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domingo, 15 de maio de 2016

Robôs gigantes e paradigmas culturais, uma leitura breve.

Sym bionic Titan: uma carta de amor ocidental ao
jeito japonês de fazer robôs gigantes. 
Sim, cá estou eu novamente falando sobre robôs gigantes. Depois de falar das ligações do gênero com o Horror, com a literatura Ruritânia e com a literatura de Guerra, agora a abordagem é outra: como a indústria cultural americana e japonesa lidam com esse conceito - e a acreditem, as diferenças são tão intensas quanto entre a noite e o dia.

Então para melhor entendermos quanto as obras de robôs gigantes dos dois lados diferem, vamos aprender um pouquinho sobre como cada lado do globo lida com o gênero, e aí ver onde que há uma certa mescla entre os dois tratamentos?

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Comparando: Conan (1982) X Conan (2011)

Então pessoas... este fim de semana eu finalmente assisti a recente releitura do Cimério mais famoso de todos, junto com o clássico de 1982 - sabe, aquele com o Schwarzenegger, em que ele soca um camelo? - para comparar qual dos dois é melhor como adaptação (ambos horríveis nesse aspecto) e qual é melhor como filme (de longe o do Arnold). Mas porque essa conclusão? Como diriam, vamos por partes.


Como adaptação: 


Nesse sentido, ambos os filmes sofrem - enquanto o Conan das histórias de Robert E. Howard é extremamente inteligente, com uma língua afiada e grandes conhecimentos - embora ainda guarde a selvageria de um cimério - as suas versões cinematográficas só mantem a selvageria. Certo que o Conan de 1982 supostamente é culto, embora a atuação de Arnold não demonstre isso, porém enquanto o Conan dos contos é um homem livre, o Conan do cinema é um ex-escravo (1982), ou um jovem marcado pela sede de vingança (2011). Neste sentido, os filmes são uma afronta ao personagem original, mas o filme velho merece meio ponto por pegar um pouco melhor o tom menos épico do personagem: enquanto o Conan de 82 desfaz um culto religioso, o de 2011 supostamente salvou o mundo.

Personagens:


O filme antigo trouxe um Conan caladão, e que boa parte do filme parece um tanto imbecil, mas que consegue atrair a simpatia do espectador - e isso sem dúvida tem a ver com ter um fisiculturista em seu segundo papel como ator principal, e ainda assim Arnold consegue convencer. Já o filme novo trás um Conan praticamente psicótico, e que nunca cala a boca - embora  a atuação de Jason Momoa faça ele parecer estar Grunhindo o tempo todo. Enquanto o clássico estabelece o Quem, o Que e Por Que do Conan nos primeiros 10 minutos do filme, o novo gasta 25 minutos com cenas inúteis para mostrar que nosso "herói" já era um psicopata quando criança. Em termos de protagonista, mais um ponto para o velho.


O problema da releitura é maior quando se olha o elenco secundário: enquanto no velho temos os também inexperientes Gerry Lopez como Subotai e Sandal Berghman como a estonteante Valéria, e ambos são personagens convincentes e simpáticos. Em particular, o romance entre Conan e Valeria parece crível - e a morte dela causa impacto, assim como o velório. Para fechar o rol de companheiros, temos Mako Iwamatsu - que também faz a narração - como o feiticeiro dos montes. O filme mais recente tem... Rachel Nichols como a monja Tamara, Saïd Tamaghous como o ladrão Ela-Shan, e Nonso Anonzie como o pirata Artus... E todos eles lhe levam a implorar para que calem a boca ou morram - não ajuda o fato de todos serem inúteis, particularmente, Ela-Shan, depois de dizer repetidas vezes que pode abrir qualquer fechadura, revela que só consegue isso por ter um monte de chaves - nada de arrombar as fechaduras. Não... ele abre elas com a chave. Tem uma coisa que dá um centésimo de ponto para essa atrocidade, que é atuação de Ron Perlman como o pai do Conan - e como o único personagem que notou que o filho é um monstro completo.

Vilões e Ameça:


No original temos o sacerdote Thulsa Doom - interpretado por ninguém menos do que James Earl Jones - A voz do Darth Vader. Um líder carismático, Doom visa expandir a influência do seu culto da serpente, e vendo a caracterização, é compreensível que tenha um séquito de seguidores tão imenso. Seu poder é a palavra, e o controle possivelmente hipnótico que tem sobre as pessoas. Embora a proeza de combate do Conan seja impressionante, em todas as ocasiões que ele entra sem pensar na ação, acaba se ferrando - a ponto de quase - ou literalmente - morrer depois de invadir a fortaleza de Thulsa Doom sem plano algum. Embora Thulsa Doom seja obviamente um feiticeiro, seus únicos feitos obviamente sobrenaturais são virar uma cobra (por algum motivo) e transformar cobras em flechas - ambos tematicamente apropriados.

Já no novo filme temos Khalar Zym (Stephen Lang) e sua filha Marique (Rose McGowan), em busca de uma antiga máscara Aqueroniana  e uma descendente de sangue puro, que juntos farão de Khalar um deus. Não dá para entender como Khalar tem seguidores, quando constantemente demonstra ser o arquétipo do chefe ruim - e não tem um pingo de carisma. Da mesma maneira, não dá para entender como ninguém decide enfiar uma faca nas costas da filha dele, quando a mulher é nitidamente uma psicopata pior do que o Conan. E a maldita da máscara? Não faz nada, aparentemente. Além de destruir o cenário que Lang já havia devorado, isto é.

Violência e Coreografias:



O filme clássico tem lutas sangrentas e brutais, mas com uma coreografia sóbria - e até um tanto monótona, em alguns pontos. Todas as lutas parecem bem táticas - excluindo o Conan e o Subotai contra uma cobra gigante, sem dúvidas o ponto fraco do filme em termos técnicos - e é fácil de entender porque o cimério vence. Logo no começo temos uma sequencia de lutas brutais do Conan como escravo ainda - e que não tem nada de estilosas. E embora seja um filme violento, não é aquela violência gratuita e exagerada. Temos um caso de de luta salva pelo ridículo - em um caso literal de Deus Ex Machina. Quem viu o filme sabe que cena é essa.


Enquanto o Conan velho é formidável, no novo ele é invencível. Nenhuma das lutas parece crível, com violência extrema - como crânios sendo esmagados na neve - e acrobacias ridículas, além de dois casos óbvios de cenas recicladas - o mesmo take é usado três vezes em uma sequencia só. Excluindo a imensa introdução do filme, ele só é ferido UMA vez - e através de feitiçaria. Fora isso, todo combate é vencido sem qualquer esforço -e  com violência mais do que gratuita, amputando narizes, mãos e troncos inteiros em detalhes explícitos - e com closes - enquanto o filme velho era sim violento, mas com uma certa finesse nesse sentido. Enquanto o filme clássico termina com o herói segurando a cabeça decepada do vilão - mas com um porque disso, simbolizando como Thulsa Doom é só um homem, não um deus - o novo começa com o "herói" segurando QUATRO cabeças mal arrancadas - com closes nos crânios estraçalhados - e com um olhar de "tão me encarando porque? querem terminar como eles?".

Aspectos técnicos:


O filme velho pode ser mais mal produzido tecnicamente, mas todos os cenários são reais, e o filme não abusa de efeitos especiais como uma fuga barata de ter que fazer uma cena boa. Enquanto isso, o filme novo? Cenários feitos no computador aos montes, lutas com homens de areia comendo 7 minutos de filme - e pra nada - monstros gigantes, e tudo isso para ser inacreditavelmente chato. Sim, ele é tecnicamente melhor, tanto em termos de efeitos quanto de trabalho de câmera, ou de edição - mas isso não o desculpa por ser CHATO DEMAIS.

Veredito:


Se não deu para notar: eu odiei profundamente o novo filme do Conan. Se quer ver uma história do Cimério, minha recomendação é ler um conto do Howard, seguido pelos quadrinhos da Marvel. Mas se faz questão de que seja em vídeo, Conan o Bárbaro, de 1982 é sua melhor escolha. Só assista o novo se não achar nem este, nem Conan, o Destruidor, ou o desenho Conan, o Aventureiro, ou o seriado do Conan. Diabos, até o seriado o HÉRCULES é um Conan melhor do que isso. Ao longo do filme, eu grunhi mais do que os vilões dessa joça -e  eles Grunhem o tempo todo.

Para quem acha que precisa... os trailers dos dois.