu com Beowulf, também um bom filme, mas péssima adaptação do texto mais antigo da língua inglesa.


Não que seja exatamente um comportamento novo de Hollywood tomar apenas a base de uma história, descartando os elementos marcantes de outras leituras. Afinal, Sherlock Holmes é um exemplo claro de como isso pode dar muito certo, embora "Branca de Neve e o Caçador" não tenha tanta sorte assim, e termina sendo uma versão fraca do que se propõe, mesmo sendo forte quando ignora-se o fato de ser uma adaptação.

Os problemas começam pela protagonista: não apenas Branca de Neve tem poucas falas, mas a atuação inexpressiva de Kirsten Stewart torna difícil manter interesse pela heroína, ainda mais quando Charlize Theron está "deliciosamente canastrona" como a Rainha Ravenna. Não ajuda a falta de profundidade da heroína. Enquanto o Caçador (Chris Hemsworth, vulgo Thor) recebe uma profundidade que nunca teve antes (se resumindo a não matar a princesa e levar um coração de cervo ao invés do dela), Branca é boa e pura e é a vida, e mais nada.

Se o filme talvez peque pelas liberdades criativas, como fazer da Branca de Neve quase uma metáfora para Joanna D'Arc, terminar o filme em uma batalha definitivamente épica, e adicionar um oitavo anão (embora o conto original fosse um número indefinido de anões), "Branca de Neve e o Caçador" se salva pela beleza visual. O roteiro de fato é fraco, confuso até, e as atuações poderiam ser melhores, mas as tomadas impressionantes de câmera, a maneira como o filme "traz a vida" cenários e criaturas fantásticas, e as referências a filmes de fato primorosos de fantasia em si já fazem valer o ingresso. Quem assistiu "História sem Fim" ou "Princesa Mononoke" certamente vai reconhecer algumas cenas. E o filme tem um bom equilíbrio entre o "real" e o "fantástico", coisa que Hollywood parece estar ficando cada vez melhor em manter.

O problema é o quão marcado na consciência coletiva a versão da Disney está - e pudera, não apenas foi o primeiro longa em animação, mas mesmo ignorando a importância histórica, é em si um trabalho de mestre. Coisa que esta leitura do clássico dos irmãos Grimm está longe de ser. E é claro, a tentativa de passar Kirsten Stewart como sendo mais bela do que Charlize Theron é quase uma piada. Pode não ser um bom "Branca de Neve", mas é certamente um bom filme de fantasia.


quinta-feira, 17 de maio de 2012

Oh shit: Ursinhos Carinhosos estão de volta...

Depois do sucesso da My Little Pony: Friendship is Magic, a Hasbro parece estar decidida a reviver franquias esquecíveis - e parece não ter notado o que levou MLP: FiM a dar tão certo... Mês que vem estreia no The Hub o desenho novo dos... Ursinhos Carinhosos. E bem, de acordo com o release de imprensa da Hasbro, a ideia é de fato "seguir o sucesso de MLP".


De acordo com a Hasbro, "Care Bears" tem o "mesmo espírito de amizade e o visual reimaginado em computação gráfica que fizeram de MLP: FiM um sucesso cult". Mas o pouco que foi demonstrado do desenho (francamente indesejado) contam outra história. Começando pela parte visual, como isso:


Remete a isso:

Eu realmente quero saber. Mas a parte mais importante: enquanto MLP:FiM é essencialmente um "Slice of Life", o pouco que foi exibido de Care Bears parece ser a mesmíssima coisa que era o desenho original, incluindo os companheiros humanos desnecessários, e que tornavam o desenho intolerável mesmo quando eu era pequeno. Para ter uma ideia: a cena acima é que o Grumpy (o urso azul) está irritado por que o Tenderheart prefere demonstrar suas "habilidades de rima" a comer o cereal que ele fez. E por algum motivo, eu aposto na total ausência de referencias obscuras, ao contrário de MLP, que chegou a ter um pseudo cameo do elenco de O Grande Lebowsky. Por melhor que seja MLP, eu nem vou dar uma chance para essa abominação. Isso é do nível de chamar o seriado do Arqueiro VERDE só de "Arrow", porque Green Lantern e Green Beetle fracassaram.

E ainda assim, o The Hub parece ter apostado pesado em conquistar a mesma fanbase de MLP:FiM, incluindo pré criar um termo para a fanbase... Enquanto os fans de MLP criaram o termo "brony", Care Bears já vem com um apelido "pronto", demonstrando como o pessoal de marketing não sabe que não se força um meme: Belly Bros. Ninguém vai usar esse termo, pra começar que não vai haver fanbase. E mesmo que houvesse... eles criariam outro apelido, o site Comics Alliance sugeriu jocosamente "Care Dudes", como Bill S. Preston e Theodore Logan chamariam um enfermeiro... Alguém tem ideias melhores?


quinta-feira, 10 de maio de 2012

Nerd Sinal #4: Saint Seiya e seus inúmeros problemas



Com um atraso digno de um Rob Liefeld, ou dos mangás de Evangelion, finalmente temos mais um Nerd Sinal, e bem, esse aqui é um shitstorm esperando para acontecer. Sei que Cavaleiros do Zodíaco/Saint Seiya tem muitos fãs fervorosos, mas bem... no meu ver a série é tão entupida de tosquices que nos pontos que é "boa", é por ser "tão ruim que é boa". Já me preparo para os insultos...

terça-feira, 8 de maio de 2012

Segundo Pentágono, Vingadores "não faz sentido".

Eu morro e não ouço tudo... A história até parece uma piada, mas é séria: segundo uma entrevista dada pelo representante do Departamento de Defesa em Hollywood, Phil Strub (e isso é um cargo de verdade), à revista Wired, os Vingadores foi um dos poucos filmes de ação feitos sem o suporte do Pentágono.

Até aí, é só uma curiosidade, o que me deixou pasmo foi o motivo: o Departamento de Defesa retirou a ajuda na produção porque o filme "não era realista o bastante" (lembrem-se, esse é o órgão governamental que ajudou a fazer REVENGE OF THE FALLEN), e porque os militares não conseguiam entender a burocracia por trás da S.H.I.E.L.D.. Com vocês, a declaração bombástica de Strub.

We couldn't reconcile the unreality of this international organization and our place in it. To whom did S.H.I.E.L.D. answer? Did we work for S.H.I.E.L.D.? We hit that roadblock and decided we couldn't do anything [with Avengers].
É para rir ou para chorar? A história fica ainda mais engraçada depois que a Marvel tentou explicar para o DoD a relação da S.H.I.E.L.D. com o governo americano, o fato de que a versão dos filmes não é uma organização internacional (a sigla nos filmes significa Strategic Homeland Intervention, Enforcement and Logistics Division), e que está submetida ao controle do Departamento de Segurança Nacional, não o de Defesa. Mas segundo Strub, isso chegou ao ponto em que "não fazia sentido". Aí vem duas coisas... primeiro, Strub... os filmes de Transformers faziam sentido? Porque vocês apoiaram eles até os portões do inferno... E segundo: Sabe, eu não espero que a política de um filme estrelando um deus nórdico, um super-soldado, o Hulk e o Homem de  Ferro sejam ultra realistas...

terça-feira, 1 de maio de 2012

E a Vespa quase esteve no filme...

Bem, como eu disse na minha crítica do filme, ficou meio estranho para mim a ausência de dois dos membros fundadores dos Vingadores - a Vespa e o Homem Formiga/Homem Gigante/Jaqueta Amarela/Seja lá o que o Hank Pym está usando esse mês.

Bem para a minha surpresa, parece que a Vespa foi cogitada para o filme em uma versão anterior do script, antes mesmo do envolvimento de Whedon e de Scarlet Johansson. Ou seja, uma versão muito preliminar. O detalhe foi mencionado em uma matéria do New York Daily News.

Quando Janet van Dyne ainda estava potencialmente no filme, haviam boatos de que ela seria interpretada por Eva Longoria, mas como todo mundo notou, nem rolo. Ainda há chance de que a Vespa apareça em um possível segundo filme dos heróis mais poderosos da Terra, ou que ela e o Homem Formiga ganhem um filme próprio. Supostamente, Edgar Wright (Scott Pilgrim, Shawn of the Dead, Hot Fuzz) irá dirigir o filme, mas não há nenhuma informação nova desde julho do ano passado.

Com ou sem filme, não muda que a Vespa parece estar lentamente sendo esquecida pela casa das ideias - não bastou sua morte nos dois principais universos Marvel, ambas inglórias (explodida em Invasão Secreta, e devorada pelo Blob em Ultimatum), também ficou por fora do filme... Ao menos ainda tem algum destaque no desenho dos Vingadores, que eu espero que não seja cancelado.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Como não fazer um filme, com Tommy Wiseau


Infame pelos incidentes envolvendo o site That Guy With The Glasses, The Room, do diretor de Origem desconhecida Tommy Wiseau é um caso... delicado. De certa forma, é uma verdadeira obra de arte, em toda a sua espetacular initelegibilidade. Mas é melhor definido como o "Manos : As mãos do destino" do século XXI, ou talvez até como o "The Beast of Yucca Flats" dessa geração. Ou como o "anti Cidadão Kane".



Com um orçamento incompreensível de 6 milhões de dólares, gastos em não se vê o que, The Room conta a hitória de Johnny (Wiseau), um homem que está sendo "FEITO EM PEDAÇOS" pela traição de sua noiva com seu melhor amigo. Poderia ser uma trama interessante, não fossem todas as subtramas largadas, os diálogos imcompreensíveis, e as atuações horríveis, especialmente a de Wiseau.

Aos problemas, um por um : Johnny é infalivel, perfeito, rico, carinhoso, inteligente, só não é promovido por políticagem do ambiente de trabalho. Um perfeito "Marty Stu". Lisa, sua noiva, o traí... por que ele não é promovido? É isso? O filme nunca dá motivação alguma para Lisa, que "deixa de amar" Johnny de um dia pro outro, sem explicação. O "protegido" de Johnny, Denny, em uma cena é ameaçado por um traficante, e é revelado que ele está viciado em drogas. O assunto nunca mais é mencionado. A mãe de Lisa está com cancer, mencionado uma vez, e nunca mais. Os diálogos são sofríveis, repetitivos, e mecânicos. As duas coisas mais repetidas no filme são "Oh, Hi *insira nome aqui*" e "Lisa é minha futura esposa/Você é minha futura esposa, Lisa".

Em um certo ponto, temos algo que pode ser a pior fala da história do cinema :
Johnny, após discutir com a mãe de Lisa, a respeito de ter batido na noiva : "Eu não bati nela, eu não fiz isso, eu não bati nela, eu não bati, isso é besteira, eu não bati... Oh, oi Mark!"
Isso tudo com uma mudança súbita de ânimo, ao Johnny ver Mark, de "irritado" para "feliz", de um segundo para o outro. A pessoa com quem Lisa o esta traindo! Para bagunçar mais as coisas, Mark tenta repetidas vezes contar para Johnny sobre o caso (porque? Não se explica), ou ao menos que Lisa lhe está chifrando, mas ele sempre o ignora.

ESTOU ATUANDO!!!!
Nenhuma das cenas parece ter importância para o desenvolvimento das outras. Mark, Denny, Johnny e um cara que nunca aparaceu antes vão jogar "catch" num beco, usando smokings. Nunca é explicado. Um casal entra no apartamento, come chocolate, dá uns amassos, e... some do filme. A cena com o traficante, é completamente esquecida. The Room parece ser um anti-filme, de tão mal construido que é o andamento do roteiro.

E, por ultimo, das coisas horríveis nesse filme : Tommy Wiseau é um homem muito, muito feio, e o filme nos força a vê-lo pelado umas 3 vezes. Sinceramente, ele parece um homem das cavernas depilado, ou como o Nostalgia Critic definiu : O "FABIO BIZARRO". Ambos são de origem desconhecida, tem um sotaque incompreensível, mas onde Fabio é, de acordo com editoras de romances baratos, "o homem mais bonito do mundo", Wiseau... faz Ron Pearlman parecer belo.

A essa altura, vocês devem estar achando que The Room é um filme horrível, e que deve ser evitado a qualquer custo. Mas a verdade, é que eu até gostei do filme. É uma obra tão mal feita, mal atuada, e sem sentido, que juntando com o sotaque misterioso de Wiseau, é simplesmente hilária. Wiseau mutila falas que ele mesmo escreveu, nada parece fazer sentido, e as expressões são um caso à parte. O filme é tão incrivelmente RUIM que ele transcende todas as fronteiras lógicas, e cai devolta em "bom", por algum processo incompreensível. Não é pra todo mundo, e as vezes parece que foi mal feito de propósito, tanto que os Trailers posteriores o vendem como uma "comédia de humor negro", belo saving throw aí Wiseau.

Aguardo anciosamente pela próxima "obra prima" de Wiseau, não são muitos os diretores tão "talentosamente ruins", os poucos que chegam perto do grau de "incompetência" de Wiseau são Uwe Boll e a dupla Freitzer e Seltzberg, mas estes são simplesmente ruins, não conseguem quebrar o medidor de ruindade a ponto de fazer o ruim ser bom, sendo ruim. Wiseau é o novo Ed Wood, ou assim espero.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Crítica: John Carter: Entre Dois Mundos

Bem, tá aqui uma crítica que eu estou devendo...

Se alguém acha que marketing ruim não tem como prejudicar um filme bom, eis a prova: depois de 74 anos de tentativas falhas, e precisamente 100 anos após o lançamento da história original, as histórias de Barsoom, de Edgar Rice Burroughs, finalmente chegaram aos cinemas este ano, e tiveram um fracasso estrondoso com John Carter: Entre Dois Mundos - o que é uma pena, pois o filme em si é excelente.


Tomando poucas liberdades com o material de origem,  John Carter conta  a história de, bem, John Carter (Taylor Kitsch, meio apagado no papel), um veterano da guerra civil que é transportado para Marte - ou Barsoom, como é chamado pelos nativos - onde se torna super forte e ágil por ter crescido na gravidade maior da Terra,  é capturado pelos selvagens Tharks, liderados por Tars Tarkas (Willem Dafoe) e resgata a estonteante princesa Dejah Thoris de Helium (Lynn Collins), prometida em casamento ao Jeddak de Zodanga, Sab Than (Dominic West). Da mesma maneira que os livros são supostamente histórias que o tio do autor lhe contou (dito tio seria o John Carter), o filme é contado como sendo Edgar lendo o diário do tio após sua suposta morte.

Onde o filme toma suas liberdades são pequenos elementos de cenário, combinando personagens supérfluos em um só, adicionando roupas aos marcianos (pois no livro todos andavam nus, a exceção de algumas jóias e bandoleiras), e introduzindo muito mais cedo os vilões da segunda história de John Carter, os Sagrados Therns e seu líder Matai Shang (Mark Strong) -e fazendo deles algo muito pior do que um culto religioso dos antigos marcianos brancos. E essa é a grande mudança do filme: enquanto o livro em que se inspira, "Uma Princesa de Marte",  gira em torno da Dejah Thoris, "Entre dois Mundos" monta os Therns como uma ameaça muito maior, fazendo deles parasitas alienígenas que manipularam a história de Marte e da Terra por milhões de anos (e sim, isso foi um baita spoiler, me processem). Também fizeram do líder Thark Tal Hajus uma figura mais ativa (no livro ele se resume a... ser um tirano e ficar sentado comendo como um porco), e tiraram as perucas "fabulindas" dos Therns. Também deixaram os Tharks um pouco menos enormes do que nos livros.

Visualmente, o filme não deve em nada - não a toa, já que os efeitos especiais ficaram por conta da Pixar - e a direção de Andrew Staton (Wall-E, Procurando Nemo) não é ruim. Onde ele peca em si são algumas atuações apagadas. O destaque visual vai para o Calot (o equivalente marciano para um cão) Whoola, que ficou simultaneamente feio pra caramba e adorável. Enquanto isso, o destaque atuação apagada vai infelizmente para Taylor Kitsch, que passa metade do filme sem um pingo de carisma. Depois que ele escolhe por Marte, aí são outros quinhentos.

Mas como foi que o marketing estragou John Carter? Comecemos pelo título: o livro se chama Uma Princesa de Marte, a primeira trilogia tem o apelido de John Carter: Senhor da Guerra de Marte (que é o título do terceiro livro), e o conjunto todo são as crônicas de Barsoom. O título do filme inicialmente seria John Carter de Marte "para não afastar o público masculino". Depois virou só John Carter, para não perder o público feminino, terminando com um título que não dizia porcaria nenhuma.






A Disney tinha ouro em mãos, com uma história que indiretamente inspirou toda a FC do século passado, a tal ponto que o filme foi acusado de ser clichê (sendo que o livro inventou a maioria dos clichês do gênero) e de "imitação de Avatar" - o que é realmente engraçado vendo que Avatar foi inspirado em John Carter. Raios, o Super Homem deve a sua existência a John Carter (originalmente, ele era um John Carter as avessas, que tinha super força por ter nascido em uma gravidade maior do que a da Terra). O que a Disney fez com isso? Tentou vender o filme como um filme de ação genérico, não mencionou em nenhum dos trailers que esse era o ano centenário da história, ou que ele tinha inspirado décadas de ficção científica. Pior: mudaram o título para não perder o público feminino, mas fizeram questão de esconder nos trailers o romance que é O CENTRO DA HISTÓRIA. O resultado: o filme bombou no mercado americano, o diretor da divisão de filmes da Disney se demitiu, e os projetos para Deuses de Marte e o Senhor da Guerra de Marte foram engavetados. Boa marketing...

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Nerd Sinal: Quando falamos de Política



Com um punhado de atraso considerável, eis o terceiro nerd sinal! Distopias, DLCs, a versão de PC de Dark Souls, e a incrível história da mulher duckface!

 Me desculpo pelos excesso de 40k do Fábio, pela súbita politização do podcast, e antes que alguém me ataque: não sou Lulista, achei o governo Lula acanhado e omisso em muitas questões. A questão que discordo é a teoria de conspiração da Veja de que o Lula tivesse sido ditatorial. Muito pelo contrário, o que faço é uma crítica também. Ao invés de ser mão pesada, o que o Lula fez foi afagar a oposição e ceder vezes demais.

O porque da súbita incursão no tema política? Bem, não dá para falar de distopias sem entrar em política. Não dá mesmo.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

DINO VINGADORES ROOOOOOOOAAAAAAARRRR!!!!!!

A desenhista Terryl Whitlach - uma das responsáveis pelo design de criaturas do episódio I de Star Wars - recentemente aproveitou o conhecimento adquirido quando estudava zoologia para fazer essa série excelente de imagens dos Vingadores como... dinossauros. Ou de dinossauros como os Vingadores, é difícil definir. de qualquer maneira, ela preparou um textinho explicando as escolhas, e isso só torna os desenhos ainda melhores, leiam e riam:

It was fun deciding what dinosaurs should be what characters. I ended up with an Ankylosaur as Iron Man (a no-brainer, as this animal is naturally armored), a Parasaurolophus as Captain America, just because I thought with that crest it would look really funny, a Triceratops as Thor, especially since when it grows up it is actually a Torosaurus, hence "Thor"-osaurus, and a T-rex as the Hulk so I could give it really muscularly odd little arms. It's a breath of fresh air to do fan art, and any excuse to draw dinosaurs is a good one!


Os desenhos você confere inteiros abaixo. O meu preferido pessoalmente foi o Hulkasaurus, nada mais hilário do que bracinhos minúsculos e bombados... O Capitão Paramerica também ficou engraçado por causa da crista, que deixou as asinhas e o A ainda mais "chamativos. Mais alguém acha que a ideia, por mais boba que seja, merecia uma minissérie?












Beware the Batman tem teaser.

Sabe, eu me surpreendo com a capacidade de certas pessoas de extrapolarem "fatos" sem informação nenhuma... Esta semana saiu o primeiro teaser de "Beware the Batman", um vídeo de apenas 23 segundos que se resume a uma tomada do Batmóvel em um túnel, e um close na cara do Batman, com a seguinte narração: "A todos aqueles que feririam os inocentes, eu lhes dou um único aviso: Temam minha ira." Não diz muito, só para chamar a atenção para o desenho, que deve estrear ano que vem no Cartoon Network.

Mas de alguma maneira a partir dessa narração e do pouco de cena, de alguma maneira certos "fãs" conseguiram "deduzir" que o desenho será: infantilizado, sem ação, com um Batman "amigável", cheio de "Biff" "Soc" e "Pow", entupido de piadinhas, e um remake do seriado do Adam West. Como que chegaram a essa conclusão, eu nunca vou entender. Certo que o casting de vilões está bizarríssimo, com mais inimigos do Dick Grayson do que do Bruce Wayne, mas a equipe por traz de Beware é competente - eu pessoalmente confio na capacidade do Glen Murakami (Teen Titans, Batman Beyond) e Mitch Watson (Scooby-Doo: Mystery Incorporated) em fazer algo bom, especialmente depois do Watson ter feito uma série legitimamente boa de Scooby-Doo. But Haters gonna hate anyway...