Bem, hoje completamos um mês da Fortaleza, e para celebrar a data muito especial, trago algo que vai ser uma raridade, infelizmente: uma critica de uma HQ que não é de vários meses (ou anos) atrás. A seguir: Lex Luthor, o Homem de Aço. Divirtam-se, pois é raro eu obter as coisas perto do lançamento.
Eis uma perspectiva pouco explorada nos quadrinhos do Super Homem : o ponto de vista e as motivações de seu eterno arqui-inimigo, o egocentrico empresário/inventor/político Lex Luthor. Depois de anos retratado como um dos personagens mais mesquinhos do universo DC, essa minisérie de Brian Azzarello e Lee Bermejo olha as profundezas da psique de Lex - e faz com que ele pareça ainda mais monstruoso.
Afinal, o mundo precisa entender, afirma Luthor, que o Super Homem é uma ameaça, e que sua mera existência vai contra tudo aquilo que a humanidade representa. Aceitar sua ajuda, no ver de Luthor, significa abandonar toda e qualquer esperança. Antes um gênio arrogante, aqui Lex se mostra como uma versão intensamente distorcida de um humanista. Para libertar a humanidade das "amarras" do Super Homem, se torna um monstro ainda maior do que aquele que vê em seu inimigo - e é incapaz de perceber seus próprios crimes.
Lex parece respeitável ao longo de toda a trama, ao mesmo tempo em que mente, manipula, e prepara sua mais hedionda armadilha para o homem que tem tudo - aproveitando que o Super Homem considera a vida a coisa mais preciosa do mundo, arma toda uma situação na qual o herói - ou vilão, na visão de Luthor - PRECISA salvar a vida de um pedófilo que a pouco tempo EXPLODIU uma creche (sem admitir que ao criar essa situação se tornou pior do que o pedófilo em questão). E para fechar com chave de ouro, faz parecer que o homem de aço matou a misteriosa superheroína Esperança - na verdade um robô explodido pelo próprio Luthor.
Ao longo de toda a trama, a narração de Luthor expõe a sua visão paranóica sobre o Super Homem - visão que infelizmente foi levada a sério por alguns "fãs" que já consideravam Kal-El um "canalha arrogante e odioso" muito antes dessa minisérie, mas que com ela se acham embasados para repetir suas diatribes. Lex se considera um herói trágico, que sacrifica sua própria felicidade em nome de um mundo melhor - um mundo sem Super Homem.
A arte de Bernejo é talvez o ponto mais fraco de Lex Luthor: Man of Steel - embora ricamente detalhada e muito bem feita, em vários pontos o traço é realista DEMAIS, e mergulha de cabeça no "Uncanny Valley". É dificil não se incomodar com o excesso de rugas e veias nos rostos dos personagens, especialmente quando em várias páginas o traço é mais "limpo" - o que ainda causa inconsistência. Destaque vai para a aparência quase demoniaca do Super Homem, sempre envolto nas sombras, com os olhos brilhando em vermelho.
Lex Luthor: Homem de Aço está disponível nas bancas, publicado pela Panini Comics, e custa R$ 12,90. Um ponto engraçado e curioso é a participação de Bruce Wayne - o Batman - na trama, e um dos raros casos que se levou em conta que a persona Wayne é um playboy.
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