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domingo, 15 de maio de 2016

Robôs gigantes e paradigmas culturais, uma leitura breve.

Sym bionic Titan: uma carta de amor ocidental ao
jeito japonês de fazer robôs gigantes. 
Sim, cá estou eu novamente falando sobre robôs gigantes. Depois de falar das ligações do gênero com o Horror, com a literatura Ruritânia e com a literatura de Guerra, agora a abordagem é outra: como a indústria cultural americana e japonesa lidam com esse conceito - e a acreditem, as diferenças são tão intensas quanto entre a noite e o dia.

Então para melhor entendermos quanto as obras de robôs gigantes dos dois lados diferem, vamos aprender um pouquinho sobre como cada lado do globo lida com o gênero, e aí ver onde que há uma certa mescla entre os dois tratamentos?

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Os 13 melhores Monstros Gigantes

Assim como robôs gigantes, Monstros gigantes são um clássico da cultura pop, indo desde animais gigantes (como os que o SyFy despeja sobre audiências inocentes todo ano) até abominações criadas por ciência insana, os horrores da era atômica, ou que simplesmente vieram do espaço. Seja estrelando filmes focados neles, ou figurando em filmes de terror, fantasia e ficção científica, eles estão presentes ano após ano. Então com vocês, os 13 melhores monstros gigantes do cinema (na minha opinião).


13 O Perfurador - Transformers Dark of The Moon

O “bichinho de estimação” do Decepticon Shockwave no terceiro filme dos Transformers é um caso estranho: ele parece completamente deslocado e reza a lenda que era de outro projeto (embora ele lembre muito um monstro do desenho). Mas não há como negar que esse verme mecânico seja impressionante, gerando algumas das melhores cenas de um filme que, como um todo, é fraco. Ainda assim, não dá pra não incluir essa versão mecânica dos próximos colocados nessa lista.


11 e 12 Graboids/Shai Hulud - Tremors/Duna

Os menores monstros nessa lista, os Graboids de Ataque dos Vermes malditos só são gigantes no começo de sua vida, quando são vermes gigantes comedores de gente guiados por sonar. Com um dos ciclos de vida mais estranhos em um filme de terror, com a idade o verme se rompe revelando um punhado de criaturas ambulantes (com visão térmica), que crescem em criaturas voadoras que peidam fogo. E tudo isso feito com efeitos práticos. Exceto as cenas de voo.


Dividindo a posição com os Graboids ficam os vermes da areia de Duna, praticamente uma versão gigante da forma vermiforme dos Graboids. Onde os primeiros comem gente, estes comem instalações inteiras. Sei que é meio que trapaça incluir dois na mesma entrada, mas eles são parecidos o bastante para contar - e é inegável que os Graboids tenham sido inspirados nos “criadores” do clássico de Frank Herbert, adaptado duas vezes para as telas - uma delas para o cinema. Pena que nenhuma tenha explorado o bizarro ciclo de vida dos vermes.


10 Otachi - Pacific Rim

Meu favorito entre os Kaiju de Círculo de Fogo, Ootachi é um daqueles casos em que o monstro lembra vários animais sem ser nenhum, resultado do design de Wayne Barlowe. A postura lembra um pterossauro, a língua lembra um camaleão, e a cabeça parece a mistura de um camaleão com um morcego. A papada lembra um sapo, e o jato de ácido remete a serpentes que cospem veneno. Mas nada é mais curioso que a cauda, dotada de uma terceira mão. Otachi é um dos monstros mais bem sucedidos do filme e mesmo morto ainda causa algum estrago com seu “filhote”.






9 A coisa na névoa - O Nevoeiro

Um dos muitos seres bizarros a assombrar uma pequena cidade no Maine depois que um experimento militar “rompe a realidade”, essa criatura impossivelmente alta passa o filme inteiro no fundo, alheia aos movimentos na nevoa. O que é? De que realidade veio? Seria ela um gigante gentil, ou sua passividade é só resultado de não perceber as pessoas ao seu redor? Com suas proporções descomunais, é tranquilamente o monstro mais marcante em um filme repleto de seres completamente alienígenas e ainda assim estranhamente familiares.


8 Stay-Puft Marshmallow man - Caça Fantasmas

No clímax de Caça Fantasmas, o horror cósmico Gozer deixa nas mãos dos nossos heróis a “honra” de escolher a forma que ele usará para destruir o mundo. Evitando pensar em qualquer coisa, Ray Stanz pensa na coisa mais inofensiva que pode imaginar: o mascote de uma marca de Marshmallows. O resultado é esse gigante “amigável” que devasta Nova York antes de ser destruído em uma manobra desesperada. E não, ele não é o mascote da Michelin.


7  Gigan - Godzilla vs Gigan

Vamos tirar isso do caminho: sim, ele é algum tipo de galinha espacial gigante. Maaaas é uma galinha espacial gigante com uma serra giratória. Vilão recorrente da Toho nos anos 60 e 70, Gigan é um dos monstros mais estranhos da era Showa de monstros gigantes. Criado pelos misteriosos Xillians para destruir a Terra, a galinha monstruosa reapareceu várias vezes, sempre a serviço (mas nunca sob o controle) de outros alienígenas, frequentemente fugindo ao invés de ser destruído. O sádico monstro de aluguel foi o primeiro a fazer o Godzilla Sangrar e demonstrou sua índole enquanto ria sadicamente ao queimar Tóquio. Gigan teve seu retorno em 2004, quando ele ganhou o adicional de quatro motosserras.


O mistério maior dele, no entanto, não é de onde ele veio, ou por que ele vive reaparecendo, mas sim onde raios um monstro gigante consegue um visor, ombreiras e joelheiras. Não há como negar: Gigan usa peças de roupa. De onde elas vêm? Vieram do mesmo lugar que os Xillians arranjaram os implantes dele?


6 Gamera - Gamera

Uma tartaruga gigante amiga das crianças e protetora da humanidade, Gamera é um dos mais famosos clones do Godzilla, e o mais “bobinho”. Não ajuda que o quelônio colossal consegue voar disparando fogo pelos buracos do casco. Ainda assim, há um motivo para Gamera ser “o protetor da terra” em seus filmes, e nada mais badass do que um monstro capaz de amputar seu próprio braço para ter como ferir um inimigo “invencível”. Enquanto a série clássica conta com alguns dos piores monstros do gênero (Guiron diz oi), o reboot dos anos 90 tem alguns dos melhores - mas ninguém merecendo mais estar na lista do que a própria protetora da Terra.






5 Mothra - Mothra, a Deusa Selvagem

Mothra pode parecer ridícula - uma mariposa gigante, feita com os efeitos especiais típicos de filmes japoneses? E ela é pacifista? Oh boy... Mas isso não desfaz o quão poderosa e impressionante a Deusa da ilha do Infante é. Mothra tem a honra de ser o único monstro a derrotar Godzilla três vezes. Não bastasse isso, é um dos únicos monstros a aparecer em todas as “eras” dos filmes de monstros gigantes. E é completamente imortal, recomeçando sua vida sempre que é derrotada. Iniciando cada vida na forma de uma larva de proporções descomunais, a deusa selvagem ressurge nas horas de maior necessidade em sua forma adulta (e uma vez ela destruiu a Torre de Tóquio, mas isso foi um mal entendido).

4 King Ghidorah - Gidorah, o Monstro de Três Cabeças


Um dragão de três cabeças, que cospe raios e veio do espaço, King Ghidorah é talvez o mais famoso inimigo do Godzilla. Caótico, imprevisível e incansável, Ghidorah tem um dos mais criativos designs da era clássica da Toho e um dos mais estranhos rugidos (que parece mais um risinho ou piado) na história dos monstros gigantes. É só uma pena que ele, e suas variações, tenham sido usadas ao ponto do cansaço. E que não tenha braços.


King Ghidorah, assim como Gigan, teve um “upgrade” em Godzilla versus King Ghidorah (1991). Depois de ser derrotado pelo Rei dos Monstros, o dragão é reconstruído por terroristas do futuro na forma de um ciborgue, o Mecha King Ghidorah, um instrumento para a destruição do Japão.



3 Destoroyah - Godzilla versus Destoroyah

Destoroyah é, de longe, o mais aterrorizante monstro criado pela Toho. Nascido do destruidor de oxigênio, a arma que matou Godzilla, Destoroyah é um aglomerado de microorganismos mutantes, capaz de recriar o efeito daquela arma terrível. Seja em suas formas menores (que parecem o misto de uma aranha, um caranguejo, o Predador e um Xenomorfo) ou em sua derradeira forma gigante, tudo nele grita combustível de pesadelo. Sua forma final parece saída diretamente das profundezas flamejantes do inferno. E se isso não fosse o bastante, Destoroyah não é “uma criatura incompreendida” ou um animal gigantesco. Sua aparência demoníaca revela bem o que ele é, um monstro sádico que ri da destruição que causa e se diverte com a lenta morte de Godzilla.




2 King Kong

O monstro gigante que gerou todo o gênero de "monstros gigantes", e de longe o ser do tipo mais famoso do cinema ocidental, era inevitável que o gorilão estivesse no topo. King Kong tem força, tem carisma e uma das mortes mais lembradas e homenageadas do cinema. Ele pode não ter o tamanho e o poder de outros a figurarem nesta lista, mas ganha em star power. E nas mãos dos japoneses da Toho, tem o tamanho e a força do resto da lista, assim como o poder de soltar raios dos dedos (what?) e foi capaz de derrotar o rei dos monstros, Godzilla.



1 Godzilla

Obviamente que o Rei dos Monstros ocuparia o topo da lista. Fruto dos horrores da era atômica, o lagartão radioativo já passou por quatro encarnações diferentes, salvou (e quase destruiu) o mundo mais vezes que a maioria dos super heróis e fez questão de deixar bem claro: ele é o predador alfa, ninguém tente tomar esse território dele.

Seja como nosso aliado, seja como inimigo, Godzilla é uma força implacável. A vitória original da humanidade contra ele dependeu de uma arma pior do que a criou o rei dos monstros - e que deu a luz ao nosso número 3. Tanques, bombas, lasers, masers, robôs gigantes: nada detém Godzilla.

E é claro, nada tem um rugido tão impressionante, aterrador e único quanto o do Grande G, criado pelo compositor japonês Akira Ifukube esfregando uma luva de couro nas cordas de um contrabaixo.



quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Circulo de fogo copiou, mas não de Evangelion

O tempo passa, a indústria de filmes de quadrinhos só aumenta, a FC audiovisual tem um ressurgimento impressionante e uma coisa permanece desde 2012: a ideia de que o filme Pacific Rim (Círculo de Fogo no Brasil) seja um plágio de Neon Genesis Evangelion. Vamos por partes. Não, Pacific Rim não é “100% original”, nem nunca teve a pretensão de ser. Mas não há nada de Evangelion nele.

Antes de tudo, Pacific Rim (que em 2016 deveria lançar sua sequência, Maelstrom) é uma gigantesca carta de amor à um gênero que já cobri anteriormente - os super robôs - e ao seu “irmão mais velho”, os filmes de monstros gigantes (de onde o filme tirou o nome para os seus monstrengos, Kaiju). É um pastiche de obras muito mais velhas do que Evangelion, de 1996 - e das quais Eva é também um pastiche. E é importante lembrar: pastiche não é plágio. É seguir o mesmo molde, sem satirizá-lo ou desconstruí-lo. Um molde que vem sendo usado, neste caso, desde 1956.

E antes que digam que Eva é uma desconstrução do Super Robô: Evangelion não foi pensado como tal, ele se tornou isso por circunstâncias de sua produção. Anno é bem claro quanto ao que ele queria fazer: devolver o gênero as suas raízes. É inegável que Anno fez uma excelente desconstrução do gênero que ao mesmo tempo era uma reconstrução. Mas o nome dessa desconstrução e reconstrução do gênero é Top wo Nerae: Gunbuster.


GIANT ROBO

Comecemos do princípio: Pacific Rim tem por definição inspiração em duas obras clássicas de Mitsuteru Yokoyama, os mangás (posteriormente animados) Tetsujin-28-go e Giant Robo. Digo por definição por estes dois serem as bases do gênero. Publicados em 1956 e 1964, respectivamente, as duas séries de Yokoyama estabeleceram vários dos elementos centrais de super robôs. Aqui estavam o moderno Colossus, fruto da engenhosidade humana, como a única salvação contra ameaças além das forças mortais.

No entanto, essas duas obras (assim como muitas outras de Yokoyama) e Embaixador Magma, de Osamu Tezuka, são apenas a base da qual o gênero bebeu fartamente. Nessa base primitiva, os robôs gigantes eram controlados remotamente, seus inimigos raramente um páreo - quando não retirados diretamente dos filmes de monstros gigantes.

É seguro dizer que essas obras fizeram parte da criação de Pacific Rim, se não explicitamente, ao menos implicitamente. Da mesma maneira que fizeram parte da criação de Evangelion (e Eva bebeu com mais força de Giant Robo do que Pacific Rim: difícil não ver paralelos entre a maligna e sigilosa organização Big Fire, o similar conselho vago de vagosidade de Mars, e os conspiradores da Seele na obra de Hideaki Anno).
Fato curioso: nenhum dos membros
da Big Fire no OVA de Robô gigante
faz parte dela no Mangá - ou sequer
estava no mangá. 

MAZINGER Z
ROKETO! PAAAAANCHI!
Enquanto dos super robôs primevos (ou “da era de ouro” dos super robôs) o filme de Guillermo Del Toro sorveu-se apenas da essência, da obra seminal de Go Nagai a influência é muito mais visível. Mazinger Z, de 1972, é a obra que definiu o Super Robô. Do robô pilotado até os ataques especiais, tudo se origina no mangá que Nagai escreveu como forma de descarregar o stress da produção de Devilman.

A influência de Mazinger Z é visível particularmente no robô principal do filme, Gypsy Danger. A arma básica do Mazinger é o Rocket Punch  - um punho disparado por foguete - e Gypsy Danger conta com foguetes nos cotovelos (que infelizmente não disparam o punho como um míssil).

Os robôs de Mazinger Z eram controlados por pequenas naves que ocupavam o espaço do cérebro, os pilders - por sua vez, a cabeça da Gypsy Danger, munida dos pilotos, é disparada via foguete para unir-se ao corpo. O que muitos viram como referência aos entry plugs de Evangelion é na verdade a releitura “mais realista” dos pilders. E que lembra com mais intensidade os soldados parafuso de Gunnm do que os cilindros de entrada de Evangelion.

Por sinal, é de Mazinger Z que vem a conexão mental entre os pilotos e seus robôs, vista em ambas as obras. Ou melhor, é Mazinger Z que aplica isto em uma série de robôs. Na série de Nagai, Kabuto Kouji literalmente serve como o cérebro do Mazinger: Kouji sente dor quando o robô é danificado, o robô “ri” junto com ele, seus movimentos servem de base para o mecanóide, e qualquer distração pode fazê-lo perder o controle.  

BURESUTO FAIYA!!
Mas a inspiração mais visível de Mazinger em Pacific Rim é no peito de Gypsy Danger e no clímax do filme. O grande compensador de calor no peito do robô, que é utilizado no final do filme para matar o Kaiju de Classe V Slattern? Nada mais nada menos do que uma referência ao compensador em “V” no peito do Mazinger Z, que além de regular a temperatura do seu reator de energia fotônica servia para o seu ataque mais poderoso: Breast Fire.


BAROM ONE E COMBATTLER V

Barom 1: duas mentes em um.
Uma das coisas mais marcantes de Pacific Rim é o “Drift”, a maneira como as mentes de dois pilotos (ou três, no caso do Jaeger chinês Crimson Typhoon) se unem para comandar o gigante mecânico. Graças a cena em que Mako Mori perde o controle da Gypsy Danger, se enfiou na cabeça a ideia de que isso foi copiado de Evangelion - quando não há nada similar em EVA.

Mas de onde isso vem então? A resposta é Golgo 13 Choujin Barom 1, de Takao Saito. Publicada na Weekly Bokura Magazine em 1970, a história tratava de dois jovens, o atlético Takeshi e o nerd Kentaro que são escolhidos para enfrentar as forças do maligno Doruge se fundindo no super humano Barom 1. A fusão dos dois dependia de sincronizar os seus pensamentos e caso eles saíssem de sincronia o herói era incapaz de agir. A série foi homenageada em Kamen Rider Double (onde o herói é composto pelo detetive particular Shotaro e por seu assistente, o psíquico Phillip) e pode ter sido uma das inspirações por trás do clássico cult Genocyber, do incorrigível e ultra violento Koichi Ohata.

Combattler V: caso os pilotos não pensassem em conjunto,
o robô se desfaria. 
A ideia migrou para os robôs gigantes com Combattler V, de Tadao Nagahama (a série também foi a primeira a ter um robô formado por cinco veículos que se combinavam, estabelecendo o padrão posteriormente adotado por Super Sentai - incluindo o fato de nenhum dos veículos parecer qualquer coisa que não “um pedaço de um robô”). Na série de 1975, para viabilizar a combinação no robô super-eletro-magnético, era necessário que os pensamentos dos cinco pilotos estivessem em sincronia plena e caso algum deles saísse da conexão, a combinação falharia (ou seria desfeita).

A noção de “conexões neurais” cerca o gênero, e a forma específica que Pacific Rim as usa é muito comum. Está presente também nos robôs (não pilotados) de Gao Gai Gar, que dependem de sua “Sympa Rate” para combinar; no gigantesco S.R.X. de Super Robot Wars, mantido pelos poderes psíquicos de dois dos seus pilotos; e até nos combiners de Transfomers, Super Sentai e tantas outras séries.


GETTER ROBOT

A cena mais homenageada na história dos
robôs gigantes - há cenas parecidas
em Mazinger Z, mas não com o
mesmo tom.
As similaridades entre Pacific Rim e o clássico de Ken Ishikawa são superficiais, mas merecem nota. No filme de Guillermo del Toro, os monstros gigantes são ao fim revelados como armas biológicas de uma civilização alienígena e os Kaijus em si são ou responsáveis pela extinção dos dinossauros, ou eram dinossauros. Os invasores abandonaram a terra então, pois o ambiente não “lhes era adequado”.

Em Getter Robot, o primeiro grupo de vilões, o Império Reptilianóide, se refugiou nas profundezas da Terra quando o planeta se tornou “hostil demais”. Em seu retorno no presente, suas armas são os Mechasaurus, dinossauros dotados de implantes cibernéticos para servirem de armas (e mecanismo de controle). É possível que a referência aos dinossauros seja um homenagem a Getter Robot - ou pode ser só uma coincidência.

O famoso take da passarela ao lado da cabeça do robô, tão atribuído a Evangelion, no entanto, quase certamente vem de Getter Robo, se não for mais velha. (onde o mesmo esquema é usado seis vezes só no primeiro volume). A cena em questão também foi homenageada por Mobile Suit Gundam, todas as séries da "Saga dos Bravos" e praticamente tudo já feito de Robôs gigantes.

GODZILLA

Por último, das fontes claras de Pacific Rim (e das quais Evangelion também bebeu), temos o próprio gênero de filmes de Kaiju e seu representante mais notável, Godzilla/Gojira. Embora o gênero em si não seja japonês (nascendo no cinema com King Kong, em 1933, com histórias do gênero figurando na mitologia mundial), é inegável que o estilo é hoje predominantemente nipônico.

Não é só no nome dado aos monstros que a obra de Del Toro bebe destes filmes: o design de criaturas para Pacific Rim visa parecer ao máximo com algo que poderia ser uma roupa. Todos os Kaiju que aparecem no filme poderiam muito bem estar em um filme da Toho. Em particular, o primeiro monstro enfrentado por Gypsy Danger, o Knifehead, parece uma versão modernizada de Guiron (o monstro mais rídiculo já enfrentado por Gamera). Até os parasitas dos Kaiju (vistos em uma única cena) parecem homenagens ao gênero, lembrando Shockirus, os “carrapatos” do Godzilla em The Return of Godzilla (1985)

A noção de criar um “monstro mecânico” para enfrentar os monstros gigantes não é novidade e serviu de base para todo o gênero de “super robôs” e para o aspecto mais “lúdico” de Super Sentai. Mas nos filmes de monstro, isso começa com o Jet Jaguar, o andróide super poderoso de Godzilla vs Megalon (1973). A franquia teve robôs gigantes mais “tradicionais” na forma do segundo Mechagodzilla (Godzilla vs. Mechagodzilla, 1993) e MOGUERA (em Godzilla vs Spacegodzilla, 1994) e muitos, mas muitos, automatos e ciborgues do mal.

A franquia também teve sua própria leitura dos Evas de Evangelion na forma do Kiryuu/Mecha Godzilla III, de Godzilla against Mechagodzilla (2002) e de Tokyo S.O.S . (2003). Essa releitura do monstro mecânico é um clone do primeiro Godzilla, dotado de armaduras e armas cibernéticas para peitar a versão atual do monstro, e assim como os Evas, está longe de estar sob controle da humanidade.

GODANNAR


Agora, uma série com a qual Pacific Rim de fato se parece, e que tudo indica ser uma coincidência enorme (dado a obscuridade e o quão genérica essa série é - nada nela é “original”, salvo a estética, na qual o filme de Del Toro não é nada similar): Shinkon Gattai Godannar.

Em Godannar, os robôs gigantes são a única esperança contra os Mimesis, monstros de origem desconhecida que emergem do fundo do oceano, a partir de um portal no pacífico. Armas convencionais não são o bastante contra eles. Para enfrentar essa ameaça, bases e robôs foram construídos ao redor do mundo, pilotados por duplas (Godannar é, acima de qualquer coisa, sobre relacionamentos e sobre família) e dependendo da capacidade dessas duplas de operarem em conjunto. Nosso protagonista, Saruwatari Go, perde a parceira em combate contra um Mimesis no começo do primeiro episódio, da mesma maneira que Raleigh perde o irmão na primeira cena de Pacific Rim.

Esse é o tipo de coisa que estraga uma série bem escrita. 
Nada disso, no entanto, é uma novidade para o gênero, como já apontado antes. E Godannar se diferencia de Pacific Rim de formas muito... chamativas. Godannar é um caso de boa história arruinada por apelar para fanservice descarado. É uma série composta primariamente por peito&bunda, onde até alguns dos robôs são “gostosonas”.

E aí está. No fim das contas, há uma similaridade real entre as duas séries, além de obviedades do gênero: ambas lidam com organizações voltadas a “cancelar o Apocalipse” (frase dita literalmente pelo personagem de Idris Elba). Mas essa similaridade, além de superficial, é anulada por um fator importante: as duas organizações voltadas a “cancelar o apocalipse” em Evangelion visavam secretamente causá-lo.

Além disso, inúmeras séries de Super Robôs lidam com a mesma questão...