Bem, agora, depois de quase dois meses de ócio, eu volto a falar de discriminação e representação nos comics com outro tema: mulheres. Tema que decidi trazer atona aqui (e reviver o blog no processo) em virtude da excelente Iniciativa Hawkeye, uma das maneiras mais hilárias de expor o quão ridículas e muitas vezes humilhantes são as poses absurdas tomadas por mulheres em hqs, redesenhando elas com o Gavião Arqueiro no lugar da contorcionista da vez.
Mas o problema vai mais fundo do que só a representação visual, então vamos por partes...
Falta de Identidade
Algumas dessas são versões diferentes da mesma Supergirl |
É claro, esse não é o caso de todas as super-heroínas, mas uma grande parte se divide entre personagens de legado - vide a Questão atual, quarta detentora do título - ou cópias femininas de outros heróis, e o problema é mais notável na Marvel - ironicamente, a editora que tende a ser mais progressiva. Temos uma Capitã América (Sonho Americano, MC2), uma Mulher-de-Ferro (Resgate), ao menos duas cópias do Homem-Aranha (Mulher-Aranha II - a primeira tem identidade própria - e Garota-Aranha).
Mas ela também exemplifica o segundo problema... |
Roupa Própria? |
Não mais... e alguém detalhou um mamilo |
Para cada "Mulher Maravilha", temos 10 "Namoritas, Aqualass, Supergirls, Batgirls", e aparentadas. E é de se notar que a maioria das heroínas "autônomas" vêm de supergrupos. Não dá para dizer, por exemplo, que Ravena, Tempestade, Vampira ou Jean Grey sejam cópias de outros personagens - mas é notável que nenhuma dessas tenha surgido em uma revista delas - ou sequer que tenham uma revista própria. Na Marvel, a maior fonte de super-heroínas que não sejam legado ou parceiras de outro personagem está nos X-Men - justamente o grupo que nos anos 90 foi notável pelo excesso de personagens - enquanto na DC por muito tempo a fonte primária de heroínas não cópias era a Legião dos Super-heróis, com o mesmo problema.
Glory: a mulher maravilha de cabelo branco (e em pose da playboy) |
Titilação acima de tudo.
Acho que a imagem ao lado seja um dos melhores exemplos do que vou abordar a seguir: temos aqui a primeira capa de "Vampirella", de 1969 (muito antes das garotas problemáticas do boom dos anos 90, e a "fonte" da Lady Death e da Avengeline). Embora o caso dela seja um caso extremo, o fato é que a representação padrão de mulheres nas HQs costuma ter como objetivo primário não a narrativa ou a demonstração de poder, mas sim a sensualidade e a titilação.
Roupas coladas e decotas (as vezes simultaneamente), seios fartos, nádegas bem torneadas e pernas longilíneas são padrão entre super-heroínas e supervilãs igualmente, assim como poses absurdas que servem para colocar todos esses atributos em cena o máximo possível.
Como demonstração disso, vou usar uma série de imagens da Iniciativa Hawkeye - a demonstração da mesma pose em um homem deve deixar claro o quão ridículas e muitas vezes submissas são as "manobras" de heroínas e vilãs.
Posando para a Maxim... |
Não vejo qual o problema, é uma pose de ação, é poderosa, não é? |
...Espera, o que diabos ele está fazendo?! |
TEMAM MINHA VIRILHA! (sério, essa nem precisa da versão do Hawkeye) |
Olhem como somos sexy! |
É assim que a mutação dela é introduzida |
Ou o mais descarado caso de Amanda Waller, antes uma senhora gorda de meia idade, uma das poucas mulheres não atraentes do universo DC, que conseguia se impor como personagem sem precisar ter o físico de uma top model e os movimentos de uma stripper...
... e novo 52 é assim que ela tem sua primeira aparição: jovem, magra, empurrando o decote para a frente. O que era uma das únicas mulheres não "boazudas" da DC reduzida a mais uma, para como colocou o ex-editor chefe Dan Didio "focar no público masculino". Se "sutilmente" dizer que mulheres não gostosonas não tem lugar em HQs não é misoginia, eu não sei o que é.
Outro caso notável mais recente é o da Starfire/Estelar, dos Jovens Titãs (ou seja lá qual o nome da revista em que ela está hoje, Red Hood and the something-something acho). Estelar sempre foi altamente sexualizada, mas quando a DC decidiu resetar todos os seus títulos com o novo 52 ela sofre uma simplificação grotesca de personagem...
E ganhou uma espinha de borracha... |
David Willis definiu bem o problema. |
Antes uma figura alegre e emotiva, que celebrava o amor em todas as suas formas, incluindo o sexo, subitamente ela foi reinventada como uma figura apática e distante cujo único interesse era o "bom e velho tango horizontal". Obviamente, isso causou um grau considerável de polêmica - vinda em grande parte de quem conheceu a heroína através do desenho dos Jovens Titãs, e que merecidamente esperava algo minimamente similar a versão animada dela (e que fez mais sucesso que qualquer versão em quadrinhos da Tanagariana seminua).
Para outro exemplo do foco excessivo em erotismo, é só ler o roteiro da primeira edição de All Star Batman e Robin (do eterno obcecado com prostitutas Frank Miller), que gasta mais tempo com instruções de como Jim Lee deve desenhar as nádegas da Vicki Vale (que passa as primeiras páginas desfilando de lingerie sem nenhum motivo) do que escrevendo a maldita história. E a repórter de Gotham nos leva ao terceiro problema...
*P.S.: Para quem afirma que homens também são objetificados em HQs, David Willis tem umas coisas pra te explicar...
*P.P.P.S: Cracked.com tem mais coisas a notar
Companheiras, Amantes e Sedutoras
Rápido, me digam alguma amiga da Lois Lane. Nenhuma? Que tal da Mary Jane? Algum detalhe da vida pessoal das personagens secundárias além do herói do título? Difícil, não? Algum interesse pessoal da Selina Kyle, a mulher gato, além de Batman e roubo de jóias (a julgar pela revista dela, sexo com o Batman após roubar jóias)? Embora algumas versões alternativas tenham mais profundidade do que isto, a grande maioria das personagens femininas em quadrinhos acabam se resumindo a um dos três papéis acima, especialmente quando são jovens.
É claro, é fácil dizer que isso é resultado de serem personagens secundárias... Mas enquanto o Comissário Gordon tem uma vida além de Batman e Bruce Wayne, o que se sabe da vida pessoal de Vicki Vale? Além da equipe do planeta diário, quem são os amigos da Lois Lane? Até em membros de super equipes essa discrepância é notável - quantas relações fora dos X-men ou dos vingadores tem a Tempestade - uma das mulheres de maior destaque na Marvel? Talvez ela não seja o melhor exemplo, mas é um personagem mais conhecido.
Peguemos um caso melhor, então: as multiplas mulheres no passado do Wolverine. Enquanto outras figuras do passado do baixinho enfezado tem longas vidas além da relação com o Logan, toda a existência de Yuriko (Lady Letal) e Silverfox parece girar em torno do X-men, vingador, X-force, X-qualquer coisa e rouba cenas padrão da casa das idéias. Não sabemos nada sobre elas além da relação com Logan. Enquanto isso, Dentes de Sabre tem um bocado de ligações além do Wolverine (notavelmente, o caso do Graydon Creed, o filho dele com a Mística).
Uma boa maneira de se avaliar as questões de gênero no nível mais básico é o teste de Bechdel, introduzido pela cartunista americana Alison Bechdel na tirinha "Dykes to Watch For", em 1985. Para passar nesse teste básico, uma obra precisa ter: 1) Ao menos duas mulheres. 2) Elas tem que conversar uma com a outra. E 3) sobre algo além que não seja um homem. Não-surpreendentemente, não são muitas revistas de super-heróis que passam no teste. De fato, a maioria mal passa no primeiro item, e muitos dos que passam falham no segundo (em geral, quando passam do segundo o terceiro é garantido, o problema é chegar a tanto).
Uma heroína (e ex-vilã) que eu gosto muito, mas que falha espetacularmente em ter uma vida pessoal é a Soprano - como vilã, sempre definida pela relação com um vilão maior, e como anti-heroína e depois heroína nos Thunderbolts, nunca definida além do heroísmo e da relação com o Fundador dos thunderbolts, Barão Zemo. Isso parte de um problema essencial da industria de quadrinhos, e que também afetava a questão dos homossexuais: achar que "mulher" conta como um tipo de personagem. A mentalidade - não intencionalmente - é simples: "já é uma mulher, então tenho um personagem pronto".
É como a questão dos heróis negros, extremada no Luke Cage : "ele não precisa de um tema, ele já é um negro". Isso advém de um grau internalizado de sexismo por parte de autores homens, que os leva a ver mulheres como algo a parte, externado no discurso raivoso do ilustrador Tony Harris em novembro deste ano, afirmando que mulheres não são bem vindas nas convenções, não são nerds de verdade, e que seu único interesse é "chamar a atenção de homens inseguros para se sentirem bem". Resumindo: "Vocês não são como nós, são MULHERES, não vão nos entender, só querem nos seduzir".
Uma heroína (e ex-vilã) que eu gosto muito, mas que falha espetacularmente em ter uma vida pessoal é a Soprano - como vilã, sempre definida pela relação com um vilão maior, e como anti-heroína e depois heroína nos Thunderbolts, nunca definida além do heroísmo e da relação com o Fundador dos thunderbolts, Barão Zemo. Isso parte de um problema essencial da industria de quadrinhos, e que também afetava a questão dos homossexuais: achar que "mulher" conta como um tipo de personagem. A mentalidade - não intencionalmente - é simples: "já é uma mulher, então tenho um personagem pronto".
É como a questão dos heróis negros, extremada no Luke Cage : "ele não precisa de um tema, ele já é um negro". Isso advém de um grau internalizado de sexismo por parte de autores homens, que os leva a ver mulheres como algo a parte, externado no discurso raivoso do ilustrador Tony Harris em novembro deste ano, afirmando que mulheres não são bem vindas nas convenções, não são nerds de verdade, e que seu único interesse é "chamar a atenção de homens inseguros para se sentirem bem". Resumindo: "Vocês não são como nós, são MULHERES, não vão nos entender, só querem nos seduzir".
Mulheres no refrigerador
E agora entramos no ultimo e mais violento problema, o que a escritora de quadrinhos Gail Simone chamou de "mulheres no refrigerador", a estranha tendência de personagens femininas serem mutiladas, perderem os poderes ou serem mortas como um dispositivo de trama. O apelido para esse tropo desagradável vem de uma cena infame dos quadrinhos do Lanterna Verde (ao lado), quando Kyle Rayner encontra o corpo mutilado da namorada enfiado na geladeira.
Embora heróis masculinos também sejam vítimas de violência como ferramente narrativa, como no caso do segundo Robin, Jason Todd, espancado até a morte pelo Coringa, isso não torna a situação menos desigual. Segundo o ex-editor do Comic Book Resources, John Bartol, no caso deles a tendência é retornar ao Status Quo - vide a morte e retorno de personagens como Super Homem, Bucky, Capitão América, Batman, Barry Allen (Flash II) e o próprio Jason Todd.
Enquanto esses personagens retornaram a vida, a maioria das mulheres "enfiadas no refrigerador" nunca retornam ao Status Quo. Quando Bruce Wayne ficou paraplégico, rapidamente ele encontrou maneiras de RESTAURAR UMA COLUNA QUEBRADA, mas quando Barbara Gordon esteve na mesma situação, ela só retornou a andar após o reboot do universo DC com o novo 52. Segundo Bartol, após as alterações, a maioria das personagens "nunca tem permitida, ao contrário do que ocorre com heróis masculinos, a oportunidade de retornar ao seu estado heroico original, e é aí que notamos uma diferença".
De acordo com Gail Simone, esse padrão é um dos maiores responsáveis pela falta de interesse de garotas por quadrinhos. "... a questão sempre foi: se você demolir a maioria das personagens que garotas gostam, então garotas não vão ler quadrinhos, simples assim", afirma. E não são raros os casos de "mulheres no refrigerador", sejam antigos ou recentes. Por raramente terem papéis principais, mulheres são "alvos fáceis" para gerar drama, mas nem as protagonistas escapam.
Da morte de Gwen Stacy - um ponto alto na narrativa de super-heróis, até absurdos como a gravidez acelerada via estupro incestuoso da Miss Marvel (um dos pontos mais baixos da Marvel, e que hoje é estarrecedoramente tratado como piada), as duas mortes quase simultâneas da Vespa, o período sem poderes da Mulher Maravilha e o aleijamento da Batgirl (e implícito estupro), ou a morte da Big Barda (a mulher que é mais forte que o Super-homem!) na cozinha, o problema não é nos casos isolados - mas sim no fato de serem um padrão nocivo que atinge até personagens que deveriam ser ícones de afirmação, vide a infame "tentativa de estupro" em Buffy (não um caso de quadrinhos, mas notável mesmo assim).
Embora heróis masculinos também sejam vítimas de violência como ferramente narrativa, como no caso do segundo Robin, Jason Todd, espancado até a morte pelo Coringa, isso não torna a situação menos desigual. Segundo o ex-editor do Comic Book Resources, John Bartol, no caso deles a tendência é retornar ao Status Quo - vide a morte e retorno de personagens como Super Homem, Bucky, Capitão América, Batman, Barry Allen (Flash II) e o próprio Jason Todd.
Enquanto esses personagens retornaram a vida, a maioria das mulheres "enfiadas no refrigerador" nunca retornam ao Status Quo. Quando Bruce Wayne ficou paraplégico, rapidamente ele encontrou maneiras de RESTAURAR UMA COLUNA QUEBRADA, mas quando Barbara Gordon esteve na mesma situação, ela só retornou a andar após o reboot do universo DC com o novo 52. Segundo Bartol, após as alterações, a maioria das personagens "nunca tem permitida, ao contrário do que ocorre com heróis masculinos, a oportunidade de retornar ao seu estado heroico original, e é aí que notamos uma diferença".
De acordo com Gail Simone, esse padrão é um dos maiores responsáveis pela falta de interesse de garotas por quadrinhos. "... a questão sempre foi: se você demolir a maioria das personagens que garotas gostam, então garotas não vão ler quadrinhos, simples assim", afirma. E não são raros os casos de "mulheres no refrigerador", sejam antigos ou recentes. Por raramente terem papéis principais, mulheres são "alvos fáceis" para gerar drama, mas nem as protagonistas escapam.
Vale notar como ela não teve sequer chance de se defender. |
Mas vocês não precisam acreditar na minha opinião: pesquisem, leiam e vejam por si mesmos o quão entrelaçada na industria de quadrinhos está a misoginia, lamentavelmente. Um padrão que pode - e deve - ser mudado. Não podemos e nem deveríamos tentar fazer com que HQs sejam um clube do bolinha.
*P.S.: Para quem afirma que homens também são objetificados em HQs, David Willis tem umas coisas pra te explicar...
Para quem diz que é um assunto irrelevante, e que mulheres não são o publico alvo,Willis mais uma vez - e há realmente de se questionar alguém que defende excluir 50% da população...
*P.P.P.S: Cracked.com tem mais coisas a notar
Rapaz! Muito bom o post. Embora algumas questões tenham as respostas explícitas: os comics são, essencialmente, para meninos, caucasianos e americanos, e durante décadas foram feitos sob um código de ética que, salvo sexo explícito, censurava apenas questões do bem e do mal e demais "valores americanos". Para chamar atenção, apelavam para mulheres em poses sensuais.
ResponderExcluirConcordo com o que foi exposto, PORÉM não creio que espelhar poses femininas em personagens masculinos seja lá algo válido. Por serem, justamente, mulheres, explorar a beleza e sensualidade destas personagens é uma arma muito válida.
Prefiro discursar sobre a ausência de títulos com personagens femininas nos comics. Aguém lembra algum na Marvel, por exemplo? E além da Wonder Woman há mais algum?
Agora... vamos com calma nessa fervura. Estamos nos atendo aos Comics. Não vamos esquecer que, nos Mangás, por exemplo, há vários segmentos de títulos especializados no público feminino.
Como disse, é uma questão de escolha. Creio que essa discussão começa a desejar uma solução.
Parabens pelo post!
É realmente um bom post, mas discordo de alguns vários pontos, que acho válidos, mas exagerados demais.
ResponderExcluirSe eu digo a palavra "sensualidade", você pensa num homem ou numa mulher? Se eu digo "sensualidade" a uma mulher, você acha que ela pensaria diferente? Eu acho que não. Além disso, elas são, em geral, muito mais flexíveis e ágeis do que os homens. Suas poses exibem isso, assim como as poses do homem-aranha mostram o quão invertebrado ele é.
Da mesma forma, se eu digo "força", creio que a maioria das pessoas pensaria primeiro em um homem. Os heróis masculinos estão quase sempre em uma pose orgulhosa e que exibe sua força. Contrações de bíceps, tríceps, panturrilhas e praticamente todos os outros músculos são a regra. E se você olhar algumas poses dos heróis masculinos procurando e analisando esquisitices, daria para criar o "projeto Witchblade". Poses esdrúxulas é um dos princípios do HQ, já que é uma forma muito eficaz de aumentar o dinamismo das figuras paradas. Alguns exemplos de poses para o projeto:
Wolverine com prisão de ventre: http://3.bp.blogspot.com/_geQC0BeEX_Y/TOtnw_sOEAI/AAAAAAAAARs/t2CGhiGsdKc/s1600/11.+Sess%25C3%25A3o+Ignor%25C3%25A2ncia+6.jpg
O próprio Hawkeye num "ataque de virilha":
http://images2.wikia.nocookie.net/__cb20110826054134/marveldatabase/images/thumb/f/f6/Ultimate_Comics_Hawkeye_Vol_1_1_Kubert_Variant.jpg/316px-Ultimate_Comics_Hawkeye_Vol_1_1_Kubert_Variant.jpg
Homem-aranha (if you know what I mean):
https://www.google.com.br/search?um=1&hl=pt-BR&safe=off&tbo=d&biw=1920&bih=965&tbm=isch&sa=1&q=spider-man+hq&oq=spider-man+hq&gs_l=img.3..0i33l2j0i33i24l3.58139.58368.0.58604.2.2.0.0.0.0.201.393.0j1j1.2.0...0.0...1c.1.xg8LKurG7qU
Em relação às roupas e físicos, a grande maioria dos heróis masculinos são verdadeiros fisiculturistas (alguns chegam a fazer Arnold parecer um frango depenado). As roupas? Collants, collants everywhere. Daria pra fazer um estudo da anatomia das fibras musculares em praticamente todos os heróis masculinos (sem que eles tirem seus uniformes!).
Em relação ao porquê das mulheres não curtirem muito HQs, acredito que motivos muito mais fortes do que a forma com que as personagens são representas, sejam os mesmos que levam a maioria das namoradas a fazer cara de tédio quando o cara chama ela pra assistir Mercenários (e são tantos e tão variados que daria uma tese escrever sobre isso). HQs são muito mais comparáveis a filmes de ação do que qualquer outro gênero. Não discordo que HQs são masculinizados, mas assim como qualquer outro produto ou serviço, os HQs se baseiam no que (eles acham que) o seu público alvo quer. Então à menos que alguém resolva fazer um HQ de heróis voltado para mulheres, duvido muito que essa estrutura masculinizada mude.
OBS: Masculinizados, sim, mas usar "misoginia" para este caso foi a cereja no bolo do exagero.
Me desculpe, mas esse David Willis não demonstra grande conhecimento nesses dois exemplos. Dizer que homens musculosos de Collant (isso sem falar nos altamente ricos, que também são uma forma de objetificação masculina) não são objetificações é pura ignorância. Basta uma simples procura no Google Imagens por "homem objetificado" ou "objectified man". Conte os tanquinhos ambulantes munidos de bíceps bem definidos. Magic Mike? Fraquinho o rapaz, né? Igualzinho o batman descrito pela personagem feminina do Willis. Você (ou Willis) teriam coragem de dizer que Magic Mike não é objetificado?
ResponderExcluirJá que Willis demonstrou gostar de termos técnicos, aqui um pra ele: Falsa indução. Não é porque eu prefiro a Natalie Portman, mirradinha e despeitada, do que a Pamela Anderson de biquíni, que a Pamela deixa de estar objetificada (em 90% de suas aparições em qualquer lugar).
Empirismo: Poste no seu Facebook uma foto do Chris Evans sem camisa em sua presente forma fisicultural de Capitão América e conte os "likes" femininos.
Em relação ao público alvo, novamente Willis esbanja falta de noção. 50% da população é um dos maiores públicos alvo quando se fala em quantificação de público alvo. Tente convencer um editor de Marie Claire, Contigo ou Vogue de que a revista poderia ser melhor se ele deixasse de excluir 50% da população. Em termos matemáticos, você exclui 50% do público alvo para vender 500% a mais para os 50% restantes.
Falou tudo, o grande problema eh que hoje vivemos em um mundo onde gerar polemica sobre qualquer aspecto do mundo eh muito mais estimulado do que tomar vergonha na cara ir trabalhar.
ExcluirAi gente, esses comentários... só rindo. Meninos, abram essas cabeças!!! A questão toda é que não adianta dar a desculpa de que "mulher é mais flexível" que pode dar aqueles ângulos ginecológicos. É pura e simplesmente ridículo.
ResponderExcluirOutra coisa é que é idiota afirmar HOJE, EM 2012, que quadrinhos são apenas para o público masculino. Ok, eles surgiram com esse intuito, mas já passou da hora dos executivos das grandes editoras perceberem que não é mais assim.
Eu concordo plenamente com ambas as tiras do David Willis. Batman não é objetificação, é projeção de fantasia masculina. Assim como o Conan x Red Sonja. Desculpa, a Sonja não é a minha projeção feminina, porém conheço muito marmanjo que adoraria ser como o Conan e, obviamente, "pegar" a Sonja.
Enfim, artigo excelente, Pedro. Adoro ver como, cada vez mais, os homens andam abrindo seus olhos para as questões sexistas e achando as mesmas tão ridículas.
bem, ficar resentido porque o colega mostrou argumentos e algo mais que senso comum hipster nao te levara a bons lugares.
ExcluirNão, o ressentimento vem pq homens teimam em achar super natural aquelas poses evidenciando virilhas e peitos é bem normal, natural e nada objetificador.
ExcluirMas é só comparar com a versão da Iniciatica Hawkeye, com homens...é, de fato...ridículo. Não tem outro adjetivo pra tanto exagero.
Tô pra achar uma comic q demonstre uma mulher dando um chute sem q pareça q a espinha dela se partiu em três partes para melhor evidenciamento de seios e bundas, ou um q eu não dê de cara com a virilha dela...
Sr. Pedro, vc é outro corajoso do "mundo nerd" (odeio essa expressão. Mil perdões um usá-la com você) q é consciente e pensador - denuncia mesmo a misoginia nojenta e violenta desse meio. Meus parabéns, continue assim.
É... deve ser bem idiota mesmo achar que HOJE, EM 2012, os quadrinhos do gênero proposto são para público masculino, só que não. A título de exemplo, 93% das pessoas que responderam a pesquisa do "New 52" são homens. Fonte: http://www.icv2.com/articles/news/22113.html
ExcluirNa boa, gente, vocês estão brigando com uma marca de cuecas e pedindo pra eles fazerem calcinhas. Esses HQs são feitos para homens e só vão mudar se isso for gerar um lucro maior.
Se vocês querem ler bons HQs, leiam os que não são projetados para homens. Vão atrás de V for Vendetta, Transmetropolitan e outros quadrinhos realísticos voltados para um público adulto.
Era melhor eu nem comentar pelo tremendo mau estar que sinto, mas nao posso deixar de falar da incrivel vergonha alheia que estou sentido ao ler um amontoado de exageros e distorcoes tao grande e alarmista, espero realmente que seja apenas fruto de um dia muito ruim.
ResponderExcluirSe a Barda é mais forte que o Super-homem, então, o Thor é muito mais forte que ele, porque o Thor deu um cacete na Barda.
ResponderExcluirSe a Barda é mais forte que o Super-homem, então, o Thor é muito mais forte que ele, porque o Thor deu um cacete na Barda.
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