sexta-feira, 1 de junho de 2012

Crítica: Branca de Neve e o Caçador


Tem filmes que seriam melhores com outro título e com algumas pequenas alterações no roteiro. Obras que se propõe como adaptações ou releituras, mas que tomam tantas "liberdades criativas" que se tornam merecedoras de um nome completamente novo, e este é definitivamente o caso de "Branca de Neve e o Caçador". Embora seja um filme de fantasia sólido, e não "violente" o material de origem como certos outros filmes fizeram, é fato que o resultado é muitíssimo diferente do conto de fadas dos irmãos Grimm ou do clássico da Disney. Não precisamente em trama - que se manteve essencialmente a mesma - mas em tom. Coisa similar ocorreu com Beowulf, também um bom filme, mas péssima adaptação do texto mais antigo da língua inglesa.


Não que seja exatamente um comportamento novo de Hollywood tomar apenas a base de uma história, descartando os elementos marcantes de outras leituras. Afinal, Sherlock Holmes é um exemplo claro de como isso pode dar muito certo, embora "Branca de Neve e o Caçador" não tenha tanta sorte assim, e termina sendo uma versão fraca do que se propõe, mesmo sendo forte quando ignora-se o fato de ser uma adaptação.

Os problemas começam pela protagonista: não apenas Branca de Neve tem poucas falas, mas a atuação inexpressiva de Kirsten Stewart torna difícil manter interesse pela heroína, ainda mais quando Charlize Theron está "deliciosamente canastrona" como a Rainha Ravenna. Não ajuda a falta de profundidade da heroína. Enquanto o Caçador (Chris Hemsworth, vulgo Thor) recebe uma profundidade que nunca teve antes (se resumindo a não matar a princesa e levar um coração de cervo ao invés do dela), Branca é boa e pura e é a vida, e mais nada.

Se o filme talvez peque pelas liberdades criativas, como fazer da Branca de Neve quase uma metáfora para Joanna D'Arc, terminar o filme em uma batalha definitivamente épica, e adicionar um oitavo anão (embora o conto original fosse um número indefinido de anões), "Branca de Neve e o Caçador" se salva pela beleza visual. O roteiro de fato é fraco, confuso até, e as atuações poderiam ser melhores, mas as tomadas impressionantes de câmera, a maneira como o filme "traz a vida" cenários e criaturas fantásticas, e as referências a filmes de fato primorosos de fantasia em si já fazem valer o ingresso. Quem assistiu "História sem Fim" ou "Princesa Mononoke" certamente vai reconhecer algumas cenas. E o filme tem um bom equilíbrio entre o "real" e o "fantástico", coisa que Hollywood parece estar ficando cada vez melhor em manter.

O problema é o quão marcado na consciência coletiva a versão da Disney está - e pudera, não apenas foi o primeiro longa em animação, mas mesmo ignorando a importância histórica, é em si um trabalho de mestre. Coisa que esta leitura do clássico dos irmãos Grimm está longe de ser. E é claro, a tentativa de passar Kirsten Stewart como sendo mais bela do que Charlize Theron é quase uma piada. Pode não ser um bom "Branca de Neve", mas é certamente um bom filme de fantasia.


6 comentários:

  1. Em princípio vou ver o filme este fim de semana.
    Tu foste o primeiro de todos quanto eu conheço a dar a opinião, e para já é a que vale!
    Obrigado!
    :)
    De qualquer modo já estou a ficar um pouco farto destas adaptações muito livres de algumas obras emblemáticas culturalmente. Estou como tu, dêem-lhe outro nome!

    Abraço

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  2. Nunca que essa Branca de Neve seria mais bela que a bruxa, nunca que ambas as atrizes são suficientes para manter o filme em questão de qualidade, esse filme deveria ter o nome de Terra do NUNCA.

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  3. Mais um reboot, ou talvez, um re-re-re-re-re-re...re-boot. Mas tá na moda, né?

    Agora, esse eu vou aguardar o DVD. E, de preferência, pegando emprestado de alguém, para assistir na casa de algum amigo. Não tô a fim nem de pagar a conta de luz pra esse daí.

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  4. A única versão cinematográfica do conto que realmente vale ser assistida é "historia que nossas babas não contavam" o resto é dispensável.

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  5. Eu também mal posso esperar para assistir.

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