Em JCVD, Van Damme vive uma versão ficcional, mas nem tanto, de si mesmo. Um ator acabado, que não consegue papéis decentes, afundado em dívidas e perdido no meio do processo de custódia da filha, e que retorna a sua cidade natal de Bruxelas para "por sua vida em ordem". A situação parece estar no fundo do poço, e só piora quando Van Damme se vê no centro de um assalto a um posto do correio enquanto tenta fazer uma pequena transferência para pagar o seu advogado.
Em um filme normal do "músculo de Bruxelas", a situação seria resolvida na base de socos e pontapés, e Van Damme sairia do assalto um herói. Não aqui, onde sob a direção do franco-tunisiano Mabrouk El Mechri a situação se torna uma maneira perfeita de expor a diferença entre o Van Damme "astro" dos anos 80, e a figura patética que o verdadeiro ator se tornou. O que ocorre é ele pateticamente tentando resolver a situação, enquanto atua como negociador para os criminosos - e é visto pela polícia como sendo o líder dos assaltantes. Mas nada demonstra mais o quanto o "astro" e o "ator" são diferentes quanto a cotovelada patética, dada no lugar da elaborada sequência de chutes planejada na cabeça de Van Damme, quando a oportunidade de "ser o herói" finalmente surge.
O roteiro de El Mechri e Frédéríc Bénudis deu espaço para que o antigo astro de ação barata fizesse uma atuação comovente - e dolorosa - sobre sua própria decadência, e sobre como Hollywood e o culto ao sucesso destroem vidas. Em um toque audaz que só se vê no cinema europeu, o filme se interrompe no auge da ação para um monólogo de sete minutos que viola completamente qualquer ilusão de realidade da situação. Um monólogo direto do protagonista para o espectador, em que Van Damme expõe todos os seus fracassos e dificuldades profissionais e pessoais, dos múltiplos casamentos até a luta contra as drogas, com um grau imenso de sinceridade.
JCVD foi indicado a Palma de Ouro - algo que nunca se esperava de um filme do Van Damme - e talvez seja o único filme legitimamente bom na carreira do "Grande Dragão Branco". Não é difícil de achar nas locadoras. Isso deveria ter sido um retorno comovente para o ex-super star, mas infelizmente Jean Claude já retornou aos filmes de ação baratos. Uma lástima.
Uma lástima, lógico que 99% dos filmes que estrelou são substituíveis, mas sempre achei mesmo que ao contrário dos demais colegas de "porrada", ele podia fazer mais, muito mais, taí a prova, mesmo que ele tenha logo depois tido uma recaída artística...
ResponderExcluirRapaz nunca assisti esse filme, mas fiquei curioso, vou procurar e assitir.
ResponderExcluirCara, defina qualidade? Pois o Seagal tem trillers policiais ótimos como o "marcado para a morte" e o próprio jam cloud fandango estrelou "o grande dragão branco" que é sensacional.
ResponderExcluirBem... eu gosto de filmes de acção pipoca e Van Damme fez-me passar alguns bons momentos no "Crash, Bang e Kpow"!
ResponderExcluirNão tenho nada contra esses filmes, fazem-me relaxar rapidamente!
:D
Não sabia que ele tinha feito um filme com a sua queda na vida, pelo que falas até é bem capaz de ser interessante!
:)
Abraço
Quero ver...
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