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quinta-feira, 12 de julho de 2012

Preconceito: Nerds e Misoginia

Não deve ser novidade para a maioria de vocês a infeliz abundância de comentários e atitudes preconceituosas, excludentes e intolerantes dentro do meio nerd. Desde o desdém exagerado pelos fãs de certas obras literárias, séries, jogos ou filmes, até formas mais "mainstream" de preconceito, como coletivo os nerds são notórios pelo preconceito. E de forma até contraditória, vendo que esse é um grupo que é frequentemente discriminado.

Mas nenhuma forma de preconceito é mais palpável entre os nerds do que a "boa" e velha misoginia. E depois se perguntam o porque de tão poucas "garotas nerds". Desde coisas pequenas como o desdém aberto a qualquer "gamer chick" e a ideia de que uma mulher não pode ser nerd se for minimamente sociável, até o abuso do conceito de estupro, o linguajar nerd acaba transbordando de ódio pelo sexo feminino.

Expressões como "Tits or GTFO", "Go make me a Sandwich" e "Back to the Kitchen" não são "piadas inocentes", assim como a abundância de personagens femininas que se resumem a "peitos e bundas ambulantes" ou "um macho com tetas" não é de forma alguma inclusiva. Estupro e outras formas de violência sexual são tratadas com banalidade. E na hora dos insultos? Quando o interlocutor é homem, o mais comum é se atacar a capacidade intelectual, ou a masculinidade (em si já um problema). Mas quando se trata de uma mulher? O ataque padrão é acusar de ser "uma vadia".

Para que não achem que estou inventando coisas, tenho abaixo três casos importantes - apenas alguns dentre tantos milhares diariamente. Devido ao meu "sumiço", nenhum desses casos é exatamente recente, mas são todos emblemáticos - e não tão extremos quanto possam parecer.


Primeiro, um caso que a maioria já deve estar bem familiarizado: A não tão súbita demissão de Noah Antwiler/ TheSpoonyOne do Channel Awesome/ThatGuyWithTheGlassses. Embora o caso em si tenha apenas sido deflagrado pelo notório sexismo do Spoony, com a piada de extremo mal gosto acima, dirigida a uma colega de trabalho, Hope Chapman, o que me levanta este caso neste sentido é a reação da fanbase do reviewer. 

Spoony foi demitido/se demitiu após um verdadeiro piti no Twitter, como resposta a um artigo da também integrante do Channel Awesome, Obscurus Lupa (Allison Pregler). A reação do Spoony em si já foi péssima: xingando a tudo e a todos, e acusando Pregler de ser uma "vadia". Mas a fanbase dele foi pior: segundo alguns fãs no forum SpaceBattles, isso foi parte de um plano maléfico dela junto a ex-namorada do Spoony, Scarlet, e a diretora de RH do CA, Holly, para se livrar dele "porque é isso que vadias fazem quando os homens estão longe". Desnecessário notar: As três receberam ameaças de estupro, e Holly foi acusada de "prestar favores sexuais" ao fundador do CA, Doug Walker, porque "essa é única coisa para a qual vocês prestam". Mas os caras que falaram essas coisas juram de pés juntos que não são sexistas!

E embora Spoony tenha o seu site próprio, que não foi afetado em nada pela demissão, e garanta que a "vagabunda" não tenha nada a ver com a demissão dele, fãs do colherento continuam a atacar Pregler. Me surpreende que Chapman não tenha sido bombardeada com insultos e ameaças de estupro. 


O segundo caso - e no meu ver mais gritante - foi o da blogueira Anita Sarkeesian, do site Feminist Frequency:  depois de iniciar um kickstarter para a produção de uma série de documentários da série Tropes vs Women, analisando certos clichês e figuras narrativas comuns, desta vez em videogames, Sarkeesian se viu alvo de um bombardeio constante.

Ameaças de estupro via e-mail, via telefone, até via correio - páginas vandalizadas, comentários ofensivos diariamente, e tudo isso não como resposta ao que ela disse, mas porque ela iria falar sobre sexismo dentro da indústria de games. Não foram poucos os comentários, posts e vídeos - alguns bem longos - afirmando categoricamente que ela não tinha nada a falar porque "games não eram lugar pra mulheres" e que ela não passava de uma "sapata vagabunda".

A mensagem desses ataques é bem clara: mulheres, fiquem caladas, aceitem que para a indústria vocês são só pedaços de carne, e se quiserem se expressar, que o façam num cosplay borderline erótico. Nada de opiniões ou querer respeito!

Felizmente, esse caso específico não ficou perdido apenas em meio a comunidade nerd, e foi coberto pesadamente por colunistas e blogueiros de vários setores da mídia. Além disso, o ataque constante foi "positivamente não produtivo": além de Sarkeesian não se acovardar perante a investida machista contra ela, mas o ataque atraiu publicidade e apoio ao projeto, e o que seria uma série pequena por apenas U$ 5,000, agora arrecadou mais de U$ 150 mil.


O caso final é este cara: o britânico James "Grim" Desborough, um autor de livros de RPG que recentemente publicou um artigo intitulado "Em defesa do estupro". Embora não seja algo tão ruim quanto o título faz parecer, ainda é uma defesa feroz da ideia de que "mais jogos precisam envolver estupro" e que "estupro é um elemento de trama fantástico" que precisa "deixar de ser visto como algo ruim".

Ninguém ficou muito impressionado com o artigo de Desborough, e a usuária do fórum da RPG.Net, MalaDicta tentou organizar uma petição para que as editoras deixassem de publicar o material do inglês. E foi ai que a bomba de fato explodiu.

A maior parte dos usuários da RPG.net estavam de acordo com boicotar Desborough, e concordavam que boa parte do material do dito-cujo era absurdo - entre eles, um jogo de cartas em que o objetivo é cometer mais estupros, e um suplemento de D&D com centenas de magias e itens mágicos voltados para facilitar, adivinhem só... estupros!

Porém, para alguns, e para uma horda de fãs do "macabro", quem reclamou precisava "crescer espinha" e "estupro não era nada demais". O resultado deve estar bem claro por essa hora: MalaDicta foi alvo de ameaças de estupro via e-mail, no telefone do trabalho, na casa dos pais, e até pelos correios, e após uma amiga dela ter sido quase violentada, decidiu retirar a petição, para que os ataques parassem - e não pararam.

A pior parte é que Desborough saiu dessa história até o momento querendo fazer o papel de vítima, alegando não ser nada misógino - só vítima de um bando de "vagabundas sem espinha" que não entendem como estupro é legal e precisamos de mais rpgs sobre isso!

A questão é que isso não é legal, de maneira alguma. E da mesma maneira, não é algo que se trate, como alguns dos fanboys do Spoony, do Desborough, e alguns dos agressores da Anita Sarkeesian sugeriram, algo que "se leve na brincadeira". Ainda mais quando são pessoas que ao mesmo tempo que dizem que "não há misoginia na web" e "os homens sim é que são discriminados", ameaçam estuprar repetidas vezes uma blogueira por dizer o que ela pensa.

Se alguém quiser dividir suas histórias sobre misoginia, ou quiser fazer aquilo que já espero: me atacar, sinta se a vontade.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Millar: não compre quadrinhos digitais. Eu: qual o problema?

Eu não sou grande fã do roteirista Mark Millar, mas tenho que admitir que algumas vezes ele tem alguma razão: mais especificamente, a sua campanha de contra os quadrinhos em formato digital - exemplificada pela imagem ao lado, do seu blog - está parcialmente correta. Ressalto que eu sou a favor dos quadrinhos digitalizados - não tenho como adquirir muitos títulos que jamais seriam lançados no Brasil, e não vejo mais motivo para restringir o formato a mídia impressa.

Porém Millar está certo em uma questão bem simples: a proliferação de quadrinhos digitais com lançamento simultâneo ao impresso tem acelerado a morte das comic shops - uma questão que em pouco afeta o leitor brasileiro, eu sei, em vista da raridade destes estabelecimentos por aqui. E está é a única parte em que Millar está certo - embora a sua atitude na verdade não seja em defesa as lojas locais, e sim do seu conservadorismo retrogrado (quem está familiarizado com o trabalho dele sabe que isto é verdade).


Eis o comentário de Mark ao site CBR:

"I think digital could be a useful tool, but I'm increasingly concerned for friends in retail that they're going to get shafted here," the writer explained. "I really think day and date release is a disastrous idea and makes no economic sense at all to comics as a business. It's potentially ruinous for comic stores, and in the long term it's not going to do publishers any favors either. I see the attraction on a very superficial level. They think they're cutting out the middle men and all the guys taking a piece of their gross, but there's an equivalent number of hidden costs in digital too, and it's short term thinking to obliterate the life-blood of the medium.
Porém aqui faço questão de frisar que Millar tem razão em apenas um ponto: o de que os quadrinhos digitais estão matando as lojas tradicionais um pouco mais rápido - o comércio local de quadrinhos nos EUA está em queda já fazem alguns anos, e o e-business tem apenas acelerado o processo, não causado. Isso tem muito a ver com a crescente alienação das editoras com o público de base - as crianças - para focar quase que exclusivamente em colecionadores. De forma geral, o que Millar faz é tentar imputar os problemas das FLCS (Friendly Local Comics Stores) na venda digital - e demonizar a concorrência aos vendedores tradicionais. 



Também ressalto um detalhe importantíssimo: enquanto Millar tenta demonizar o formato digital com alegações de que seria apenas uma forma das editoras "cortarem o homem do meio" e aumentarem lucros, os principais aderentes da publicação digital são quadrinhistas independentes, que não teriam como publicar pelas vias tradicionais. As lojas de quadrinhos podem ser prejudicadas, mas a mídia como um todo está apenas ganhando através da digitalização - e ao contrário do que Millar faz aparecer, as editoras estão correndo atrás do formato digital, adotando ele com um atraso considerável: serviços como o ComiXology existem a mais de cinco anos, e apenas agora é que a publicação digital passou a ser simultânea com a impressa.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Depois da DC, Image investe no digital

Depois da DC, agora foi a vez da Image anunciar que os quadrinhos da editora estarão disponíveis em formato digital no mesmo dia em que chegam as bancas. Essa é a segunda editora a tomar a decisão, dessa vez através do serviço Graphicly - a DC preferiu usar do site ComiXology, enquanto a Marvel, que não faz lançamento simultâneo, tem como serviço principal o site Marvel Digital.

A plataforma também está disponível para usuários do Facebook e, para total integração, a editora transformará sua página nesta mídia social em um site navegável de comércio eletrônico. Assim, os usuários poderão comprar suas HQs sem precisar sair do site. A plataforma ComiXology também passará a disponibilizar a maioria dos lançamentos da Image. Entretanto, ainda não será toda a linha de quadrinhos da editora.

"Durante anos, os quadrinhos impressos ficaram dependentes de uma única rede de distribuição. Então, é interessante estar numa posição de utilizar uma variedade de diferentes plataformas digitais", explica o editor Eric Stephenson, em nota oficial. "À medida que os quadrinhos digitais continuam a crescer, é importante abranger as diferentes opções disponíveis."


Segundo o site Universo HQ, As primeiras publicações começam a ficar disponíveis já nesta semana. Dentre elas Chew, The Infinite, Severed, The Last of the Greats, Marksmen, Moriarty, Pilot Season, Red Spike, Red Gunther,SkullKickers, The Strange Talent of Luther Strode e Vescell.

domingo, 28 de agosto de 2011

ComiXology terá HQs da DC junto com as bancas

No final deste mês, o site ComiXology, com versões digitalizadas de HQs, estará disponibilizando as revistas da DC Comics junto com o lançamento delas nas bancas americanas, e não meses depois - finalmente oferecendo a DC um meio de concorrência com o serviço Marvel Digital, da concorrente Marvel Comics, e que oferece as revistas mediante mensalidade, e não através da venda de edições. A notícia foi divulgada em vários sites de quadrinhos, e o portal de entretenimento do Terra fez uma entrevista com o criador do site, John Roberts.

Agora se eu ao menos tivessem uma conta do ComiXology... Já tenho acesso ao Marvel Digital, cortesia do meu bom amigo Chris Mountenay.

X- Porcos?

Mais uma curiosidade no mundo dos quadrinhos : O desenhista Ian Andersen, do blog Citric Comics, recentemente publicou uma série de ilustrações reimaiginando os X-men como... porcos. Eu conheço Peter Porker, o presunto aranha, e quem pode esquecer do Porco Aranha, dos simpsons, mas isso já é ridiculo... e adorável.