domingo, 17 de junho de 2012

Crítica: Prometheus

 Depois de 30 anos fazendo dramas históricos, Ridley Scott finalmente retornou ao gênero que lhe alçou ao sucesso, finalmente trazendo algo novo para a Ficção Científica e seu híbrido com o horror na franquia Alien. Mas infelizmente, o afastamento da FC parece ter sido longo demais. Prometheus deveria ser um retorno glorioso ao universo criado em 1979 junto com o artista suiço H.R. Giger, mas o que Scott entregou após anos de espera é apenas uma casca vazia do original, uma crisálida deixada para trás - uma belíssima crisálida, mas ainda assim oca e abandonada.



A promessa era que Prometheus explicasse alguns dos mistérios do universo da série Alien, mas todas poucas respostas que o filme oferece são decepcionantes, nada fazem para explicar a mitologia da franquia, e o mais grave: retiram parte da "mística" do filme original. Não é exagero dizer que Prometheus estragou boa parte do senso de mistério de Alien: O Oitavo Passageiro, reduzindo o que era uma obra plenamente "Lovecraftiana" a uma história de terror quase mundana. Sim, os Xenomorfos continuam um mistério - mas os "proprietários" da nave encontrada pela Nostromo perderam todo o fascínio, aqui reduzidos ao "precursor" mais genérico de todos: humanos grandes. Sim, os "engenheiros" ou "space Jockeys" ainda são um mistério, mas o pouco que foi mostrado deles já lhes tirou a força.


Nota: a foto é de um boneco, mas o design
é este mesmo. 
Prometheus não é uma boa "prequel" para Alien, e também não é boa ficção científica, caindo em uma série de clichês e "teorias" baratas sobre "antigos astronautas", sem nunca entrando em detalhes. A descoberta dos "engenheiros" como os responsáveis pela vida humana serve de pano de fundo para a teimosia espiritual da doutora Elizabeth Shaw (Noomi Rapace) atrás do "porque" da humanidade e a busca de Peter Weyland (Guy Pearce, irreconhecível como o nonagenário) por uma "cura para a morte".São temas interessantes, mas que não foram bem aproveitados, optando por um final pronto para "Prometheus 2".

Mas é nesse aspecto que Prometheus ainda consegue manter um pouco da essência de horror cósmico do original, manifesta na fala do androide David (Michael Fassbender, em uma atuação boa demais para esse filme): os humanos fizeram androides porque podiam, imagine ouvir o mesmo sobre a humanidade. Apesar disso, Prometheus tem também sucesso limitado como horror, sem a sensação claustrofóbica do original, e mais de uma vez apelando para um grau de estupidez que seria de se esperar em um filme mais "baixo".

Se há um ponto forte em Prometheus é o visual belíssimo e aterrador, novamente fruto da arte de Giger - mas para isso existe não apenas o original, mas também obras melhores como Dark Seed, Dark City, e até mesmo o pífio Duna de 1984, ou um dos livros de arte do suíço. O 3d joga ele um pouco acima das obras anteriores - mas não o bastante para justificar os pontos fracos. Como filme isolado Prometheus é razoável, e talvez valha apena para os fãs do gênero. Mas como um prólogo da série Alien, é um completo fracasso, e nunca deveria ter sido feito, apesar de se encaixar perfeitamente. É o que eu "escolhi acreditar" sobre esse filme.




Um comentário:

  1. Eu gostei pra caramba do filme, só porque o diretor vai por um caminho diferente do que a gente queria isso não invalida a película.

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