terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Comparando: Conan (1982) X Conan (2011)

Então pessoas... este fim de semana eu finalmente assisti a recente releitura do Cimério mais famoso de todos, junto com o clássico de 1982 - sabe, aquele com o Schwarzenegger, em que ele soca um camelo? - para comparar qual dos dois é melhor como adaptação (ambos horríveis nesse aspecto) e qual é melhor como filme (de longe o do Arnold). Mas porque essa conclusão? Como diriam, vamos por partes.


Como adaptação: 


Nesse sentido, ambos os filmes sofrem - enquanto o Conan das histórias de Robert E. Howard é extremamente inteligente, com uma língua afiada e grandes conhecimentos - embora ainda guarde a selvageria de um cimério - as suas versões cinematográficas só mantem a selvageria. Certo que o Conan de 1982 supostamente é culto, embora a atuação de Arnold não demonstre isso, porém enquanto o Conan dos contos é um homem livre, o Conan do cinema é um ex-escravo (1982), ou um jovem marcado pela sede de vingança (2011). Neste sentido, os filmes são uma afronta ao personagem original, mas o filme velho merece meio ponto por pegar um pouco melhor o tom menos épico do personagem: enquanto o Conan de 82 desfaz um culto religioso, o de 2011 supostamente salvou o mundo.

Personagens:


O filme antigo trouxe um Conan caladão, e que boa parte do filme parece um tanto imbecil, mas que consegue atrair a simpatia do espectador - e isso sem dúvida tem a ver com ter um fisiculturista em seu segundo papel como ator principal, e ainda assim Arnold consegue convencer. Já o filme novo trás um Conan praticamente psicótico, e que nunca cala a boca - embora  a atuação de Jason Momoa faça ele parecer estar Grunhindo o tempo todo. Enquanto o clássico estabelece o Quem, o Que e Por Que do Conan nos primeiros 10 minutos do filme, o novo gasta 25 minutos com cenas inúteis para mostrar que nosso "herói" já era um psicopata quando criança. Em termos de protagonista, mais um ponto para o velho.


O problema da releitura é maior quando se olha o elenco secundário: enquanto no velho temos os também inexperientes Gerry Lopez como Subotai e Sandal Berghman como a estonteante Valéria, e ambos são personagens convincentes e simpáticos. Em particular, o romance entre Conan e Valeria parece crível - e a morte dela causa impacto, assim como o velório. Para fechar o rol de companheiros, temos Mako Iwamatsu - que também faz a narração - como o feiticeiro dos montes. O filme mais recente tem... Rachel Nichols como a monja Tamara, Saïd Tamaghous como o ladrão Ela-Shan, e Nonso Anonzie como o pirata Artus... E todos eles lhe levam a implorar para que calem a boca ou morram - não ajuda o fato de todos serem inúteis, particularmente, Ela-Shan, depois de dizer repetidas vezes que pode abrir qualquer fechadura, revela que só consegue isso por ter um monte de chaves - nada de arrombar as fechaduras. Não... ele abre elas com a chave. Tem uma coisa que dá um centésimo de ponto para essa atrocidade, que é atuação de Ron Perlman como o pai do Conan - e como o único personagem que notou que o filho é um monstro completo.

Vilões e Ameça:


No original temos o sacerdote Thulsa Doom - interpretado por ninguém menos do que James Earl Jones - A voz do Darth Vader. Um líder carismático, Doom visa expandir a influência do seu culto da serpente, e vendo a caracterização, é compreensível que tenha um séquito de seguidores tão imenso. Seu poder é a palavra, e o controle possivelmente hipnótico que tem sobre as pessoas. Embora a proeza de combate do Conan seja impressionante, em todas as ocasiões que ele entra sem pensar na ação, acaba se ferrando - a ponto de quase - ou literalmente - morrer depois de invadir a fortaleza de Thulsa Doom sem plano algum. Embora Thulsa Doom seja obviamente um feiticeiro, seus únicos feitos obviamente sobrenaturais são virar uma cobra (por algum motivo) e transformar cobras em flechas - ambos tematicamente apropriados.

Já no novo filme temos Khalar Zym (Stephen Lang) e sua filha Marique (Rose McGowan), em busca de uma antiga máscara Aqueroniana  e uma descendente de sangue puro, que juntos farão de Khalar um deus. Não dá para entender como Khalar tem seguidores, quando constantemente demonstra ser o arquétipo do chefe ruim - e não tem um pingo de carisma. Da mesma maneira, não dá para entender como ninguém decide enfiar uma faca nas costas da filha dele, quando a mulher é nitidamente uma psicopata pior do que o Conan. E a maldita da máscara? Não faz nada, aparentemente. Além de destruir o cenário que Lang já havia devorado, isto é.

Violência e Coreografias:



O filme clássico tem lutas sangrentas e brutais, mas com uma coreografia sóbria - e até um tanto monótona, em alguns pontos. Todas as lutas parecem bem táticas - excluindo o Conan e o Subotai contra uma cobra gigante, sem dúvidas o ponto fraco do filme em termos técnicos - e é fácil de entender porque o cimério vence. Logo no começo temos uma sequencia de lutas brutais do Conan como escravo ainda - e que não tem nada de estilosas. E embora seja um filme violento, não é aquela violência gratuita e exagerada. Temos um caso de de luta salva pelo ridículo - em um caso literal de Deus Ex Machina. Quem viu o filme sabe que cena é essa.


Enquanto o Conan velho é formidável, no novo ele é invencível. Nenhuma das lutas parece crível, com violência extrema - como crânios sendo esmagados na neve - e acrobacias ridículas, além de dois casos óbvios de cenas recicladas - o mesmo take é usado três vezes em uma sequencia só. Excluindo a imensa introdução do filme, ele só é ferido UMA vez - e através de feitiçaria. Fora isso, todo combate é vencido sem qualquer esforço -e  com violência mais do que gratuita, amputando narizes, mãos e troncos inteiros em detalhes explícitos - e com closes - enquanto o filme velho era sim violento, mas com uma certa finesse nesse sentido. Enquanto o filme clássico termina com o herói segurando a cabeça decepada do vilão - mas com um porque disso, simbolizando como Thulsa Doom é só um homem, não um deus - o novo começa com o "herói" segurando QUATRO cabeças mal arrancadas - com closes nos crânios estraçalhados - e com um olhar de "tão me encarando porque? querem terminar como eles?".

Aspectos técnicos:


O filme velho pode ser mais mal produzido tecnicamente, mas todos os cenários são reais, e o filme não abusa de efeitos especiais como uma fuga barata de ter que fazer uma cena boa. Enquanto isso, o filme novo? Cenários feitos no computador aos montes, lutas com homens de areia comendo 7 minutos de filme - e pra nada - monstros gigantes, e tudo isso para ser inacreditavelmente chato. Sim, ele é tecnicamente melhor, tanto em termos de efeitos quanto de trabalho de câmera, ou de edição - mas isso não o desculpa por ser CHATO DEMAIS.

Veredito:


Se não deu para notar: eu odiei profundamente o novo filme do Conan. Se quer ver uma história do Cimério, minha recomendação é ler um conto do Howard, seguido pelos quadrinhos da Marvel. Mas se faz questão de que seja em vídeo, Conan o Bárbaro, de 1982 é sua melhor escolha. Só assista o novo se não achar nem este, nem Conan, o Destruidor, ou o desenho Conan, o Aventureiro, ou o seriado do Conan. Diabos, até o seriado o HÉRCULES é um Conan melhor do que isso. Ao longo do filme, eu grunhi mais do que os vilões dessa joça -e  eles Grunhem o tempo todo.

Para quem acha que precisa... os trailers dos dois.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Doctor Who: Fantástico, absolutamente Fantástico.

 /Bem, creio que não seja nenhum segredo o fato de eu ser fã do seriado britânico Doctor Who. E como um bom fã, vou aproveitar para fazer um pouco de "propaganda extra", assim por dizer. Perto de completar 50 anos (!!), Doctor Who não é nenhum "peixe pequeno" da Ficção Cientifica televisiva, e é lamentável que não passe aqui no Brasil. Então só por fazer, aí vai um "artigão" sobre o bom Doutor, e suas encarnações. Allons-y!

Enquanto tantos outros seriados de FC estão cercados por uma narrativa militarista (e não se enganem: por mais que a federação de Star Trek seja pacífica, a Enterprise ainda é uma estrutura militar), Doctor Who parte por um viés raramente explorado pela FC em vídeo - na literatura é outra história -: o herói quase que puramente intelectual. Sim, temos cenas de ação, mas é raro que o Doutor escolha a violência como solução. Isso quando ele não tenta salvar o inimigo da vez - mesmo quando este não mereça piedade, caso como o do Mestre

Nada de armas ou resolver as coisas com lutas empolgantes aqui, todas as soluções do Doutor dependem do cérebro, do ambiente ao seu redor, e de uma boa dose de improviso - não que uma chave de fenda sônica não ajude 90% das vezes (e quem que olha para uma chave de fenda e pensa "isso precisa ser sônico"?). Também ajuda o fato do Doutor - embora seja um alienígena do espaço que viaja em uma cabine telefônica (longa história, para resumir, a TARDIS tem problemas no sistema de camuflagem) - ser um dos poucos personagens céticos da televisão retratado de maneira consistentemente positiva no seu ceticismo.
Sim, temos alienígenas aos montes em Doctor (todo episódio, na verdade), mas nada de espíritos, assombrações, feitiços e outros elementos sobrenaturais. Até as coisas que parecem mágicas (tipo as Carrionitas de "The Shakespeare Code) são casos da terceira lei de Clarke (qualquer tecnologia avançada o bastante é indistinguível de magia). E isso não apenas mantém a consistência da série, mas passa uma mensagem muito rara hoje em dia: a realidade é bela o bastante vista pelos olhos da ciência, sem ter que meter magia no meio "para ficar fantástico". 

E mesmo sem "magia", não são poucos os seres incríveis encontrados pelo Doutor: dos malignos Daleks e desumanos Cybermen, até a bizarra consciência Nestena, passando pelos Sontaranos e os Senhores do Tempo. Combustível de pesadelo puro nos Anjos Lamuriantes e nos Vashta Nerada, até o trash do trash com os Guerreiros do Gelo e os Raxicollafalapatorios. O Doutor já enfrentou de tudo.

São 49 anos de aventuras do Doutor, passando por até agora 11 atores, cada um com uma leitura levemente diferente do personagem - e sem que a série tivesse um "reboot" a cada novo ator. Muito pelo contrário: em uma sacada genial da BBC, quando tiveram que trocar o ator pela primeira vez, por ser um "Senhor do Tempo", o Doutor pode se regenerar, com um novo rosto, um novo ciclo de vida completo e uma personalidade levemente diferente. Junte isso a um elenco extremamente longo de companheiros, e tem material para agradar a quase todo mundo.

O primeiro Doutor: William Hartnell (1963-1966)

One day, I shall come back. Yes, I shall come back. Until then, there must be no regrets, no tears, no anxieties. Just go forward in all your beliefs and prove to me that I am not mistaken in mine
Ranzinza, excêntrico, e misterioso, o Doutor original começou como um velho rabugento com ares de intelectual. Com o tempo, foi se tornando mais amigável e mais gentil, embora como qualquer encarnação do Doutor tivesse seus momentos de fúria que ressaltavam o quão "além" da humanidade ele está. Hartnell sofria de arteoesclerose, e não consegui lembrar de muitas das falas (o que resultava em muitos "hmmmm..." e "eh"). Vendo que não conseguiria continuar no papel, pediu para ser substituído - a ideia da regeneração foi dele - e ao final de "The Tenth Planet", o Doutor "morria", aparentemente em função da idade. No seu lugar surge...


O segundo Doutor: Patrick Troughton (1966 - 1969)
There are some corners of the universe which have bred the most terrible things. Things that act against everything we believe in. They must be fought! 
Muito mais "leve", o segundo Doutor era um personagem mais bem humorado, e muito mais "rebelde" e contrário a autoridades do que o primeiro. Embora Hartnell tenha dado "vida" ao personagem, é com Troughton que o Doutor assume forma: excêntrico, distraído, vestido de maneira ridícula, sempre preparado para o que seja (graças a bolsos maiores por dentro do que por fora), Troughton codificou o que é o Doutor. Sua despedida foi mais dramática do que a de Hartnell: condenado pelos senhores do tempo por sua interferência em outros mundos, foi forçado a assumir outra identidade, e ficou ilhado na Terra sem sua Tardis por um tempo, dando lugar à...

O terceiro Doutor: John Pertwee (1970-1974)

You know, Jo, I sometimes think that military intelligence is a contradiction in terms.
Mais voltado para a ação, o terceiro Doutor trabalhou junto com a U.N.I.T (United Nations Inteligence Taskforce) no combate às ameaças extraterrestres contra a Terra. De certa maneira, a passagem de Pertwee pelo papel é um longo filme de ação, com cenas de luta marcadas pelo "Aikido Venusiano", apetrechos fantásticos, e perseguições automobilisticas com o 'Whomobile". Um verdadeiro "dândi", o Doutor de Pertwee é marcado por um figurino exótico, um apreço por bons carros, e por uma arrogância sem igual, se considerando superior a todos os membros da UNIT - talvez com razão. É com Pertwee que a chave de fenda sônica vira um instrumento comum. O terceiro caí vitima de envenenamento radioativo e dá lugar para...

O quarto Doutor: Tom Baker (1974-1981)

You may be a doctor, but I'm the Doctor. The definite article, you might say.
Sem dúvidas o mais famosos e icônico dos doutores "Clássicos", Baker manteve o papel por sete anos - mais do que qualquer outro Doutor - e de certa maneira é o Doutor "definitivo" para muitos fãs. Otimista, boêmio, e com uma mentalidade muito mais "alienígena" do que os anteriores, e uma vestimenta facilmente reconhecível, com o imenso cachecol, Baker é também o mais amigável dos Doutores clássicos.

Embora nos seus primeiros seriais fosse tão "herói de ação" quanto Pertwee, com o tempo foi se tornando mais disposto a negociar com o monstro da semana - ou oferecer uma jujuba - do que "cair na porrada". Apesar disso, foi Baker que protagonizou a maior e mais brutal cena de luta de Doctor Who, em "The Deadly Assassin".  O quarto morreu ao cair de uma torre de satélite, salvando todo o universo de ser dominado pelo Mestre, e deu espaço para...

O quinto Doutor: Peter Davison (1981 -1984)

Fifth Doctor: When was the last time you smelt a flower, watched a sunset, ate a well-prepared meal?Cyberleader: These things are irrelevant.Fifth Doctor: For some people, small, beautiful events is what life is all about!

Então o mais jovem ator a assumir o papel (aos 29 anos), título que só perdeu com a entrada de Matt Smith no papel, em 2009 (!!), o Doutor de Davison era um personagem mais vulnerável, de coração nobre e gentil, facilmente chocado pelos acontecimentos. Embora o quinto fosse o Doutor menos violento, suas histórias foram as com as maiores contagens de corpos - e foi o gentil, pacato e pacifico quinto que ficou sem fazer nada para ajudar enquanto o Mestre queimava até a morte.
Como de costume, o figurino de Davison também era marcado por esquisitices, mais do que os anteriores: isso inclui o detalhe de interrogação no colarinho, os óculos puramente estéticos, tênis junto com o que é essencialmente um traje eduardiano, e o mais bizarro: um talho de aipo preso a lapela, por algum motivo. isso foi escarnecido pelo décimo em um especial, em 2007.
Tenth Doctor: (Mocking his fifth self, to his face.) Hey! I'm the Doctor, I can save the Universe using a kettle and some string and look at me, I'm wearing a vegetable!
Novamente, o Doutor morreu vitima de envenenamento, usando a ultima dose de antidoto para salvar a então companheira, Peri, e no seu lugar tivemos que aguentar...

O sexto Doutor: Colin Baker (1984-1986)

This is a situation that requires tact and finesse. Fortunately, I am blessed with both.
O mais rejeitado dentre os Doutores - uma tentativa muito mau feita da BBC de deixar o personagem mais "sombrio" e mais "polêmico", o segundo Baker (sem parentesco com o Quarto Doutor) trouxe uma personificação instável, muitas vezes violenta, e que fazia o terceiro parecer extremamente humilde. Com o pior figurino da série (sério, ele parece um palhaço do inferno), nenhuma consideração pelos seus companheiros, métodos brutais de se livrar dos inimigos (incluindo jogar dois guardas em um tanque de ácido, e escarnecer em seguida) e um vocabulário digno de alguém que engoliu um dicionário, Colin Baker foi o primeiro - e único - Doutor a sair do papel por ser demitido pela BBC. Com uma morte indigna, deu espaço para...

O sétimo Doutor: Sylvester McCoy (1987-1989)

You can always judge a man by the quality of his enemies.
Depois de uma regeneração ingrata, basicamente "dando de cara no chão dentro da TARDIS", o sexto deu lugar ao sétimo em uma da mais patéticas cenas de regeneração da história de Doctor Who. Colin Baker se recusou a gravar a "sua" cena de morte, então o sexto foi feito de maneira pouco convincente por McCoy com uma peruca...

Dado a planos intricados, e usando do cérebro para manipular e ludibriar tanto inimigos quanto aliados, esta foi a encarnação mais intelectual - e mais insensível - do Doutor. Embora se recusasse a matar, não via problemas em traumatizar, ou em usar pessoas como ferramentas. McCoy retornou ao papel em 1996 para o filme de Doctor Who, onde é baleado no meio de uma briga de gangues, e é morto por uma médica incompetente que tenta retirar um dos seus corações, regenerando no...

O oitavo Doutor: Phil McGann (1996)

I love humans. Always seeing patterns in things that aren't there.
A versão mais breve do Doutor, protagonista de um filme para a TV que deveria ter relançado a série, sem sucesso. McGann trás um Doutor romântico, fascinado com a vida, a humanidade e o universo. McGann infelizmente não teve tempo de explorar o personagem, embora tenha retornado ao papel para algumas histórias em áudio. Depois de enfrentar o Mestre no que parecia a última vez, o Doutor ficou fora das telas até 2005, com...

O nono Doutor: Christopher Eccleston (2005)

Time travel is like visiting Paris. You can't just read the guidebook, you've gotta throw yourself in! Eat the food, use the wrong verbs, get charged double and end up kissing complete strangers - or is that just me?
As vezes cínico, marcado pela culpa, e dado a acessos de euforia, o retorno do Doutor após nove anos sem episódios novos o mostrava como o último sobrevivente da Guerra do Tempo, após a completa extinção dos Senhores do Tempo - por suas próprias mãos. Muito mais "urbano" e malandro do que seus antecessores, o Nono teve apenas uma única temporada, marcada pelo início da relação do Doutor com a jovem Rose Tyler, e a lenta revelação dos eventos horríveis por trás da Guerra do Tempo. Por vezes cruel, adorava explosões (praticamente explodindo ao menos uma coisa por episódio) e era muito seletivo com seus companheiros - o nono foi o primeiro Doutor a expulsar  alguém de dentro da TARDIS. Após absorver a radiação do vórtice do tempo, virou...

O décimo Doutor: David Tennant (2006-2010). 

You need to get yourself a better dictionary. When you do, look up "genocide". You'll find a little picture of me there, and the caption'll read "Over my dead body"!
Para os fãs "modernos", o Doutor definitivo: empolgado, eufórico e ao mesmo tempo impiedoso e misericordioso, o Doutor de Tennant abusava de referências a cultura pop, e a discursos longos - e extremamente acelerados. Embora sempre oferecesse uma chance para o vilão da vez de ir embora sem problemas, para quem recusava a oferta, reservava um destino pior  do que a morte. Foi o primeiro Doutor a se mostrar explicitamente apaixonado: embora tenha conquistado o coração de muitas mulheres, seus sentimentos eram focados apenas em Rose Tyler. Depois de perder Rose duas vezes, afastar vários outros companheiros, ganhar e perder uma filha, e apagar a mente de Donna Noble, além de causar a morte do único outro Senhor do Tempo vivo - o Mestre - o décimo se tornou um tanto suicida, e obcecado em evitar mortes a qualquer custo. Essa atitude lhe levou a se declarar acima das leis do tempo, e acima de qualquer autoridade - passando da linha. Depois de absorver uma dose imensa de radiação - e resistir a sua regeneração para se "despedir' de todos seus antigos companheiros - relutantemente regenera...

O décimo primeiro Doutor: Matt Smith (2010 - atual)

Amy Pond, there's something you better understand about me, 'cause it's important and one day your life may depend on it: I am definitely a madman with a box!
Ainda misterioso, o 11º Doutor tem um ar de "homem velho em um corpo jovem". Aos 26 anos, Matt Smith tomou o título de ator mais jovem a fazer o Doutor - e certamente, a versão mais excêntrica do personagem. Com gostos estranhos (empanados de peixe com creme de ovos?!), uma estranha obsessão por chapéus, e um grande apreço por gravatas borboleta, essa encarnação também consegue ser a mais imatura - a ponto do papel psíquico ser incapaz de virar alguma prova de que ele é um adulto responsável, pois a mentira seria grande demais. Resta agora saber até quando Smith ficará no papel - ao menos até 2013, está confirmado.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

WTF DC: Voltamos para os tempos pré-Crise das Infintas Terras?

Ok, alguém pode me explicar o que anda rolando com a DC? A ideia por traz do "Novo 52" era relançar e reinventar os velhos heróis, simplificando e podando o passado deles para que ficasse mais fácil de atrair novos leitores, certo? Então porque levaram apenas QUATRO MESES para que retomassem a continuidade de antes da Crise Final, Crise Infinita, e até de antes da Crise das Infintas Terras?

O causo: "Earth's Finest", parte da "nova leva" do Novo 52 (ou seria parte do Novo Novo 52?, e com mais uma leva, o Novo Novo Novo 52 a caminho?) se passa na Terra 2 e protagoniza a velha velha Caçadora - Helena Wayne, a filha do Batman e da Mulher Gato. Sabe, a Caçadora pré crise das infinitas terras?! (Ah, e se importa: a Terra 2 não tinha sido apagada de existência tipo, três vezes já?)


Só para resumir um pouco:  A Caçadora em publicação desde 1987 era Helena Bertenelli - a filha de um mafioso que por n motivos se tornou uma vigilante, e posteriormente membro das Aves de Rapina e da Liga da Justiça. Porém a Caçadora "original", pré-crise, era uma reciclagem de uma heroína da Era de Ouro dos quadrinhos, recriada como a filha do Batman e da Mulher Gato da Terra 2 - onde a linha do tempo da DC começou na Era de Ouro, ao contrário da Terra 1, que partia dos quadrinhos da Era de Prata.
Ok, esse tipo de clima estranho já rolava antes... mas que diabos DC?
Talvez por isso a Caçadora original fosse o caso mais extremo da "Bat-Família": Não era apenas uma personagem profundamente associada ao morcegão, mas era de fato "Família" (o que resultou em algumas cenas... estranhas em Justice Society of America - depois do 52 -  em que parece rolar um clima entre ela e o Robin - o irmão adotivo dela). Aí decidiram manter ela pós Crise das Infinitas Terras, mas sem Terra 2, tinha que reescrever tudo - e agora decidiram ligar o "foda-se" e trazer de volta a bagunça toda. Com a palavra, o autor, Paul Levitz:
We will ultimately know that she's Helena Wayne of Earth 2, but whether Bruce will know that she's Helena Wayne, or how Bruce or Selina Kyle will come to know that and react to that, we'll see. I"m still working out all the dramatic potential in it. Obviously, there's enormous pent up possibility in those moments, and you want to make all that drama work. And you don't want to do all that in issue #1, panel #1.
E para que vocês possam ter certeza de que eu não estou delirando, tá aí a explicação do roteirista - e criador da personagem - que antes dava a entender que Earth's Finest seria com a Helena Bertenelli. Sabe, eu pensei que o Novo 52 fosse para por ordem na DC, não para bagunçar tudo ainda mais... ao invés disso, voltamos a bagunça pré-crise? Ah, e a Poderosa ainda é prima do Superman, de outra realidade - problema é que toda a caracterização dela pré-reboot se baseava no fato da Terra de onde ela veio não existir mais. 
Com informações do site Comics Alliance. E frustração minha. 

domingo, 22 de janeiro de 2012

Preciso de um tripé novo...

Não se preocupem: logo logo sai uma leva grandinha de Juntas Soltas, é só eu entrar de férias. E com isso aumenta o ritmo de postagens também! Em outras notícias, alguém foi ver Tintin já?

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Hokuto no Ken: a narrativa messiânica + kung fu + guerra nuclear

A narrativa messiânica tem uma imensa influência na ficção, especialmente na ficção heróica. E porque não teria? A figura messiânica nada mais é do que a forma mais extrema do monomito, o caso mais forte da jornada do herói, e a manifestação mais forte do personagem-como-idéia, ao invés de como pessoa. E como uma forma de narrativa heróica, os quadrinhos, os desenhos de ação, e a ficção científica tem sua boa dose de "figuras-de-cristo" e outros messias.

E é uma dessas figuras claramente messiânicas que pretendo explorar hoje: o messias do mundo pós apocalíptico, Kenshiro. É, eu estou falando de um mangá... alguém tem um problema com isso? Protagonista do épico de Tetsuo Hara e Buronson (sério, BURONSON), uma boa forma de resumir o Kenshiro é "Mad Max misturado com Bruce Lee e Jesus" - ou o Jesus do Kung Fu (embora esse título seja muito mais apropriado para o Toki). E como uma obra produzida por fora da ótica religiosa (e analisada fora dessa ótica, já que eu não sou religioso, nem um pouco) pode parecer ofensiva para alguns, mas que vale muito a pena.

Além do que, para os fãs de animes de artes marciais, é o que estabeleceu o gênero inteiro... e tem uma abertura tão ruim que é boa. 


E tirando jaquetas do nada.
Ao longo dos 27 volumes de Hokuto no Ken, Kenshiro passa a maior parte do tempo vagando de uma cidade destruída a outra, ajudando pessoas necessitadas e indefesas, explodindo bandidos (é, ele é um messias violento), enquanto procura por sua amada Yuria, em um mundo destruído por uma guerra nuclear. E é claro, dando esperança aos sobreviventes desesperançados.

*Manly Tears*
Ao mesmo tempo em que é um dos protagonistas mais brutais da animação e dos quadrinhos japoneses, Kenshiro também é um dos mais caridosos e empáticos - em ponto algum é movido por ganância, ambição ou egoísmo, mas sim por não suportar o sofrimento dos inocentes. E é notório pelo número de cenas em Hokuto no Ken que envolvem Kenshiro derramando lágrimas solitárias por aqueles que morreram.

Não espere personagens profundos em Hokuto no Ken, pois salvo raras exceções, os heróis são heroicos, os vilões perversos, e as motivações simples. As poucas exceções são ou heróis relutantes, ou pessoas bem intencionadas, mas corrompidas pelo poder ou pelo meio. E isso ajuda a aceitar quando Kenshiro "parte para ignorância": não há dúvidas de que o alvo da vez estava além de qualquer perdão. Cada declaração de "Você já está morto" (melhor one liner ever, por sinal) é plenamente justificada.

Mas os paralelos com a narrativa messiânica não são só no intenso altruísmo: Kenshiro faz "milagres", curando cegos, mudos e deficientes; várias vezes se aproxima da morte para reduzir o sofrimento dos inocentes; e no caso menos sútil, mais de uma vez é literalmente crucificado  - e é assim que começa a sua jornada: preso na cruz (na cena original do mangá, é preso em um poste, mas os OVAs e relançamentos transformaram o poste em uma cruz).

Raios, o Toki até parece com algumas imagens de Cristo.
Esse tipo de personagem é na verdade um clichê universal, parte do monomito, mas no caso de Hokuto no Ken, a inspiração na narrativa cristã é declarada. E o messianismo é perceptível em outros dois personagens de Hokuto no Ken: Raoh e Toki - os irmãos de criação do Kenshiro. Enquanto Raoh incorpora o lado mais "sombrio" da narrativa messiânica - embora busque trazer ordem ao mundo, essa tentativa é através de um líder forte, um discurso único, e uma verdade suprema - Toki traz o lado mais empático e caridoso desse tipo de mito: enquanto Kenshiro se dedica a proteger os fracos, curar os doentes e derrotar os maus, Toki se foca quase completamente em reduzir o sofrimento e curar os necessitados.

E ambos morrem para salvar o mundo: Toki deixando que Raoh o mate para mostrar a Kenshiro o caminho para derrotar Haoh, a morte de Haoh é ainda mais "salvadora". Derrotado pelo irmão, emocionado em ver como Kenshiro cresceu, ergue os punhos em direção aos céus, proclama ter vivido sem um único remorso, e.. absorve toda a radiação do ambiente, virando pedra (era um mangá dos anos 80, física e lógica não existiam ainda). E este ato final ainda é marcado pelas nuvens se abrindo, expondo pela primeira vez em anos a luz direta do sol.

Bem, não tenho uma periodicidade para isso, como sempre, mas esperem ver por aqui mais artigos com analises mitológicas de narrativas de quadrinhos e TV. E para quem se interessa por Hokuto no Ken, mas não tem tempo ou paciência para ler o mangá todo (ou a primeira metade, já que pós Haoh fica um porre), a parte que importa foi resumida em Hokuto Musou/Fist of the North Star: Ken's Rage, para o PS3 e o Xbox 360.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Rob Liefeld: mais três títulos - COMO ISSO DC?!

E a DC acaba de fazer a pior coisa possível: a partir de maio, o desenhista mais odiado da indústria de quadrinhos, o lendário e infame Rob Liefeld passa a assumir TRÊS títulos do novo 52. Enquanto o merecidamente mau recebido Hawk&Dove vai pro saco (embora não fosse, como alguns comentaram, sequer perto de "a pior HQ EVER"), Liefeld passa a trabalhar em Deathstroke, com a arte E o roteiro (tomando o lugar de Joe Bennet e Kyle Higgins); Savage Hawkman, com o roteiro (antes de Tony Daniel); e The Grifter, com desenho e roteiro.

Ao contrário de muitos, eu não tenho aquele ódio visceral pelo trabalho de Liefeld - é ruim, muito ruim, mas tem muito desenhista pior por aí, alguns dos quais copiaram Rob, e outros ruins por conta própria. Gente como Frank Milkovich e o "superstar" Pat Lee, que além de ruins, conseguem ser babacas muito maiores do que o Liefeld (e que no caso do Pat Lee, ainda ferraram cavalarmente outros artistas). Ao menos Liefeld teve a decência de admitir que faz muita merda, e sejamos francos: embora ainda seja RUIM, ele tem melhorado - não o bastante, mas dá pra ver que ele tenta. Raios, os personagens dele até começaram a ter OLHOS e pés que não são diamantes!



Ainda parece um babaca, no entanto...
E como feito pelo site Comics Alliance, faço questão de publicar o release de imprensa da DC por completo, com as anotações em negrito feitas pelo colunista Andy Khouri - e se preparem, porque é de ficar estarrecido...




This May, writer/artist Rob Liefeld will take on an expanded role in DC COMICS-THE NEW 52. He will be joining three titles – DEATHSTROKE, GRIFTER and THE SAVAGE HAWKMAN – beginning with their ninth issues.
One of the key artists who helped to the define a generation of comic books, Liefeld is perhaps best known for helping to found Image Comics – along with Jim Lee, Todd McFarlane, Erik Larsen, Whilce Portacio, Jim Valentino and Marc Silvestri. Most recently, he was the writer and artist for HAWK AND DOVE in DC COMICS-THE NEW 52.
"It's great to have Rob contributing to DC COMICS-THE NEW 52 in such a major way," said Eddie Berganza, DC Entertainment Executive Editor. "Rob's always been seen as edgy, both within the comic book industry and by his fans. That's a great vibe to bring to these particular books. We really want to push boundaries, and Rob's the guy to do it."
Liefeld will be writing and illustrating DEATHSTROKE, a perfect pairing of the edgy industry bad boy and the baddest bounty hunter on Earth. Raising the ante on the action for Slade Wilson, Liefeld kicks off his run in issue 9 by pitting Wilson against fan-favorite mercenary Lobo – who will be making his first appearance in DC COMICS-THE NEW 52. But Lobo is just the beginning, and Liefeld shared some of his plans for the series.
"Deathstroke is tasked with the greatest challenge of his life, taking on the most dangerous prey in the galaxy...LOBO!" said Liefeld. "The galactic criminal has escaped from his terrestrial prison where he has been housed for years. He is free and ready to settle the score! And what is the secret of the OMEGAs and what role will they play in the deadly showdown?"
Liefeld will be plotting THE SAVAGE HAWKMAN, catapulting the story into the intergalactic arena and pitting the Thanagarian warrior against alien foes in extreme gladiatorial combat. HAWKMAN fans can look forward to a cosmic mystery with plenty of action. Liefeld shared a hint of what's to come.
"He wields the powerful Nth metal and, as Carter Hall is about to find out, it is a weapon coveted by the deadliest players in a game that plays across the ages," said Liefeld. "New enemies and allies emerge as Carter Hall travels across the globe in pursuit of the answers to his heritage and the Thanagarian connection."
Liefeld will also be plotting GRIFTER. He shared his plans to tighten the screws on Cole Cash, expanding on the cosmic consequences of his battle against the Daemonites. Liefeld even hinted at the possible inclusion of a fan-favorite WildStorm character, newly re-imagined and re-introduced as part of DC COMICS-THE NEW 52.
"Grifter has been targeted for extermination! The time is now for Grifter to embrace his destiny and lead the insurgence against the impending Daemonite threat," said Liefeld. "He has spent his life running from his true destiny, but he must embrace his role in the coming conflict or worlds will fall. Familiar faces emerge warning Grifter that nothing can prepare him for what is coming. His true destiny is revealed and a reluctant hero emerges to lead a strike force of human allies that will deliver the ultimate DEATHBLOW to the impending invasion."
Liefeld will be joining DEATHSTROKE, GRIFTER and THE SAVAGE HAWKMAN with their ninth issues is May, but we've got a first look at the cover to DEATHSTROKE #9 right here on THE SOURCE.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Coisas que não são anime: Ben 10

Bem, aqui começa mais uma série de artigos sem qualquer periodicidade, como "substitutos ruins" e "ideias idiotas (que deram certo)". Como todo mundo já deve ter notado, tem certos desenhos que otakus insistem em dizer que são animes - e o pessoal que odeia anime insiste em denegrir por "imitar anime", isso quando os otakus não fazem o mesmo. Não são raros os exemplos disso, indo desde verdadeiros clássicos da animação televisiva, como Transformers, M.A.S.K e - PASMÉM - G.I. Joe, até várias produções recentes, como Avatar: A Lenda de Aang, Teen Titans e o caso de hoje: Ben 10.



Sim, olhando "por cima", a estética de Ben 10 até parece tirada de animes antigos: não é precisamente uma coincidência que causa isso. Mas também não é uma tentativa de "copiar anime" que leva a essa similaridade. O que ocorre é que tanto Ben 10 quanto a "era de prata" da animação japonesa (por volta dos anos 70 e 80) bebem da mesma fonte: Jack Kirby.

Isso é perceptível antes de tudo - no nível mais na cara - no uso intenso de "Kirby Dots" em Ben 10: no fundo de todas as transformações, no título, nas sequências feitas em imagens estáticas (e que remetem aos velhos desenhos da Marvel, que eram desenhados pelo Kirby - e eram feitos com recortes dos quadrinhos, muitas vezes).

O próprio traço de Ben 10 tem muitíssimo mais a ver com o do Kirby (embora mais estilizado e menos "quadrado") do que com anime: a única coisa "anime" que há no traço são os olhos de alguns personagens, mas isso é um elemento que já dava as caras na era de prata dos quadrinhos - e que a animação japonesa tirou do Tezuka, que por sua vez tirou da Disney.

Mas também é uma influência notável no roteiro de Ben 10: a temática espacial, o jovem "inocente" que tem em mãos por acidente um artefato alienígena, o "homem comum" que se torna um herói temporariamente: todos temas bem comuns no trabalho de Kirby, e que seguem em Ben 10 todo o padrão do "Rei". O mesmo vale para a abundância de alienígenas em Ben 10, com designs bem inspirados nos vários extraterrestres das histórias do rei - e com tantas piadas toscas por trás do nome quanto nos quadrinhos Kirbyanos.

Se há algo com que Ben 10 mereça ser comparado, não é com a animação japonesa - da qual bebe da mesma fonte primordial - mas com os inúmeros desenhos e quadrinhos "menores" de Jack Kirby, como Thundarr, Os Eternos, O Povo da Eternidade, O Homem Máquina e Capitão Vitória e os Patrulheiros Galáticos. E acima de todos estes, Disque H para Herói, do qual Ben 10 praticamente é uma versão mais moderna - enquanto Ben tem um "relógio" que lhe transforma em vários heróis diferentes, sem muito controle, os vários protagonistas de Disque H tem o disco - que lhes dá várias formas diferentes, sem muito controle. A equipe por traz de Ben 10 - a Man of Action - nunca escondeu a influência de Kirby na série, ou no seu "sucessor espiritual", Generator Rex - e declaradamente visava recriar o estilo e o charme dos quadrinhos clássicos do "rei". Pena que as continuações foram tão fracas neste sentido. Então por favor, não chamem Ben 10 de imitação de anime, pois não é o caso.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

"Porque sabe, é anime" e outras histórias

Só uma divulgação de vídeos aqui, o painel dos dubladores na Metrocon 2011, uma das principais convenções de quadrinhos, animação e mangá da Florida. A gravação é do excelente vlogger Tyler James Siloski, vulog TJ Omega, das séries de vídeos PlasticAddict, TJTV e Rushed Reviews (e tá na hora de fazer mais, TJ...).

Especialmente digno de atenção é o segundo vídeo, com  experiência mais perturbadora da carreira de Crispin Freeman (porque sabe, é anime é uma ótima maneira de justificar bizarrices), e a reação do simplesmente genial Scott McNeil ao saber do impacto da cena de morte do Dinobot em Beast Wars. Os vídeos estão após o corte, e vale apena se inscrever no canal do TJ, e no blog - ambos tem vídeos muito bons, e muito engraçados - alguns apenas no blog, outros só no youtube.


Novo 52: caem seis, entram seis

 Bem, demorou menos do que eu esperava: a DC Comics anunciou esta semana a primeira leva de cancelamentos do "Novo 52", com seis títulos que vão pro saco - e outros seis que surgem para tomar o lugar deles. Static Shock, Blackhawks, Hawk and Dove, Men of War, Mister Terrific e O.M.A.C foram todos cancelados, e encerram suas histórias em abril, em sua oitava edição.


Com o cancelamento de Static Shock, Mister Terrific e O.M.A.C. (todos os três títulos muito bem recebidos pela crítica), o já extremamente reduzido número de minorias nas HQs da DC cai ainda mais, com a perda de dois heróis negros, e o indígena Kevin Kho (O.M.A.C.). Este último também se destacava pelo estilo old-school, remetendo ao velho dinamismo e colorido dos quadrinhos de Jack Kirby - e não à toa, vendo que o OMAC original era um personagem do Kirby.

No lugar desses seis títulos entram World's Finest (Por George Perez e Kevin McGuire); Dial H (do escritor de fantasia/horror China Miéville e o desenhista Mateus Santoluloco); G.I. Combat (J.T Krull e Ariel Olivetti); The Ravagers, um spin-off do Superboy (por Ian Churchill e Howard Mackie); Earth 2 (James Robinson e Nicola Scott); e o aguardado retorno de Batman Incorporated (do lendário Grant Morrison e Chris Burnham).

Com a exceção de Dial H, todos os títulos estão sob responsabilidade de roteiristas já consagrados na indústria de quadrinhos. Resta esperar para ver se China Miéville vai conseguir renovar o velho Disque H para Herói, e aproveitar bem o conceito de um cidadão comum que temporariamente se torna um ser superpoderoso.

O outro grande destaque é G.I Combat, que toma o lugar do também "militar" Men of War - e que deve servir de "casa" para todas as histórias de guerra da DC, desde tramas "sérias" como Ás Inimigo e o Soldado Desconhecido, até bizarrices como o Robô Recruta e o Tanque Mal Assombrado. É ver para crer, acho...

Com informações do site Comics Alliance

Groo Vs. Conan chega em abril

Após cinco anos de espera - o "projeto" foi mencionado a primeira vez na WonderCon de 2007 - os dois bárbaros mais famosos da indústria de quadrinhos finalmente se encontrarão cara-à-cara em abril: a Dark Horse finalmente deu uma data para o lançamento da minissérie Groo vs. Conan, com arte de Thomas Yates (Conan) e Sérgio Aragonés (Groo).

Ano passado o criador do bárbaro apatetado Groo já havia dado algumas pistas da trama (bizarríssima): Nela, Aragonés é golpeado na cabeça enquanto tenta impedir a demolição de uma loja de quadrinhos, o que leva ao estranho crossover na mente do autor. Enquanto Yates providencia a arte para o cimério, e Aragonés cuida tanto do artwork do Groo, quanto da mescla entre os dois cenários, o roteiro conta também com Mark Evanier e Tom Luth. Vale uma olhada, no mínimo.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Seriado de Star Wars ainda a caminho...

Antes prometido para 2010, aí para 2011, e agora sem data para sair, a série de TV de Star Wars ainda pode acontecer - e já tem um título provisório: UNDERWORLD, divulgado pelo produtor da série, Rick McCallum, na semana passada. O título já havia sido utilizado pela editora Dark Horse, em uma série sobre Han Solo, Lando Calrissian e Bobba Fett, mas não se sabe se os três estarão no seriado, que se passa nos 20 anos entre "A Vingança dos Sith" e "Uma Nova Esperança".

Para ser franco, enquanto o fanboy em mim está ansioso pelo maldito do seriado - que já tem especulações em cima de especulações desde 2007! - outra parte de mim diz que isso é só mais uma peça para bagunçar o já incompreensível canon de Star Wars. Ao contrário de muitos "fãs", eu gosto de grande parte do universo expandido, e sim, eu gostei dos prequels (tirando "A Ameaça Fantasma", eita filme chato). Mas ainda assim, começo a achar que Star Wars precisa antes de qualquer coisa de uma séria faxina na continuidade, que já está inchada demais, antes de ganhar mais partes. Que a Força esteja com os produtores, e não façam nhaca, porque de histórias ruins, Star Wars está cheio...

com informações da Confraria de Arton.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

AXE planeja HQ - e parece horrível

Pois então: todo mundo conhece a estratégia por traz dos comerciais do desodorante AXE, certo? Sempre passando a ideia de que qualquer mané, usando AXE, vai instantaneamente virar um imã de mulheres - nada melhor exemplificado do que pelo bizarro e mal aproveitado desenho "Citiy Hunters".

Bem, conforme estarreceu Chris Sims, do Site Comics Alliance, parece que agora eles voltaram os olhos para o público nerd, com a mais nova campanha definitivamente insana - AXE Anarchy, uma Graphic Novel escrita com base em sugestões dos consumidores, e a ambiciosa ideia de ser a primeira HQ escrita em "tempo real" (seja lá o que isso significa em termos de quadrinhos).

Sério, o que raios é um quadrinho em tempo real? É algo que vai sendo desenhado na sua frente conforme você lê? Algo que vai sendo atualizado aos poucos? Por que sério, todo quadrinho, por ser uma mídia que depende de ilustração, texto, e a combinação dos dois, depende automaticamente de edição. Tenho certeza de que em algum lugar alguém fez uma HQ fora do tempo, que chegava "em andamento" ao leitor, mas isso já é loucura... (nota: isso pode ter sido um sonho).


E como não poderia deixar de ser em qualquer coisa da publicidade do AXE, temos uma "boa" dose de sexismo partindo já da proposta: a "trama" trata de um trio de policiais gostosonas que "não seguem as regras" - e em tramas inspiradas pelos leitores! Eu já posso ver onde isso vai parar... Ah, e visualmente: LENS FLARE, LENS FLARE PARA TODOS OS LADOS, junto com todos os filtros que uma fonte do Blambot pode usar! Ah, e é claro: PEITOS.


Ou já começou a parar, a julgar pelas sugestões dadas no preview da ideia de jerico... Mas bem, se você achou que isso tudo parece uma boa ideia, melhor ficar de olho no canal do Youtube do AXE (Pois aparentemente, por quadrinho, eles querem dizer 'vídeo') e esperar pra ver no que dá.

Lembrando que a mesma propaganda gerou ISSO.

Mais arte dos Vingadores: Quinjet no cinema?

Segundo o site SpiderMedia, a imagem ao lado é a primeira arte conceitual dos Quinjets para o filme dos Vingadores. O design parece bem inspirado nos quadrinhos - com a coloração metálica básica, e as turbinas de decolagem vertical - e pode parecer um tanto sem graça perto de suas encarnações mais coloridas em anos recentes (como em SuperHero Squad e o desenho dos Vingadores).

Porém é bom ver que o velho jato dos Vingadores deve dar as caras nos cinemas, preferencialmente com o mesmo respeito que o Pássaro Negro teve nos filmes dos X-Men. Além do que, não é exatamente ruim que o equipamento da versão cinematográfica da S.H.I.E.L.D seja mais sóbrio. Nada contra os carros voadores e outras bugigangas espalhafatosas dos quadrinhos, mas até agora, os filmes não deram brecha para isso, não acham?

Morre Richard Alf

Definitivamente, o tempo não está bom para os veteranos nerds: neste domingo, faleceu o co-fundador da San Diego Comic Con, Richard Alf, aos 59 anos. Alf foi um dos primeiros voluntários da principal convenção de quadrinhos dos EUA - e praticamente financiou sozinho as primeiras três edições.

Alf também foi o fundador da Kingdom Comics, famosa loja de quadrinhos de San Diego. Junta-se ao rol de grandes artistas, idealizadores e ativistas do público nerd que se foram recentemente, e fará falta. Vítima de câncer pancreático - diagnosticado apenas no final do mês passado - Alf decaiu rapidamente em saúde, não tendo tempo, ou chance, de tratamento.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Quadrinhos indie e gratuitos!

Para quem gosta de quadrinhos indie, quer mais facilidade de acesso, e não quer pagar os preços muitas vezes abusivos que saem nas raras ocasiões em que são publicados por aqui, vai uma boa dica: o site ElectroComics traz as obras de vários expoentes dos quadrinhos contemporâneos completas em pdf - e de graça.

São autores como Anne Makarov, Andrea Brunno e Borretch - fora do mainstream da nona arte, e completamente diferentes do costumeiro. Vale uma boa olhada, no mínimo.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Matando personagens...

A decisão narrativa de matar um personagem é sempre uma questão complexa, e como todo bom leitor já deve ter notado, nem sempre é feita da maneira certa: não são raras as mortes na ficção que ocorrem sem causar nenhum impacto, quase que completos non sequiturs narrativos - enquanto outras causam revolta pelo quão súbitas e impactantes acabam sendo.

A morte é uma ferramente dramática muito forte, uma das únicas certezas da vida, e uma questão lastimavelmente mal aproveitada nas histórias em quadrinhos - onde ninguém fica morto, exceto os pais do Batman e o tio Ben - e ainda menos em animação, onde o que é basicamente censura impede que qualquer um morra (embora tenha numerosos casos de "morto por outro nome", como petrificado, trancado em outra dimensão, em coma eterno, etc).

MORTE COMO DRAMA


Talvez a forma mais comum de se matar um personagem seja para gerar mais tensão e mais drama dentro do universo ficcional - Talvez os melhores exemplos sejam as múltiplas "mortes via história de origem", aqueles personagens conhecidos apenas em flashbacks, e que são mortos para definir o "porque" de outros. Gente como o Tio Ben - cuja morte motiva o Homem-Aranha -, Thomas e Martha Wayne, os pais do Batman, e o cientista Ho Yinsen, que motivou Tony Stark a virar o Homem de Ferro.

Porém não é apenas parar começar uma história que essas mortes dramáticas - e em geral mais aprofundadas - servem. Duas das mais belas e bem escritas cenas de morte das HQs estão em "Crise das Infinitas Terras": A morte de Kara Zor El, a Supergirl da Era de Prata, e a morte do segundo Flash, Barry Allen. Em ambos os casos, são personagens que dão tudo o de si para tentar salvar o mundo - Supergirl basicamente espancando o Anti-Monitor (e sendo a primeira a conseguir ferir o vilão) e o Flash sendo consumido por sua própria velocidade para destruir a bomba de anti-matéria do Anti-Monitor.


Outra cena de morte que cabe completamente como puro drama foi a morte da Tia May, no inicio dos anos 90, antes do fiasco da saga do clone: os últimos momentos da mulher que era muito mais uma mãe para Peter Parker, morrendo tranquilamente em seus braços, a aceitação da finitude da vida, o choro sincero  - tudo uma cena belíssima e bem escrita - e arruinada pelos editores: não bastasse a revelação estapafúrdia de que quem morreu era uma ATRIZ, ainda houve posteriormente o fiasco de "One More Day", onde ao contrário do que houve nos anos 90, Parker é completamente incapaz de aceitar (apesar dos pedidos de TODA a comunidade heroica, e da própria Tia May) que a hora dela chegou - e estraga toda a continuidade para evitar isso. O Aranha é um dos personagens com mais mortes desse tipo - todos devem lembrar da morte de Gwen Stacy, uma das maiores reviravoltas da industria de quadrinhos, certo?

Eu chorei ao ler isso, e depois a Marvel me enfureceu.

MORTE COMO CHOQUE


Outras vezes, a morte de um personagem vêm como uma forma de provocar choque tanto nos leitores quanto nos personagens - são aquelas mortes completamente inesperadas, e que muitas vezes parecem a primeira vista mal escritas. Essas vão desde afirmações políticas, como o assassinato do Capitão América no final da Guerra Civil (como uma metáfora nada sutil para a morte dos ideais americanos) até um lembrete de que qualquer um pode morrer - e as vezes não há nada que possa ser feito.
O sonho está morto.

Um ótimo exemplo é o episódio "O Corpo", de "Buffy, a Caça Vampiros": após lidar como um tumor no cérebro durante boa parte da 5ª temporada, a mãe da Buffy parece estar se recuperando bem - e aí ela simplesmente morre, vítima de um aneurisma. É completamente súbito e inesperado, e uma série onde a solução sempre era "encontre o monstro, bata nele", e onde personagens menores morriam TODOS os episódios, essa uma morte é extremamente impactante. Não é uma situação onde se pudesse fazer qualquer coisa, e não é um personagem desconhecido: Joyce era uma presença constante desde o primeiro episódio. E a sua morte gerou dois dos melhores diálogos da série como um todo.

"Mas eu não entendo! Eu não entendo como isso acontece. Como se passa por isso. Eu quero dizer, eu conhecia ela, e e aí ela é, só tem um corpo, e eu não entendo por que ela não pode simplesmente entrar de volta nele e não estar mais morta. É estúpido. É mortal e estúpido, e, o Xander está chorando e não está falando, e eu estava tomando ponche de frutas, e aí eu pensei, a Joyce nunca mais vai tomar ponche de frutas, e ela nunca mais vai comer ovos, ou bocejar, ou escovar o cabelo, nunca mais, e ninguém em explica porque!"

E

"Buffy - Dawn... eu estive... trabalhando. Eu estou ocupada por que eu preciso..." 
 "Dawn - Não, você está me evitando"
  "Eu não estou! Eu tenho que fazer essas coisas, por que quando eu paro... aí ela realmente se foi. E eu estou tentando, Dawn, eu realmente estou tentando cuidar das coisas. Mas eu nem sei o que eu estou fazendo! A mamãe sempre sabia. 
 "Ninguém lhe pediu para ser ela!"
 "E quem vai ser se eu não for?! Huh, Dawn, você pensou nisso? Quem vai fazer as coisas ficarem melhores? Quem vai cuidar da gente?" 
Um outro bom exemplo de morte como choque - embora uma que tenha sido desfeita pouco depois - é a morte do Mestre no final da terceira série de Doctor Who: embora pudesse, como qualquer Senhor do Tempo, regenerar, o Mestre escolhe morrer, ao invés de passar a eternidade junto com o Doutor - novamente condenando o Doutor a solidão, e eliminando a sua única esperança de não estar só no universo. Além de ferramenta dramática, dá um "soco" na cara do Doutor e dos espectadores, que não esperavam que fosse possível um Senhor do Tempo morrer tão facilmente.




MORTE COMERCIAL


E algumas vezes, a morte é só uma maneira de se vender mais quadrinhos... Quer exemplo melhor do que a morte do Super-Homem? Anunciado como O grande evento dos quadrinhos, "Death of Superman" no final das contas não passou de uma manobra publicitária (e que deveria ter sido vista a quilômetros de distância, afinal, quando que a DC mataria seu maior personagem?), para tentar vender quatro personagens novos (e horríveis). E a DC repetiu a dose com Batman R.I.P., que parecia uma trama boa, e parecia algo sério, com um novo Batman que fazia sentido - o Asa Noturna, Dick Grayson - mas no fim das contas foi só uma jogada para vender mais bat-títulos.

Esses babacas - e teve mais um.


Mas isso não ganha do massacre que foi "Transformers: The Motion Picture", que matou TODO o elenco original, com algumas pequenas exceções, para dar lugar a novos personagens - e novos brinquedos. O mesmo aconteceu na continuidade japonesa com "The Headmasters", que teve ainda menos dignidade ao eliminar o elenco antigo. Ou o "mega-evento" da Marvel, Massacre, que também matou TODO MUNDO, para abrir espaço para reboots - apagados no ano seguinte...




MORTES MAL APROVEITADAS/MATEM A LISTA C


Ele morreu? Mas eu nem sabia quem ele era!
E quando se quer gerar drama falso, sempre se tem aqueles personagens que ninguém liga. Matem alguns personagens, finjam que a coisa tá séria, só não matem ninguém importante: essa parece ser a norma por trás da maioria das mortes nas HQs e das que ocorrem na animação, enquanto em séries de TV as mortes costumam ser de personagens da semana. "Guerra Civil" tem 'bons' exemplos disso: embora o evento tenha matado vários supers com nome, e detido mais outros tantos, os únicos mortos "relevantes" foram o Capitão América e... O Capitão América. O resto dos falecidos foram da lista C para baixo, com "ilustres desconhecidos" como Trovoada, Homem de Cobalto, Escaravelho Dourado, Golias Negro (a única morte de impacto), Radical, e Alfabeto... Alguém liga para esses caras? Eu nem sei quem são 99% deles! Truque barato para atrair simpatia do público, e que raramente funciona.

NOT REALLY DEAD


E aí temos os casos em que um personagem não está morto, mas o efeito é essencialmente o mesmo: ele é retirado da história de forma permanente, ou quase permanente. Isso vai desde os inúmeros personagens "congelados" ou "petrificados" em quadrinhos e em desenhos animados, como forma de escapar dos limites da censura, até casos onde o não ter morrido serve para aumentar o drama.

Doctor Who traz um exemplo constante disso, nas regenerações do Doutor: embora o Doutor "ainda viva", o que ocorre na prática é que ele morre, e outro cara toma o seu lugar. Mas a série traz outros dois casos onde o não morrer é drama intencional: Rose Tyler, presa em outra realidade, longe do Doutor - que sabe que ela vive, mas nunca mais poderá vê-la (embora ela retorne na quarta temporada, apenas para ser isolada outra vez), e Donna Noble, que teve tudo o que ela passou junto com o Doutor apagado de sua mente, para salvar sua vida, mas na prática a Donna que acompanhou o Doutor está morta, e o que ficou é a Donna pré Doutor: mesquinha, fofoqueira e fútil.


Outro caso é a versão de Transformers Animated da Arcee - e que é um caso de morte por história de origem: mentalmente destruída pelo que passou nas mãos dos decepticons durante a grande guerra, quando é vista no presente, está trancada em um estado de fuga, do qual nunca sai. Todo o shipping entre ela e o Ratchet se torna ainda pior quando se nota isso - e que o pobre Ratchet sabe que ela nunca vai se recuperar. Não é a toa que ele é tão amargo - ou que ele dê tanto valor ao Omega Supreme, a única coisa que "sobrou" da Arcee - apenas para perder o Omega duas vezes.