segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Bau de Brinquedos: um último olhar sobre G1



Já tratei aqui de Headmasters e Pretenders, Action Masters e outras tentativas de injetar sangue novo em Transformers, em outro site dos primórdios da linha. Mas antes de partirmos para a primeira de muitas tentativas de reviver Transformers, com a inovadora porém desastrosa Geração 2, há uma última coisa que devo cobrir na linha primordial: todos os pequenos gimmicks, subgrupos, sublinhas e similares que não eram grandes o bastante para merecer uma sessão nos outros textos. 

Dos Minibots aos bizarros Duocons, Transformers teve uma penca de subgrupos de personagens, centrados em um gimmick ou tema de design, que não eram grandes ou chamativos o suficiente para merecer sua própria linha. Então sem mais delongas, vamos à grande lista de subformações de Transformers que saíram do básico - mas não o bastante para assumirem controle da linha. 



Mini-bots

Miniboooots

Uma das sublinhas mais famosas, os mini-vehicles, mais conhecidos por Mini-bots, estavam presentes desde o primeiro ano da franquia. Vendidos em cartelas, eram todos Autobots. Os seis mini veículos originais viravam "Penny Racers" de carros famosos, originalmente pensados para terem escala 1:1, sendo eles Bumblebee (Fusca), Cliffjumper, (Porsche) Brawn (Toyota Land Cruiser)  Gears (Picape indeterminada), Huffer ("Caminhão Americano") e Windcharger (Pontiac Firebird Trans Am).

Em 1985 vários dos moldes foram lançados no Brasil sob novos nomes pela Estrela. No mesmo ano, outros cinco moldes novos aumentaram as fileiras dos Autobots: Warpath (tanque de guerra), Cosmos (OVNI), Beachcomber (Buggy), Powerglide (A-10) e Seaspray (hovercraft), e os Mini-veículos passaram a vir acompanhados dos Mini-espiões, bonecos simples com motores de fricção e identidades ocultas, inaugurando os rubsigns, adesivos térmicos que revelavam se o boneco era um Autobot ou Decepticon. Em 1986, mais seis entraram para grupo. Hubcap, Tailgate, Swerve, Pipes e Outback eram todos retools de moldes anteriores. Só o último, Wheelie, era um molde novo, um carrinho do fuuuutuuuurooo. Os mini-veículos estão entre os personagens mais atualizados da franquia.


Mini-Cassettes


Mini-Cassettes decepticons. Em baixo, Ratbat e Ravage. Em cima, Rumble e Frenzy Frenzy e Rumble.

Também saídos de Micro-change, os Mini-Cassettes eram um dos grupos mais numerosos - e mais peculiar. Dividindo a mesma forma alternativa de um, bem, mini-cassette, os bonecos eram feitos para ocupar a cavidade peitoral dos toca-fitas Soundwave e Blaster. Durante a geração 1, foram nove cassettes para os Autobots e dez para os Decepticons, com vários outros em coleções futuras. Daquela forma simples (em escala 1:1 com fitas reais), os Mini-Cassetes viravam robôs, pássaros, leões, panteras, rinocerontes, tanques, dinossauros e aviões. Com a exceção dos bonecos inclusos com seus "mestres", os Mini-Cassettes eram vendidos em duplas. Apesar do alt-mode obsoleto, não faltam tentativas de modernizar os Mini-Cassettes. A mais recente, em Titans Return, os converteu em pen-drives. 


Triple Changers

Broadside, o mais fracassado dos Triplechangers. Foto de arquivo da Hasbro.

Lançados em 1985, os "Triple Changers" Astrotrain e Blitzwing (ambos Decepticons) se destacavam por terem duas formas alternativas cada: Astrotrain se transformava em uma locomotiva e um ônibus espacial, enquanto seu esquentado colega virava um tanque e um caça. O sucesso dos Triple Changers resultou em mais quatro em 1986. Enquanto os dois originais eram reaproveitados de moldes de Diaclone, os novos eram designs pós-filme e viraram veículos menos realistas. O Decepticon Octane virava um caminhão e um jumbo. Já os Autobots Springer, Sandstorm e Broadside se convertiam respectivamente em um carro e um helicóptero, um buggy e um helicóptero e um caça e um porta-aviões. Via de regra, ao menos uma forma sofria nesse processo. Com a linha  Titans Return, Triple changing virou o padrão para os bonecos de médio porte - e Springer e Sandstorm já tinham sido atualizados (junto com Blitzwing) em 2013.

Duocons

Battletrap e Flywheels. Foto do site Cybertron.ca

Onde os Triple Changers eram Transfomers com duas formas alternativas, os dois Duocons, Battletrap e Flywheels, de  1987, eram Transformers que se transformavam em dois veículos separados. Repartindo-se pela cintura, Battletrap se convertia em um jipe e um helicóptero, enquanto Flywheels vira um caça e um tanque. As metades de cada figura eram intercambiáveis, mas como resultado de sua transformação, os robôs tinham zero pontos de articulação. Battletrap foi modernizado como parte do set da Botcon de 2015, em um retool do Springer da linha Generations. Já Flywheels teve uma homenagem menos louvável: um dos Titan Masters individuais da linha Titans Return, sem um corpo para acompanhá-lo. O conceito de um transformer que se separava em dois veículos distintos ao se transformar foi visto também em Overlord, de Masterforce (tanque e jato) e em Omega Supreme de Energon (Trem e nave espacial).


Powerdashers

Anuncio dos Dashers ainda nos tempos de Diaclone


Vendidos apenas via correspondência em 1984 pelo preço de três dólares e dois "robot points", os Powerdashers Zetar (tanque-furadeira), Cromar (jato) e Aragon (carro de fórmula 1) eram os primeiros bonecos com formas "Cybertronianas". Dotados de um motor de fricção que os impelia para frente e transformações simples, o trio se originava da linha Diaclone e não recebeu nomes oficiais até 2013; os nomes vieram da extinta linha Diakron. Nunca foram atualizados.


Deluxe Vehicles

Roadbuster. Foto não creditada na TFWiki


Com formas futuristas e montes de acessórios, os dois veículos de luxo, Whirl e Roadbuster estão entre os muitos moldes que não vieram nem de Diaclone nem de Micro-Change. Adquiridos da falecida Takatoku Toys, a dupla era composta por um helicóptero - Whirl - e um carro blindado - Roadbuster - reciclados do desenho Special Armored Battalion Dorvack, usando os moldes de luxo dos robôs Oberon Gazzette e  Mugen Calibur.  Um terceiro Veículo de luxo, usando o molde do tanque Bonaparte Tulcas foi cogitado, mas não chegou a ser lançado. Presume-se que este seria a base do personagem Impactor. A dupla foi atualizada em 2013 como parte da linha Generations, depois de anos usando moldes dos outros.




Dinobots

Mim Grimlock não ser brinquedo velho! Mim Grimlock rei!
Foto por Fumihiko Akiyama para o livro Transformers Generations.

Provavelmente o grupo mais famoso dos Autobots na primeira geração de Transformers, os 5 Dinobots - o tiranossauro Grimlock, o Pterossauro Swoop, o triceratops Slag, o estegossauro Snarl e o apatossauro Sludge - eram mais uma herança dos anos finais de Diaclone. Saindo completamente do padrão de veículos e ferramentas da marca, o quinteto chegou ao mercado em 1985 unindo duas coisas que crianças amam: robôs e dinossauros. O carisma natural do bando briguento de poucas palavras não atrapalhou. Enquanto a maior parte dos Dinobots foi esquecida até 2014, o líder Grimlock foi atualizado várias vezes (incluindo uma sem usar o nome, em Beast Machines). 



Citybots

Metroplex. Foto do finado site Toybin.org


Retirados da cancelada sublinha Jizai Gattai (combinação livre) de Diaclone, os gigantescos Metroplex e Trypticon eram os maiores produtos da linha em 1986, convertendo de poderosas cidades-fortalezas (até onde dá pra chamar "um monte de cubos" de cidade, isso é) para bases móveis e robôs (ou dinossauros, no caso de Trypticon). Metroplex teve um redeco na forma de Metrotitan, A dupla vinha com múltiplos acessórios, entre armas, torres e antenas, além de pequenos veículos e robôs companheiros feitos de seus acessórios. Trypticon teve seu molde reutilizado em Beast Wars II, como Gigastorm. O conceito de um "robô cidade" foi reaproveitado em Headmasters (Como Scorponok e o IMENSO Fortress Maximus) e Return of Convoy (no cúbico Grandus). E em 2013, Metroplex foi atualizado inaugurando a gigantesca classe de tamanho Titan - que deve contar com um novo Trypticon em 2017.


Scramble City

Os Technobots: um dos "esquadrões especiais" no estilo Scramble City

O mais famoso padrão de combinação de Transformers, o estilo Scramble City, de 1985 e 1986 se refere especificamente ao lançamento japonês das "equipes especiais", times de combiners compostos por quatro membros pequenos (capazes de formar braços ou pernas) e um líder maior que forma o tronco. Assim como os dois city-bots, os seis esquadrões especiais (Stunticons, Terrorcons e Combaticons para os Decepticons. Aerialbots, Protectobots e Technobots para os Autobots) vieram da linha cancelada de Diaclone, Jizai Gattai, e podiam ser intercambiados livremente. Em 1988, mais um conjunto de moldes entrou para o padrão, os Seacons, com um sexto membro e a capacidade de servirem como Targetmasters. A recente linha Combiner Wars se dedica a reviver o conceito, após tentativas frustradas em Energon


Jumpstarters



Os irmãos Twintwist e Topspin formam os Jumpstarters, uma dupla lançada em 1985 marcada pela "capacidade de se transformar em menos de um segundo!".  Reaproveitados do "Bakuten Robo" de Diaclone e vendidos por seis dólares cada, os irmãos viravam veículos futuristas dotados de motores de fricção. Com o movimento, a trava que os mantinha em seu alt-mode se soltava, desdobrando o veículo e fazendo com que "saltassem" em ação. Os moldes dos dois estão entre os mais falsificados da franquia, e foram legalmente lançados na América Latina (incluindo Brasil) sobe os nomes "Salt-Man" e "Robot-Man". A dupla foi atualizada como retools da linha Fall of Cybertron, sem o seu gimmick - que migrou, bizarramente, para brinquedos do Homem-Aranha e dos Vingadores. 

Battlechargers



Runabout, um dos Battlechargers. Foto do livro Transfromers Generations


Lançados em 1986, Runamuck e Runabout eram as respostas dos Decepticons para os Jumpstarters. Onde os Autobots saltavam, os dois carros Decepticons se "elevavam" e continuavam em movimento após a conversão. Desprovidos de quaisquer pontos de articulação, a dupla usava suas armas nos ombros e carecia até de mãos moldadas em seus painéis se passando por braços. A dupla foi modernizada em 2012 pelo Clube de Colecionadores de Transformers, usando o molde do autobot Wheeljack.

Sixchangers




Os Triple Changers inovaram com duas formas alternativas, mas em 1987 Sixshot os deixou no chinelo com seis formas: robô, tanque, carro blindado, nave espacial, arma e lobo. O bonecão (o "consultor ninja dos decepticons", na infame dublagem de The Headmasters) foi sucedido em 1988 por seu "heroico filho" Quickswitch, muito menos elegante, capaz de virar um jato, um tanque furadeira, um puma, um barco e uma pistola laser. No mesmo ano Quickswitch foi lançado no Japão como Six Knight, com cores diferentes, e em 1989 Sixshot teve um retool como Greatshot, também no Japão, trocando sua forma de lobo por um rinoceronte. O conceito foi revisto em Car Robots, em seu vilão Gigatron, em 2000 e o molde original foi alterado para a série Brave Police J-Decker, como o robô ninja Shadowmaru. E após 29 anos, Sixshot ganha um boneco novo este ano como parte de Titans Return - mudando (só que não) sua forma de arma por um "submarino". 


Breastforce


A Breastforce e sua forma combinada: LIOKAISER


Parte da linha de Transformers Victory, de 1989, os seis membros da Breastforce compunham um dos combiners fora do padrão Scramble City; Liokaiser. O gimmick era simples: cada figura vinha com um companheiro animal, que formava uma arma ou uma placa peitoral para o robô maior (daí o nome, digno de piadas). O líder da equipe, o jato Liozack, vinha com um leão. Drillhorn, o tanque furadeira (mais um), vinha com um rinoceronte. O buggy Jallguar vinha com um jaguar, o jato Hellbat com um morcego, Guyhawk, também um jato, com um gavião, e o senhor do nome perfeito, o tanque Killbison, com um bisão. O vilão da série, Deathsaurus, também vinha com seus "breast animals": uma águia e um tigre. Os moldes de Leozack, Jallguar, Drillhorn e Killbison foram lançados no Reino Unido sob o nome de "Rescue Force", privados de seus animais e do capacete de sua forma combinada (sem braços, ainda por cima). A equipe inteira foi modernizada como um boxset de Combiner Wars, mas sem os Breast Animals.

Clones




Lançados em 1987 em two-packs, os clones Cloudraker e Fastlane (Autobots) e Pounce e Wingspan (Decepticons) eram marcados por formas de robô quase idênticas entre os membros de cada dupla, mas modos alternativos completamente diferentes. A dupla de Autobots se convertia em um caça e um carro de corrida, enquanto os Decepticons se transformavam em um puma e uma águia. Para distingui-los, os clones contavam com dois rubsigns: um informando se eram Autobots ou Decepticons, e o outro informando qual sua forma alternativa. Os clones Decepticons eram notórios pela quantidade de peças de bicho pendendo de suas costas, e foram homenageados como parte da Botcon de 2014, usando o molde dos Vehicons e Jet Vehicons de Transformers Prime (que bateriam mais com os clones Autobots, mas quem sou eu pra dizer o que fazer?)



Monsterbots



Os Monsterbots - Doublecross, Repugnus e Grotusque. 


Convertendo-se em formas monstruosas, os três Monsterbots - o inseto Repugnus, o gárgula Grotusque e o dragão de duas cabeças Doublecross - eram os primeiros bonecos na linha a contar com detalhes orgânicos, em 1987. Mas seu verdadeiro e perigoso segredo era a capacidade de lançar fagulhas com uma pederneira interna - adicione um desodorante, e o boneco é um lança-chamas de plástico! Os três tiveram poucas aparições em ficção e embora o nome Repugnus tenha sido reutilizado algumas vezes, levou 30 anos para que algum deles fosse modernizado, com uma versão nova de Doublecross prevista para 2017.

Throttlebots


Os Throttlebots: tijolos autopropelidos. Foto por Boltax dos forums The Allspark



Substituindo os Minibots em 1987, os seis Throttlebots, com sua articulação nula e braços de painel, eram essencialmente Battlechargers desprovidos da transformação automática. Dentre eles o maior destaque era Goldbug, o fusca, uma versão aprimorada de Bumblebee (até o lançamento do Bumblebee da linha Pretenders). Os outros membros do grupo - Chase, a Ferrari, Freeway, a Corvette, Rollbar o jipe, Searchlight o Ford RS200 e Wideload o caminhão de carga eram nobodies que foram rapidamente esquecidos.

Triggercons e Triggerbots





Tomando o lugar dos Throttlebots em 1988, os Triggercons (o buggy Ruckus, o jipe Crankcase e o caça Windsweeper) e Triggerbots (o caça Dogfight, o carro de corrida Backstreet e a moto Override) trocavam o motorzinho por um gimmick muito mais interessante: ao apertar de um botão, armas ocultas eram reveladas em um instante. Os dois grupos contavam com transformações rudimentares, formas alternativas simplificadas e articulação limitada. Os carros Decepticons tinham armas opacas que se revelavam por um sistema de engrenagens, enquanto os autobots tinham armas cromadas impelidas por uma mola - padrão que se invertia nos jatos. Rucks e Crankcase tiveram homenagens recentes como redecos de bonecos de outras linhas. 

Firecons e Sparkabots



O Firecon Sparkstalker - foto de M. Sipher


Dividindo o ponto de preço dos 3 dólares com os Triggercons e bots, os Firecons e os Sparkabots eram centrados no mesmo gimmick dos Monsterbots: soltar faíscas. Guzzle (tanque), Fizzle (buggy) e Sizzle (carro de corrida) soltavam faíscas da traseira de suas formas alternativas com a ajuda de um motor à fricção. Já os Firecons Flamefeather (ave), Cindersaur (dinossauro) e Sparkstalker (.... coisa) soltavam faíscas de suas bocas ao serem propelidos pelo chão. Os três decepticons não tinham articulação em suas formas de robô. Ou braços... ou sequer algo que contasse como uma cabeça de verdade... E por motivos desconhecidos, Guzzle não tinha rodas em suas esteiras falsas - o que resultava em plástico raspado de seu peito e braços. Guzzle foi modernizado como parte da linha dos filmes e Cindersaur como um exclusivo da Botcon. O resto foi esquecido.  

Multiforce


A multiforça


Encerrando a menágerie de subgrupos, gimmicks e sublinhas dos seis anos de Geração 1, a Multiforce ou Multi-Sentai de Transformers Victory, de 1989, dava uma repaginada no conceito dos Combiners ao propor um combiner feito de combiners. Vendida em três duplas - o jato Wing e o barco Waver, o carro Dash e o halftrack Tacker e  o ônibus espacial Mach e o caminhão Tackle - a Multiforça era composta por bonecos simples pouco maiores que Micromasters, que se combinavam em duplas (no mesmo esquema de Energon, onde um formava o tronco e o outro as pernas), com um total de 30 combinações possíveis - embora as "oficiais" fossem Wingwaver, Dashtacer (sic) e Machtackle. Juntos, os seis formavam o poderoso Landcross. A equipe foi relançada como parte da linha japonesa The Micromaster em 2004, e nunca foi lançada no ocidente. Seu esquema único de combinação foi revisto em Energon e em Transformers Go!, sem que houvesse uma "Super" forma combinada de múltiplos membros, no entanto.

E é isso. Um resumo não tão breve da lista interminável de gimmicks, subgrupos e por aí menores vai da primeira geração de Transformers. Tirando os Insecticons (que eu quero falar a sós em outra ocasião, quando eu finalmente tiver como por minhas mãos neles) e os Doublespies (por serem um boneco só com duas formas de robô), assim como os exclusivos europeus (que já foram cobertos em outro texto). G2 viu sua infinidade de subgrupos - beneficiados pelo avanço da engenharia, prejudicados pela decadência narrativa. 

Um comentário:

  1. Nunca pensei que tivessem tantos grupos dentro da mitologia dos Transformers , valeu mesmo pela informação .

    ResponderExcluir