quarta-feira, 13 de março de 2013

Oz: Mundano e Razoável

Como um bom prato, um bom filme é mais do que a soma de suas partes, e meramente ter um elenco de ponta, um bom material de origem, efeitos visuais de primeira , uma ótima trilha sonora e um diretor experiente não é garantia de que a receita vá vingar. Não são poucos os filmes que falham apesar de terem todos os ingredientes certos - ou que fazem um total desastre com eles, vide o fiasco que havia sido Duna, de David Lynch - e Oz, Mágico e Poderoso é mais um dos casos em que a receita falhou em algum ponto.

Baseado em vários fragmentos dos livros de L. Frank Baum, "Oz" propõe-se a servir como um prequel tanto para os livros de Oz quanto para o clássico filme de 1935 - uma missão ambiciosa, e que ao menos em termos narrativos o filme cumpre. Mas é nessa proposta que o problema começa... Em primeiro lugar, Oz quer ser um backstory de um filme que é considerado como um dos melhores já feitos - e fica muito aquém de seu antecessor. Em segundo, sendo baseado em fragmentos de livros de um cenário já muito expandido, não é de se admirar que hajam contradições entre Oz e a outra obra que se diz o prequel de "O Mágico de Oz" : Wicked, o musical.

Mas não é realmente nesse aspecto que Oz fracassa. Não, o fracasso está na maior bola de idiota já confeccionada na história do cinema... Não é preciso ser um gênio para notar que Evanora, a personagem de Rachel Weisz, é claramente maligna - e ainda assim ninguém parece notar até que é tarde demais. Se esse detalhe não fosse absolutamente central para a história, e Evanora não fechasse todos os itens da lista do tirano maligno, a ignorância da personagem de Mila Kunis quanto a maldade da irmã seria perdoável - mas aqui, a forçação de barra passa da conta, e temos um filme onde a vontade que dá é imitar o Caetano e lembrar tanto Theodora quanto Oz de como eles são burros. Meio irônico que uma obra cujo cerne é poder bruto (mágico no caso) sendo derrotado por inteligência sofra de alguns dos personagens mais burros dos anos recentes.

Uma pena, porque depois do ponto em que a ficha cai o filme pega ritmo e jeito, e fica novamente bom - não fosse pela abissal atuação de Mila Kunis. Eu entendo que ela está tentando copiar o filme de 1935... mas acontece que isso não deu certo. Vale lembrar que Oz é um filme infantil, e sofre das tipicas atuações exageradas do gênero, mas o trabalho de Kunis devora o cenário demais até para isso.

E perto das sólidas atuações de James Franco, Rachel Weisz e a boa dublagem de Zach Braff (como o macaco mais perturbador já gerado por CGI), a canastrice de Kunis vira uma mancha asquerosa em uma série de atuações agradáveis. Nenhuma digna de prêmios, mas nenhuma ruim - salvo pela notável atuação da pequena Joey King como a garota de porcela e Michelle Williams como a bruxa boa Glinda, marcada por um ar de esperteza maior do que o do protagonista. Ambas muito boas nos seus papéis.

Se o roteiro e a atuação pecam ambos por causa do personagem de Mila Kunis, em termos técnicos "Oz" não tem nada a dever - os cenários são fantásticos porém críveis, com cores vivas raramente vistas em filmes recentes, e de um esplendor sem par. Não sem motivo, parecem um tanto artificiais de maneira a emular os fantásticos cenários pintados do clássico. Junte isso a uma trilha sonora de Danny Elfman, e se a narrativa não agradar, a estética pode até salvar a noite. Mas como muitos filmes em 3d, "Oz" segue a metodologia do "deixe me jogar um barril nele": ao invés de usar o 3d para dar profundidade as cenas como um todo, o filme vive de arremessar/balançar/meter coisas diretamente contra o espectador - e isso além de incomodo e pouco imersivo, também torna a experiência horrível se visto em 2d.



Ainda assim, embora esteja longe de ser um filme legitimamente bom, "Oz" é um filme divertido, e que merece algum destaque por ser um raro caso contemporâneo que não preciso "badassificar" os personagens  - ao contrário de Branca de Neve, por exemplo, o que resultou num razoável filme de fantasia, mas um terrível Branca de Neve - e no qual é possível para os heróis vencerem sem precisar apelar para a violência: como qualquer um familiarizado com o cenário todo de Oz, o "mágico" derrota as bruxas sem tocar um dedo nelas, apenas através de prestidigitação e truques circenses. E essa nova tentativa de contar o passado do "grande" mágico mantém isso. Definitivamente não vale uma entrada inteira no cinema, mas pode valer a meia - ou esperar para ver na TV ou no Netflix.


quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

EA sediará conferência sobre direitos LGBT. Ao menos uma coisa boa vinda deles

Por piores que sejam as práticas comerciais e empresariais da Electronic Arts - e são de fato horríveis, incluindo a crescente dependência de micro-transações nos jogos da empresa, e a recente "propostameaça" de aumentar o ponto de preço padrão para US$ 70 - tem algumas coisas que os malditos fazem que são dignas de respeito.

E uma dessas coisas é o tratamento que eles dão as questões LGBT - enquanto muitas das outras softhouses estão "nem aí" e algumas como a Epic não vêm problemas em contratar notórios ativistas contra os direitos civis de homossexuais como Orson Scott Card, ao menos nessa questão a EA sempre se posicionou positivamente, como quando, junto a outras 40 empresas, se posicionou contra uma peça de legislação que nega diversos direitos a casais homoafetivos. Isso além de ser uma das poucas empresas que costuma incluir conteúdo LGBT igualitário em seus títulos - e não meramente "colocar lésbicas para fanservice". Estou olhando para vocês, Compile Heart e D3...

E porque eu estou falando tudo isso a respeito do "Grande Satã" da industria de games? Beem... porque a EA está fazendo algo inovador e que exige um bocado de coragem nesse front: semana que vem, junto a Human Rights Campaign - um dos maiores grupos ligados a direitos LGBT nos EUA, antes que acusem a EA de fazer "um stunt publicitário e nada mais -  a Electronic Arts estará sediando a primeira grande conferência sobre as questões LGBT em Games. Também estão envolvidos no evento entidades como a Human Rights Coalition e a Ford Foundation.

Eis os tópicos que serão abordados, segundo o convite recebido pelo Kotaku.com:
  • A origem da homofobia em games.
  • O desenvolvimento de legítimos cenários e personagens LGBT.
  • A diferença entre linguagem exclusiva e inclusiva.
  • Criando e promovendo ambientes de trabalho inclusivos para funcionários LGBT na indústria de entretenimento digital.
Hipocrisia: isso é "ofensivo e excludente", segundo homofóbicos
É uma jogada ousada, mas que já deveria ter sido feita há muito tempo - não custa lembrar que esse é o meio em que ofensas e ameaças foram disparadas, e páginas foram depredadas e derrubas da web em resposta a sugestão de uma vlogueira falar sobre questões de gênero em games. E no qual a mera existência de opções LGBT em Mass Effect 3 e Dragon's Age 2 causaram furor na internet (houveram outras causas para nerd rage, fato - mas ainda houve muita gente ofendida meramente com a possibilidade de jogar com um homem gay; poucos reclamaram das lésbicas), e em que a adição de conteúdo LGBT em Star Wars: The Old Republic foi recebida com ameaças de boicotes. E jamais vou entender porque homofóbicos se sentem ameaçados por inclusão...

Mas isso dividiu a opinião da mesma bandalhada que reclamou
da primeira imagem... 
Sim, há muito de condenável na EA - e na indústria de Games como um todo, vendo que as práticas nocivas da EA são adotadas também pela Activision, Ubisoft, Capcom, Bandai Namco (que fez um dos mais extremos esquemas de "Pay to play" de tempos recentes), entre outras - mas façamos um favor de reconhecer quando eles fazem a coisa certa, mesmo que tardiamente. E podem ter certeza: a mera ideia dessa convenção será recebida com hostilidade por muita gente, o mesmo tipo que se sentiu excluído quando Mass Effect incluiu opções de relacionamento gay. E por gente que acha que é um assunto "irrelevante", que não lhes afeta e que não deve ser discutido nunca...

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Três "Badasses" que causam mais estrago do que bem

Se tem uma coisa que faz muito sucesso em quadrinhos, e felizmente não tem um respaldo tão grande na vida real, são vigilantes durões e "sem piedade". Enquanto no mundo das HQs a ação deles acaba com o crime, no mundo real vigilantismo tem consequências trágicas... Mas será que mesmo no mundo dos heróis de colante esses vigilantes fazem tanto bem assim? Para seu bel prazer, três caras "durões" que talvez devessem repensar como lidam com o crime.

Antes que eu seja alvo de críticas dizendo os métodos deles são "a única solução" e a situação dentro das HQs assim o exige, permita me uma réplica prévia: esse artigo não trata de como os roteiristas tratam a situação, mas sim de como ela transcorreria se as consequências desses métodos fossem levadas a sério. E antes que venha a brigada do "bandido bom é bandido morto" e "a polícia tem que ser mais dura com o crime", ressalto que nossa polícia já é uma das mais duras do mundo. Obrigado.

Rorschach (Watchmen)

Comecemos pelo último vigilante ativo em Watchmen, o caso mais claro do problema mental desses caras, ok? Rorschach pode parecer bem intencionado em sua política de "piedade zero" com o crime, bem definida em uma fala brutal e simples: "Homens vão para a cadeia, cães vão pro abate". Só que... dá pra confiar em alguém como o "bom" e velho Walter Kovacs?

Rorschach dispensa violência como o quarto Doutor dispensava jujubas - isso pode servir para punir os criminosos, mas não é exatamente uma política inteligente quando executada por um homem que é incapaz de diferenciar um criminoso perigoso de um lunático inofensivo. Fato demonstrado por ele ter matado o Capitão Carnificina - um masoquista inofensivo que importunava "vigilantes" por gostar de apanhar. E ao mesmo tempo, ele defende fervorosamente um psicopata, estuprador e assassino, o Comediante. Hipocrisia, será?

Não apenas isso, mas Kovacs não é capaz de se encarar no espelho e notar sua própria hipocrisia. "Porque sobram tão poucos de nós ativos, saudáveis e sem problemas de personalidade", ele diz - e ignora que ele é a ultima pessoa em Watchmen que poderia ser definida como saudável ou sem problemas de personalidade. Ao menos Rorschach tem a decência de reservar a pena capital para aqueles criminosos que matam - mas julgando pelo incidente acima, dá pra confiar nas investigações dele?


Método de investigação: torturar qualquer um que possa
ter o minimo de ideia do que está rolando. super eficiente
 E vale lembrar que a forma peculiar da criminalidade pré proibição do vigilantismo em Watchmen se dava como resultado desses "heróis mascarados" como Rorschach. O último resquício de uma era que se acabou, Kovacs ainda age como se investir tempo e dinheiro - que ele obviamente precisa para outras coisas, vendo que ele é um mendigo - para prender ladrões de bolsa, gangbangers e pequenos traficantes é um bom plano.

Como resultado disso, temos um punhado de criminosos aleijados, um punhado de inocentes igualmente aleijados, confundidos pelo nosso "herói" com criminosos - e vale lembrar que a visão absolutista dele vê praticamente todo mundo como digno de punição - para que alguns desses criminosos pudesse ser levado a justiça; o que é meio difícil quando as ações dele estragam todo o processo da polícia.

No final das contas, a única ação realmente construtiva do Rorschach foi desvendar o plano do Ozymandias - fora isso, os resultados maiores das ações dele são policiais feridos, suspeitos aleijados e contas imensas para a saúde pública. Kovacs pode não ter sido responsável pelo crime que o jogou na prisão - mas certamente merecia estar lá. O cara ateou fogo em um policial, só para começar. O que tens a dizer em sua defesa, Rorschach?
Isso... Isso não é nem uma palavra...

Frank Castle/Justiceiro (Marvel)

Mas Kovacs é fichinha perto do estrago causado por Frank Castle, o justiceiro - ou melhor, o punidor, já que o nome dele em português definitivamente não se aplica. Já demonstrando um pensamento super racional, Frank Castle é o incrível homem que após perder a família no fogo cruzado entre dois grupos de mafiosos, decide matar todo o crime. Antes de eu entrar em detalhes de como esse plano já deu muita merda e como ele não pode dar certo, quero levantar um pequeno ponto aqui: muitos dos criminosos que Castle executa a torto e a direito tem eles também família e filhos - que ou vão ficar desamparados, ou vão correr atrás de vingança.

Não só isso, mas Castle reserva uma única pena para os criminosos: a morte. Seu absolutismo moral vai a ponto de cogitar suicídio por ter matado um inocente sem querer. Castle já matou policiais por "não fazerem o seu dever" em sua visão - um incidente notável disso foi a morte do Stilt-man durante a Guerra Civil da Marvel. Reformado e fora do crime havia anos, o ex-super vilão estava trabalhando junto à polícia para proteger um pedófilo na mira da máfia. Dito molestador era testemunha em uma investigação de um círculo de prostituição infantil. O que Castle fez? Matou os dois, executando um homem que já havia pago por seus crimes e estava tentando se reformar, e eliminando uma testemunha importante de um crime maior. Belo trabalho, Frank... (isso está em Punisher War Journal #3, para quem quiser verificar a burrada).

Nada do que ele faz é por "justiça" - ou ao menos assim é nas mãos do escritor mais consistente do anti-herói (que pra mim é um vilão, fala sério), Garth Ennis. Alguns tentam fazer ele parecer um bom homem, mas... dá pra chamar de uma pessoa boa alguém que já matou 68 pessoas em uma noite? E que já usou de armas nucleares contra criminosos comuns? Ressalto que ele surgiu não como um herói, mas um vilão menor na revista do Homem-Aranha.

E antes ele se restringisse a essas cagadas "quando as coisas dão errado", mas não somente ele ativamente vai atrás de criminosos para matar, mas estes nem precisam estar cometendo algum crime para entrarem na hit-list do "Justiceiro" - após o assassinato do Stilt-man, não contente em matar o cara quando ele estava tentando agir dentro da lei, Castle invadiu o funeral dele, atacando todo mundo que lá estava - resultando em queimaduras de segundo grau e intoxicações devido as bombas de fumaça. Boa parte dos convidados haviam largado o crime, alguns estavam sob escolta policial, recebendo indulto para ir ao funeral do antigo amigo - E alguns eram heróis, como o Homem-Aranha, por exemplo.

O que resultou numa merecida surra.
Uma das ações dele até resultou em problemas posteriores para outro herói: o cadáver do Halloween, um vilão menor que estava trabalhando junto a S.H.I.E.L.D durante a Guerra Civil, serviu como um dos hospedeiros do diabo nos quadrinhos do Motoqueiro Fantasma. No mesmo evento, ele ainda atrapalhou a resistência (a qual ele quis se juntar) ao executar dois vilões menores que tentaram se unir ao grupo anti-registro em troca de leniência nas penas quando a guerra acabasse.

E isso tudo nem começa a cobrir as atrocidades e cagadas do caveirudo. Com um kill count total na casa dos milhares (ao menos quatro mil mortes), é de surpreender que a Marvel ainda trate Castle como um "anti-herói" quando o Flagelo do Submundo, outro matador de criminosos, é tratado como um monstro e não chega a ter 50 mortes confirmadas... Sim, Castle pode ter destruído círculos de prostituição, como ocorreu no arco "The Slavers", da série Punisher MAX - mas a quantidade de mortes nas suas mãos, e o número de testemunhas para outros crimes que ele executou por "terem culpa" lhe dão um saldo negativo, no final das contas.

E isso ter acontecido não é pena o bastante.

Batman (DC)

Ah, Batman... um dos mais velhos vigilantes das HQs, o supremo protetor de Gotham, o cruzado encapuzado, o cavaleiro das trevas - e o maior desperdício de recursos dentro do universo DC. Não me levem a mal: eu adoro o Batman como personagem, mas quando se olha a cena maior em Gotham, ele é claramente um problema. 

Assim como Rorschach e o Justiceiro, o problema do Batman começa na metodologia e na visão de mundo: Bruce Wayne pensa que pode resolver o problema da criminalidade meramente socando o crime na cara, sem lidar com as causas. É claro que quando alguém como o Duas Caras dá a cara a tapa, ou o Coringa arma mais um plano maluco, o método do Batman resolve. Mas quando se trata do quadro de desigualdade e criminalidade intensa de Gotham... o Bat-método é uma desgraça.

Wayne gasta bilhões em bugingangas contra o crime, enquanto ignora a miríade de problemas sociais que cercam Gotham City. "Mas espera, e a fundação Thomas e Martha Wayne", você pergunta... Pois então... Obviamente que a Waynetech não pode gastar bilhões em "Batman" e "Liga da Justiça" - isso iria escancarar ao mundo que Bruce Wayne é o Batman, ou ao menos que Bruce Wayne financia o Batman, não? Afinal, não dá pra esconder o desenvolvimento de algo como o satélite da Liga da Justiça... 

E curiosamente, toda vez que essa fundação é abordada nas histórias, ela sofre de falta de recursos, embora seu orçamento seja multi milionário, porque será? Teria algo a ver com lavagem de dinheiro? Só especulando aqui, mas acho que os "programas sociais" de Bruce Wayne são apenas o disfarce pros gastos do Batman. Enquanto isso, as crianças que seriam beneficiadas pela fundação Thomas e Martha Wayne seguem largadas a própria sorte - Dark Knight Rises tratou da falta de fundos da ONG como resultado da quase falência da Waynetech, mas nos quadrinhos e séries animadas, mesmo com a empresa "no topo", a fundação sempre está sem dinheiro. Para custear a cruzada de um homem só contra o crime do Bruce, é claro.

Robo-batmen: um futuro possível
para Gotham
O resultado desse investimento milionário? Da mesma maneira que os criminosos de Metropolis (muito menos numerosos, por sinal - Metropolis tem mais super criminosos, mas menos mafiosos e traficantes, julgando pelo que nos é mostrado) se armam para lidar com o Super Homem, o crime em Gotham se equipa para lidar com a ameaça do Batman, muito maior que o orçamento e treinamento da polícia permite lidar. No caso do Super-homem, não há como o homem de aço igualar as coisas - Wayne não oferece os seus recursos consideráveis, embora possa fazê-lo, porque? Uma hora o Batman vai morrer - seja pela idade, seja um erro cometido pelo morcegão, seja um vilão de sorte - e o Gotham vai pagar o preço dessa corrida armamentista entre Wayne e o "crime".

Irmão Olho: a ditadura da máquina,
engendrada pelo Batman.
Não que ele não tenha "soluções a longo prazo" - mas nenhuma delas é benéfica para a sociedade, até porque a meta dele não é bem fazer o bem, sabe... Temos o cenário apresentado no Reino do Amanhã, onde a segurança de Gotham é preservada por um pelotão de robôs Batman, que punem rigorosamente todo e qualquer crime; O estado policial grotesco e ineficiente de Dark Knight Returns, que só é "resolvido" através do retorno do Batman e seu método de "socar o crime na cara"; o também autoritário estado de Dark Knight Rises, onde crimes são punidos sem julgamento e sem direito a defesa, sob uma lei baseada em uma farsa; e o cenário pior, onde a "justiça" mundial é preservada pelos O.M.A.C.s sob comando do satélite Irmão Olho - talvez a coisa que mais deponha contra as boas intenções do Batman.

Fascismo para combater fascismo: The Dark
Knight Returns resumido por David Willis
"Ah, mas e a Bat-Família? Os Robins, a Batgirl, etc? Eles não fazem diferença?" Fazem, até que fazem sim - mas ainda assim o morcego não é uma boa influência, e todos os resultados positivos destes vieram de sair de perto do Batman: Dick Grayson esteve perto de resolver os problemas sociais de Blüdhaven ao atacar as causas e ajudar os jovens a sair de uma vida de risco, como Asa Noturna. Barbara Gordon teve um impacto imenso no crime em Gotham como Oráculo ao monitorar os problemas na raiz, e tanto Jason Todd quando Tim Drake parece ter mais resultado solo do que tinham ao lado do Batman.

Ao menos ele não mata, mas aí temos um outro problema que é ele não deixar que matem ou morram na frente dele... dá pra entender ele achar que um Victor Fries ou um Basil Karlo tem chance de recuperação, ou ele querer salvar Harvey Dent (um amigo pessoal, e pelo qual Wayne gastou fortunas... curioso como ele não move um centavo pra ajudar Fries, que é muito menos perigoso que Dent). O que pode ser questionado é ele impedir que a justiça execute um criminoso irrecuperável como Victor Zsasz, ou o Coringa - ou pior, ativamente salvar a vida do Coringa quando este iria cair para sua morte(ao final de "Death of the Family", ação que lhe custou a confiança da "bat-família"). E tem um grande debate sobre a eticidade de matar o Coringa.

Mas sua fúria não é homicida, e se virou
contra o crime. Fora isso, são bem parecidos.
O problema maior do Batman é que ele parece carecer de empatia - mesmo suas relações com a "Bat-família" são meramente funcionais, sem dar qualquer importância até que um deles morra ou seja aleijado para gerar drama. Wayne nunca demonstrou se importar por Jason Todd até que ele morreu - e tão pouco se importava com os problemas de Barbara Gordon até ela ser aleijada pelo Coringa. (E depois disso se importou tão pouco que não ajudou ela a voltar a andar depois de arranjar como regenerar sua espinha quando Bane a quebrou...). Não a toa Christian Bale foi escolhido para o papel do Bruce Wayne: ele praticamente é o Patrick Bateman, pombas morcegos!

Não que ele seja o único assim: Oliver Quinn, o Arqueiro Verde, era outro que achava que o problema do crime se resolvia com "esse que é irmão desse", e só passou a olhar para as causas quando perdeu sua fortuna. Depois de minguar na pobreza, Quinn se dedicou a resolver o dilema da desigualdade social - e basta olhar para a diferença entre Star City e Gotham pré novo 52 para ver qual das duas estratégias dá mais resultado. Tendo dito tudo isso... eu ainda gosto do Batman - mas no contexto geral, ele é um dos maiores problemas de Gotham. Seus métodos podem resolver o problema pontual, mas no longo prazo não apenas nada fazem para lidar com as causas, como também agravam a ameaça apresentada pelo crime.

Encerro com a equipe do After Hours comentando porque o Batman é terrível para Gotham.

Cartunista palestino preso em Israel

E agora para um assunto muito mais sério... O cartunista palestino Mohammed Saba'aneh, contribuidor do site de jornalismo em quadrinhos Cartoon Movement, foi preso por autoridades israelenses no último sábado, segundo o blog do Cartoon Movement. O governo israelense, como de costume, não informou sob que acusações Saba'aneh foi preso - e segundo o blog e o Commitee to Protect Journalists, Saba'aneh está detido sem acesso a um advogado.

A ONG de proteção a categoria já pediu a soltura de Saba'aneh, que atua produzindo charges para o Al-hayat al-jadida, o jornal oficial da Autoridade Palestina. Seus desenhos frequentemente comentavam as questões de política e direitos humanos cercando o território palestino. Segundo notícias, Saba'aneh já estava detido desde o dia 16 deste mês, preso enquanto cruzava o checkpoint da Ponte Allenby ao retornar de uma conferência na Universidade Árabe. Na quarta feira passada, uma corte israelense estendeu sua detenção por mais nove dias - mas até agora, não ouve qualquer acusação formal contra Saba'aneh.

As autoridades israelenses afirmam Saba'aneh estaria sob investigação por ter "prestado serviços" a "organizações hostis" não especificadas, segundo o jornal Al-hayat al-jadida. De qualquer maneira a prisão ainda não explicada não depõe bem para o lado de Israel, colocando o país judaico em uma situação parecida com a da China e do seu rival Irã - ambos conhecidos por prender artistas sem dar muitas explicações dos porquês da detenção.

Saba'aneh já esteve nos EUA como parte do programa International Visitor Leadership, do departamento de Estado americano, em 2010 - um sinal de que ao menos então o cartunista não era visto pelos EUA como uma ameaça. Resta saber se agora o governo de Barack Obama vai exigir explicações, ou simplesmente aceitar as mediadas de Israel sem explicações.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

SkullGirls deve ter ainda mais personagens novos!

E parece que a campanha de arrecadação de fundos da Lab Zero está sendo um imenso sucesso  - em apenas um dia, a meta de US$ 150 mil foi superada, e foram arrecadados US$ 184 mil para adicionar a nova personagem Squiggly ao jogo. E como resultado, segundo o site Siliconera, a empresa anunciou ainda mais personagens se os fundos continuarem crescendo.

Pra começar temos o grandalhão ao lado, já prometido antes: Big Band deve ser lançado se alcançarem US$ 375 mil, e terá um cenário próprio se a arrecadação chegar aos US$ 400 mil. Com outros US$ 200 mil, a Lab Zero promete um outro personagem escolhido por votação - por ora foram reveladas nove opções, mas o estúdio promete mais alternativas a cada US$ 20 mil. Se a soma total chegar a US$ 625 mil, o personagem mais votado ainda terá direito a cenário próprio e um modo história - nada mal heim?

Muita gente a revelar ainda...
Ainda restam 29 dias para juntar fundos, e agora eu levanto uma pergunta... se passar dos US$ 625 mil, poderemos ter um quarto personagem? Segundo o estúdio, a lista de perfis abaixo foi pensada para três jogos. Há chance de termos todos eles como DLC? Se seguir no mesmo ritmo (improvável, eu sei), ao final dos trinta dias teremos US$ 5,52 milhões - o suficiente para 22 personagens, com o custo de US$ 250 mil por lutadora do jogo original. Seria o bastante para Skullgirls 2? Francamente, espero que sim. E que continue entrando grana! Agora, alguém com um Cartão de Crédito internacional poderia me ajudar a contribuir?


E mais um Robin vai morrer...

R.I.P, de novo? Antes Batman R.I.P., agora
Robin R.I.P?
E parece que a DC decidiu matar mais um Robin... ou ao menos é o que informa o New York Post - segundo o jornal, o atual "garoto prodígio", Damian Wayne, deve bater as botas em luta contra um clone maligno na edição de nº8 de Batman Incorporated, que chega as bancas amanhã.

"Ele salva o mundo. Ele faz seu trabalho como Robin e morre como um herói absoluto", comentou Grant Morrison sobre a história, em que o filho de dez anos do Batman irá lutar contra um "forte assassino" clonado dele - e o morcegão chega tarde demais para salva-lo. "É sobre a família indo para o inferno. Os dois adultos da história são culpados. O garoto é o bonzinho", define Morrison.

Ok, eu não tenho problemas com matarem mais um Robin - afinal, ao que parece a "Bat-família" existe apenas para se ferrar e servir de fonte de mais angst para o cruzado encapuzado. O que me incomoda é o seguinte: Este mês tivemos a conclusão do arco de história "Death in the Family", em Batman nº 17 - e velhos leitores devem lembrar que o Morte na Família original foi a história que terminou com a morte de Jason Todd (agora que eu paro pra pensar no nome... esse rapaz estava condenado desde o início). O novo Morte na Família terminou sem morte alguma... e no final do mesmo mês, vocês matam outro Robin em uma trama não relacionada? MAS QUE DIABOS DC?!

Esperar amanhã pra ver como vai terminar isso - e quanto tempo leva pra trazerem o moleque de volta.

PS4 terá todos os jogos em versão digital

E parece que minhas especulações junto a um amigo meu estavam certas: segundo uma entrevista de Shuhei Yoshida para o The Guardian, a Sony pretende disponibilizar todos os títulos do PlayStation 4 para download - como já ocorre com o PS Vita.

Francamente, esse direcionamento não me surpreende, e ao que parece Yoshida é da mesma posição que eu: o modelo digital oferece mais flexibilidade e permite que a empresa diversifique os pontos de preço dos jogos.

"Nós estamos movendo nossa plataforma mais e mais para o lado digital", ele explicou. "O PS4 será similar ao PS Vita em que todos os jogos serão disponibilizados como download digital, e alguns também serão lançados em disco". Apesar disso, segundo Jim Ryan, outro executivo da Sony, o BluRay vai continuar sendo a principal plataforma do PS4 - não sei se isso foi pra acalmar quem é contra o modelo digital, ou se alguém não passou o memorando pra ele.

Entre os jogos que serão lançados somente digitalmente, diz Yoshida, está The Witness, um puzzle independente que dificilmente conseguiria um lançamento em mídia física. "Por causa da flexibilidade do esquema de distribuição digital, nós podemos ter mais jogos pequenos que podem ser gratuitos ou custar um punhado de dólares, ou serviços diferentes como Free-to-play ou modelos por assinatura", comentou Yoshida. Esses modelos por assinatura seriam como um serviço de TV a Cabo, diz Yoshida - algo como jogos em nuvem por assinatura? Não entendi muito bem, então é esperar para ver.

O que isso pode significar para o futuro? Acho que o resultado mais direto é não ter que se preocupar mais se o jogo que você quer vai dar as caras em uma loja por perto - isso em si pra mim já seria bom o bastante. Mas a possibilidade de assinar pacotes de jogos, como uma versão melhorada do Playstation Plus, é ainda mais atraente. Que o modelo de certo então. Não nos decepcione, Sony.

Com informações da IGN.com e The Guardian.